Novas regras do BPC e Bolsa Família: biometria passa a ser obrigatória a partir DESTA data de novembro

O Governo Federal oficializou uma mudança significativa nas políticas de assistência social. A partir de 21 de novembro de 2025, será obrigatório o cadastramento biométrico para todos os novos solicitantes do Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas) e do Programa Bolsa Família.

A medida está prevista no Decreto nº 12.561, publicado no Diário Oficial da União em 23 de julho de 2025, e faz parte de uma ampla estratégia do governo para aumentar a segurança, reduzir fraudes e garantir que os recursos públicos cheguem a quem realmente precisa.

Por que o governo decidiu adotar a biometria

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, a biometria vem sendo usada com sucesso em diversos sistemas públicos, como o Cadastro Eleitoral do TSE e o Sistema Nacional de Identificação Civil.

A exigência agora passa a abranger o BPC e o Bolsa Família, dois dos programas sociais mais importantes do país. O objetivo é evitar pagamentos indevidos, cadastros duplicados e uso de documentos falsos.

Segundo o governo, a tecnologia permitirá cruzar informações com outras bases de dados, garantindo que os benefícios sejam destinados apenas aos cidadãos realmente elegíveis.

Prazo de implementação e alcance da nova regra

A obrigatoriedade do cadastro biométrico entra em vigor 120 dias após a publicação do decreto, ou seja, em 21 de novembro de 2025.

A medida será aplicada apenas a novos pedidos de concessão do BPC/Loas e do Bolsa Família.

Quem já recebe os benefícios não precisa se recadastrar imediatamente, pois o processo será gradual e ocorrerá conforme o cronograma que será divulgado pelo governo.

Quem precisa se cadastrar

A exigência da biometria atinge somente novos beneficiários. Contudo, há um ponto importante: o decreto reconhece que milhões de brasileiros já possuem registros biométricos válidos em bancos de dados governamentais.

Entre eles estão:

  • Cadastro Eleitoral (TSE) — usado para votação com biometria;

  • Carteira Nacional de Habilitação (CNH);

  • Base de passaportes;

  • Aplicativo Caixa Tem (que também utiliza verificação biométrica).

Quem já possui biometria em qualquer uma dessas bases estará automaticamente dispensado de realizar o novo cadastro para o BPC ou Bolsa Família.

Bolsa Família. Foto: Montagem/Revista dos Benefícios

Onde e como será feito o cadastramento

Para os cidadãos que não têm biometria registrada em nenhum banco de dados do governo, o procedimento será realizado presencialmente nos CRAS (Centros de Referência de Assistência Social).

Esses centros, vinculados às prefeituras municipais, são os principais pontos de atendimento das famílias em situação de vulnerabilidade. O objetivo é facilitar o acesso, utilizando estruturas já conhecidas da população de baixa renda.

Nos CRAS, o cidadão fará o registro digital das impressões e, se necessário, foto facial. O processo é gratuito e deverá ser concluído antes da concessão do benefício.

Casos de dispensa temporária

O governo prevê exceções. Pessoas com dificuldades físicas, problemas de locomoção ou moradores de áreas de difícil acesso poderão solicitar dispensa temporária da biometria.

Essa dispensa será avaliada caso a caso e regulamentada em um ato conjunto dos Ministérios da Gestão, Previdência Social e Desenvolvimento e Assistência Social.

O que é o BPC (Benefício de Prestação Continuada)

O BPC, previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), garante um salário mínimo mensal para idosos com 65 anos ou mais e pessoas com deficiência de baixa renda.

Apesar de ser pago pelo INSS, o BPC não é aposentadoria. Não exige contribuição prévia e não gera 13º salário nem pensão por morte.

Em 2025, o valor é de R$ 1.518, e a renda familiar per capita máxima permitida é de R$ 379,50 (equivalente a ¼ do salário mínimo).

Requisitos principais para ter direito ao BPC

1. Renda e inscrição no CadÚnico

  • Renda familiar por pessoa: deve ser igual ou inferior a ¼ do salário mínimo vigente.

  • Cadastro Único (CadÚnico): é obrigatório e precisa estar atualizado há menos de dois anos.

  • Sem outros benefícios: o solicitante não pode receber aposentadoria, pensão ou outro auxílio do INSS.

2. Idosos e pessoas com deficiência

  • Idosos: precisam ter 65 anos ou mais, independentemente do gênero.

  • Pessoas com deficiência: devem comprovar impedimento físico, mental, intelectual ou sensorial de longo prazo (mínimo de 2 anos).

3. Avaliações obrigatórias

  • Avaliação social: feita por assistente social do INSS, que visita a residência e analisa a situação socioeconômica.

  • Perícia médica: obrigatória no caso de pessoas com deficiência.

4. Outras regras

  • O BPC não é cumulativo com outros benefícios da seguridade social.

  • O benefício pode ser suspenso se o CadÚnico não for atualizado.

  • O beneficiário pode trabalhar; se isso ocorrer, o pagamento é suspenso e pode ser retomado após o desligamento do emprego.

BPC e a relação com o Bolsa Família

Embora sejam programas distintos, o BPC e o Bolsa Família compartilham a base de dados do Cadastro Único, o que facilita o cruzamento de informações.

Com a introdução da biometria, o governo busca unificar os cadastros e evitar sobreposição de benefícios, garantindo maior controle sobre o orçamento da assistência social.

O Bolsa Família, por exemplo, destina valores mensais de R$ 600 a famílias em vulnerabilidade, com adicionais por criança, gestante e adolescente.

Impactos da medida e debate público

A decisão de tornar a biometria obrigatória gerou debates entre especialistas em políticas sociais.

Para o governo, a medida representa um avanço na integridade do sistema, reduzindo fraudes e otimizando o uso dos recursos públicos. Estimativas internas apontam que mais de 200 mil cadastros irregulares podem ser identificados anualmente com a integração de dados biométricos.

Entretanto, movimentos sociais e entidades de assistência alertam para possíveis barreiras de acesso, principalmente em regiões onde a infraestrutura dos CRAS é limitada. O temor é que o processo digital acabe atrasando concessões legítimas.

Modernização dos programas sociais

A obrigatoriedade da biometria também está alinhada à política de digitalização dos serviços públicos.

Nos últimos anos, o governo tem integrado cadastros e sistemas para reduzir a burocracia e facilitar o acesso a benefícios, como o Gov.br, Meu INSS, Caixa Tem e Cadastro Único Digital.

Com essa integração, será possível verificar a identidade do beneficiário em tempo real, cruzando dados entre o INSS, Dataprev, Caixa Econômica Federal e Ministério do Desenvolvimento Social.

Como a biometria será usada na prática

Durante o processo de solicitação de benefícios, o sistema fará a validação automática da identidade do requerente.
A biometria será comparada com as bases existentes (como TSE ou CNH).

  • Se houver correspondência, o cadastro é autorizado automaticamente.

  • Se não houver, o sistema solicitará o agendamento presencial no CRAS.

O processo busca equilibrar agilidade e segurança, evitando o uso indevido de dados pessoais.

Proteção de dados e privacidade

Com o avanço das tecnologias biométricas, cresce também a preocupação com a segurança das informações pessoais.

O Ministério da Gestão assegurou que o uso da biometria respeitará os princípios da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

As informações coletadas serão utilizadas exclusivamente para fins de autenticação e não poderão ser compartilhadas sem autorização expressa.

O futuro do BPC e do Bolsa Família

A exigência de biometria marca uma nova etapa na administração dos programas sociais brasileiros.
Com o uso de tecnologia, o governo pretende reduzir custos com fraudes, ampliar a precisão do CadÚnico e garantir mais transparência no pagamento dos benefícios.

A expectativa é que, até o fim de 2026, 100% das novas concessões do BPC e Bolsa Família sejam validadas por meio de biometria facial ou digital.

Para os beneficiários, o processo promete mais segurança e acesso simplificado aos serviços sociais — especialmente para quem já possui biometria registrada em outros órgãos.

Saulo Moreira

Saulo Moreira

Saulo Moreira dos Santos é um profissional comprometido com a comunicação e a disseminação de informações relevantes. Formado em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Com mais de 15 anos de experiência como redator web, Saulo se especializou na produção de artigos e notícias sobre temas de grande interesse social, incluindo concursos públicos, benefícios sociais, direitos trabalhistas e futebol.