Nos últimos dias, um novo golpe digital começou a se espalhar rapidamente pelas redes sociais, especialmente no WhatsApp, TikTok e Instagram, envolvendo o nome do Nubank — uma das instituições financeiras digitais mais populares do país.
Vídeos que simulam reportagens jornalísticas e pronunciamentos políticos estão sendo utilizados para afirmar que o banco estaria pagando indenizações a seus clientes, em valores que variam de um a dez salários mínimos.
A suposta indenização, segundo os vídeos falsos, teria sido ordenada pela Justiça para beneficiar mais de 100 milhões de brasileiros. No entanto, a realidade é bem diferente: tudo não passa de uma fraude elaborada com o uso de inteligência artificial (IA) e manipulação digital.
Nubank nega qualquer pagamento de indenizações e emite alerta oficial
Diante da circulação massiva das postagens, o próprio Nubank se manifestou por meio de suas redes sociais e do blog oficial da empresa. A fintech negou categoricamente estar realizando qualquer tipo de pagamento indenizatório a seus clientes.
Segundo o comunicado, não há nenhum processo judicial envolvendo indenizações em massa e nenhuma ordem da Justiça para repasses financeiros aos usuários da plataforma.
Além disso, o Nubank reforçou que os vídeos, imagens e sites que promovem a falsa campanha são parte de uma tentativa de golpe sofisticada, com o objetivo de roubar dados pessoais dos usuários e aplicar fraudes financeiras.
A instituição orienta seus clientes a não fornecerem dados como CPF, senhas ou códigos enviados por SMS em sites ou páginas que não sejam oficiais.
Golpistas usam inteligência artificial para criar vídeos falsos e manipular a opinião pública
Um dos aspectos mais preocupantes desse novo golpe é o uso avançado de inteligência artificial para a produção de conteúdo falso.
Ferramentas como a Hive Moderation — especializada na detecção de deepfakes — identificaram que 99% do áudio de um dos vídeos virais sobre o Nubank foi gerado por IA. Isso significa que vozes de apresentadores e repórteres foram artificialmente recriadas para parecerem autênticas.
Em outro exemplo, a análise da Hive Moderation apontou 99,7% de probabilidade de manipulação em um vídeo que simulava uma reportagem de televisão, envolvendo imagens de diferentes emissoras.
A produção falsa combinava elementos de canais como Globo e Record, com cortes precisos, legendas realistas e até mesmo vinhetas de programas conhecidos, o que aumentava a sensação de legitimidade do conteúdo.
Exemplo de manipulação: vídeo usa apresentadora da Globo com repórter da Record
Entre os vídeos analisados, um chamou a atenção dos especialistas por misturar imagens de uma apresentadora da Rede Globo e uma repórter da TV Record, como se estivessem noticiando juntas uma suposta decisão judicial contra o Nubank.
O conteúdo dava a entender que a Justiça havia determinado indenizações a clientes insatisfeitos, com base em processos coletivos — algo completamente inverídico.
Essa combinação de imagens de diferentes fontes midiáticas é um indicativo clássico de manipulação. A intenção dos golpistas é aproveitar a credibilidade de veículos de comunicação tradicionais para validar uma narrativa fraudulenta, levando o espectador a acreditar que se trata de uma reportagem real.
Sites falsos imitam o layout do Nubank e pedem dados pessoais
A fraude não se limita aos vídeos. Após capturar a atenção das vítimas com as postagens, os golpistas direcionam os usuários a sites falsos que simulam a identidade visual do Nubank. Nessas páginas, geralmente hospedadas em domínios suspeitos, é solicitado o CPF do usuário para “verificar se há indenização disponível”.
Em seguida, os sites informam falsamente que o cliente tem direito a receber um valor — por exemplo, R$ 7.590 — e que para liberar o pagamento é necessário quitar uma suposta “taxa de imposto de recebimento”, normalmente entre R$ 50 e R$ 200.
O objetivo final é aplicar um golpe financeiro, somado ao roubo de informações sensíveis como CPF, nome completo, data de nascimento e até dados bancários.
Como identificar vídeos falsos e manipulações digitais?
Apesar da sofisticação de algumas fraudes, há sinais que podem ajudar o usuário comum a identificar vídeos manipulados ou sites falsos. Veja os principais:
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Fontes conflitantes: mistura de imagens de diferentes emissoras ou personalidades que não atuam juntas.
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Erros de edição: falhas de sincronização labial, vozes artificiais ou transições estranhas entre trechos.
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Endereços suspeitos: sites com domínios pouco confiáveis, como “.xyz”, “.top”, “.click”, ou nomes que simulam o Nubank, mas com erros de digitação.
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Promessas exageradas: valores altos oferecidos como “indenização” ou “pagamento urgente” sem base legal.
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Pedidos de pagamento antecipado: exigência de taxas ou depósitos para liberação de um suposto benefício.
O que fazer se você recebeu ou compartilhou esse tipo de conteúdo?
Caso você tenha recebido algum vídeo ou link com essas características, é importante não clicar nos links, não fornecer informações pessoais e, se possível, denunciar o conteúdo à plataforma onde foi veiculado (Instagram, TikTok, YouTube ou WhatsApp). Compartilhar essas informações, mesmo que por boa fé, ajuda a espalhar golpes e prejudicar outras pessoas.
Se você chegou a informar dados pessoais, recomenda-se que entre em contato com o Nubank imediatamente, pelo aplicativo oficial ou pelos canais de atendimento, e registre um boletim de ocorrência. Também é importante monitorar sua movimentação bancária e crédito para identificar atividades suspeitas.
Posicionamento oficial do Nubank sobre o golpe
No blog da empresa, o Nubank publicou um artigo detalhado sobre as postagens falsas que estão circulando. A fintech destaca:
“Essas mensagens não são verdadeiras e representam um risco à segurança digital dos nossos clientes. O Nubank não está realizando nenhuma campanha de indenização por decisão judicial ou qualquer outro motivo.”
A empresa ainda orienta que, em caso de dúvida, os clientes utilizem exclusivamente os canais oficiais:
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Aplicativo Nubank
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Site oficial: www.nubank.com.br
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Redes sociais verificadas (Instagram, Twitter, Facebook)
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Central de Atendimento: 0800 608 6236 (24 horas, ligação gratuita)