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Seguro prestamista: entenda como funciona essa proteção pouco conhecida que pode quitar suas dívidas

Você já ouviu falar em seguro prestamista? Se a resposta for “não”, saiba que não está sozinho. Mesmo sendo um dos seguros mais contratados no Brasil, a maioria das pessoas só descobre que ele existe quando acontece um imprevisto ou quando o gerente do banco oferece junto com um empréstimo.

De forma simples, o seguro prestamista é uma proteção que serve para pagar dívidas em caso de morte, invalidez, desemprego ou perda de renda do contratante. Ele quita (ou ajuda a quitar) parcelas de financiamentos, empréstimos pessoais, cartões de crédito e até crediários de lojas.

Segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep), esse tipo de seguro faz parte do grupo de “seguros de pessoas”, ou seja, está ligado diretamente à vida financeira do consumidor.

Em outras palavras: o seguro prestamista funciona como um “coringa” que entra em ação quando o contratante não consegue mais arcar com as parcelas.

Por que os bancos oferecem esse seguro?

Os bancos e financeiras oferecem o seguro prestamista por dois motivos bem claros:

  1. Proteção para o cliente e sua família. Se o titular falece ou perde a renda, os herdeiros não ficam sobrecarregados com dívidas.

  2. Segurança para a instituição financeira. O banco garante que o valor emprestado será pago, mesmo diante de imprevistos.

De acordo com dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), a contratação desse seguro cresceu nos últimos anos, principalmente porque muitos consumidores passaram a fazer financiamentos de longo prazo, como carros e imóveis.

Como funciona na prática?

Imagine a seguinte situação: João pegou um empréstimo de R$ 20 mil em um banco para quitar dívidas do cartão. No contrato, ele aceitou incluir o seguro prestamista.

Se João perder o emprego, o seguro pode assumir o pagamento de algumas parcelas (geralmente de 3 a 6 meses). Caso João venha a falecer, a seguradora quita o saldo devedor, aliviando a família de uma grande dor de cabeça financeira.

Ou seja, o seguro presta o papel de “fiador invisível”, que só aparece quando a vida dá aquela rasteira.

O que o seguro prestamista cobre?

Segundo a Susep e o Procon-SP, a cobertura pode variar de acordo com o contrato, mas em geral, o seguro cobre:

  • Morte natural ou acidental: a dívida é quitada total ou parcialmente.

  • Invalidez permanente por acidente: se o contratante não puder mais trabalhar, o seguro assume o saldo devedor.

  • Desemprego involuntário: cobre algumas parcelas (em contratos com carteira assinada).

  • Perda de renda: no caso de autônomos, quando comprovada a incapacidade de gerar receita por motivo de doença ou acidente.

O que o seguro NÃO cobre?

Nem tudo é festa. Existem situações em que o seguro prestamista não funciona. Normalmente, os contratos excluem:

  • Demissão por justa causa.

  • Pedido de demissão voluntária.

  • Doenças preexistentes não informadas.

  • Atos intencionais do segurado (como fraude).

Essas restrições estão sempre no contrato, geralmente em letras pequenas, por isso ler a apólice com atenção é fundamental.

Quanto custa o seguro prestamista?

O preço varia bastante porque depende do tipo de dívida e do valor contratado. Em muitos casos, o seguro é embutido no valor da parcela do empréstimo ou financiamento.

Por exemplo: se uma pessoa financia R$ 10 mil em 24 parcelas, pode pagar R$ 15 a mais por mês referente ao seguro prestamista. Parece pouco, mas no final, isso representa R$ 360 extras.

Segundo a Susep, o custo médio do seguro prestamista fica entre 2% e 5% do valor total do contrato.

Vale a pena contratar?

Essa é a pergunta que não quer calar. Para alguns especialistas em finanças pessoais, o seguro prestamista pode ser uma boa opção em casos específicos, como:

  • Quem tem família dependente financeiramente.

  • Quem assume empréstimos altos e não quer deixar dívidas para os herdeiros.

  • Quem trabalha com carteira assinada e teme o desemprego.

Por outro lado, se a pessoa já possui outros seguros de vida ou reservas financeiras, pode ser que o prestamista seja um gasto desnecessário.

De acordo com o educador financeiro Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), o consumidor deve sempre comparar o custo-benefício antes de aceitar o seguro.

Seguro prestamista no cartão de crédito

Pouca gente sabe, mas o seguro prestamista também aparece escondido na fatura do cartão de crédito. Muitas vezes ele é vendido como “seguro proteção financeira” ou “pagamento protegido”.

Nesse caso, se o titular perder a renda ou falecer, o seguro quita uma parte ou o total da fatura.

O Banco Central do Brasil alerta que esse tipo de cobrança deve ser autorizada pelo cliente. Se o consumidor encontrar um seguro desconhecido na fatura, pode pedir o cancelamento imediato e solicitar reembolso.

Críticas ao seguro prestamista

Apesar da utilidade, o seguro prestamista também é alvo de críticas. O Procon-SP recebe frequentemente reclamações de consumidores que alegam ter sido induzidos a contratar o produto sem explicação clara.

Entre os problemas mais comuns estão:

  • Venda casada: quando o banco exige o seguro para liberar um empréstimo.

  • Cobrança sem consentimento: débito automático na fatura sem autorização.

  • Falta de transparência: dificuldade para entender coberturas e exclusões.

A prática de venda casada é ilegal, segundo o Código de Defesa do Consumidor. Portanto, se isso acontecer, o cliente pode reclamar no Procon ou até na Justiça.

Como saber se você já tem esse seguro?

Muita gente descobre que tem seguro prestamista só quando precisa dele. Se você já fez empréstimo, financiamento ou tem cartão de crédito, pode conferir se o seguro está ativo da seguinte forma:

  1. Leia o contrato do empréstimo ou financiamento.

  2. Verifique sua fatura do cartão de crédito.

  3. Consulte o extrato no aplicativo ou internet banking.

  4. Peça diretamente ao banco ou financeira.

Como acionar o seguro prestamista?

Acionar o seguro não é complicado, mas exige alguns documentos:

  • Certidão de óbito, no caso de falecimento.

  • Laudos médicos, no caso de invalidez.

  • Carteira de trabalho ou documento da empresa, no caso de desemprego.

  • Documentos pessoais e contrato do empréstimo.

O prazo para acionar costuma ser de até 30 dias após o evento, mas varia conforme o contrato.

Seguro prestamista x seguro de vida: qual a diferença?

É comum confundir os dois, mas existem diferenças importantes:

  • Seguro de vida: paga uma indenização em dinheiro aos beneficiários.

  • Seguro prestamista: não paga em dinheiro, mas quita dívidas do segurado.

Ou seja, um não substitui o outro. Muitas vezes, ambos podem ser complementares.

O que dizem os órgãos oficiais?

  • Banco Central: reforça que a contratação do seguro deve ser opcional e transparente.

  • Susep: regula e fiscaliza os contratos de seguro no Brasil.

  • Procon: orienta consumidores a denunciarem cobranças indevidas ou venda casada.

Essas instituições reforçam que o consumidor sempre deve pedir cópia da apólice e guardar todos os comprovantes.

Quando o seguro prestamista faz diferença de verdade?

Ele pode ser um alívio gigantesco em situações como:

  • Um trabalhador que perde o emprego e ganha alguns meses para se reorganizar.

  • Uma família que não precisa assumir parcelas de financiamento após a morte do titular.

  • Um autônomo que sofre acidente e não consegue gerar renda.

Nesses casos, o seguro não é apenas um papel no contrato, mas uma rede de proteção financeira real.

Saulo Moreira

Saulo Moreira dos Santos, 29 anos, é um profissional comprometido com a comunicação e a disseminação de informações relevantes. Formado em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Salvador, descobriu sua verdadeira vocação na escrita e na criação de conteúdo digital. Com mais de 15 anos de experiência como redator web, Saulo se especializou na produção de artigos e notícias sobre temas de grande interesse social, incluindo concursos públicos, benefícios sociais, direitos trabalhistas e futebol. Sua busca por precisão e relevância fez dele uma referência nesses segmentos, ajudando milhares de leitores a se manterem informados e atualizados.… Mais »
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