Governo Lula surpreende e revela valor do salário mínimo para 2026
O salário mínimo no Brasil poderá subir para R$ 1.627 em 2026, conforme previsão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A estimativa consta no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para o próximo ano, que será enviado ao Congresso Nacional nesta terça-feira (15/04). O novo valor representa um aumento de 7,18% em relação ao piso atual, de R$ 1.518, e leva em consideração a política de valorização do salário mínimo aprovada recentemente.
A proposta, no entanto, ainda poderá sofrer alterações até a aprovação do Orçamento de 2026. Técnicos do governo indicam que, dependendo do comportamento da inflação e da arrecadação até meados de 2025, o piso pode ser até ligeiramente maior, chegando a R$ 1.630.
Como é calculado o salário mínimo?
Desde a retomada da política de valorização do salário mínimo pelo governo Lula, o cálculo do novo piso leva em consideração:
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A inflação acumulada em 12 meses até novembro do ano anterior, medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor);
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O crescimento real do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes.
Para o salário mínimo de 2026, o cálculo considera a inflação até novembro de 2025 e o crescimento do PIB de 2024, que, segundo o IBGE, foi de 3,4%. No entanto, o ganho real incorporado ao piso será limitado a até 2,5%, conforme o novo arcabouço fiscal.
Essa limitação foi estabelecida para controlar os gastos públicos obrigatórios e garantir a sustentabilidade das contas federais. A política determina que o aumento real do salário mínimo acompanhe o ritmo de expansão das despesas previstas no arcabouço fiscal, que varia entre 0,6% e 2,5% ao ano.
Impacto do salário mínimo nas contas públicas
O salário mínimo é a base de cálculo para uma série de benefícios pagos pelo Governo Federal, como:
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Aposentadorias e pensões do INSS;
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Benefício de Prestação Continuada (BPC);
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Salário de servidores públicos federais com piso vinculado ao mínimo;
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Seguro-desemprego e abono salarial PIS/PASEP.
Por isso, qualquer reajuste no valor do mínimo tem impacto direto nas despesas obrigatórias da União. Segundo técnicos da área econômica, a cada R$ 1 de aumento no salário mínimo, o gasto público cresce em torno de R$ 389 milhões por ano.
Com isso, o Ministério da Fazenda, comandado por Fernando Haddad, optou por seguir a regra mais conservadora prevista no arcabouço, evitando pressões sobre as contas públicas e comprometimento de investimentos e despesas discricionárias.
Projeção pode mudar até o fim do ano
O valor de R$ 1.627 consta na grade de parâmetros macroeconômicos do governo e será incluído no PLDO de 2026, mas ainda pode sofrer alterações. Isso porque os dados de inflação e arrecadação serão atualizados até junho de 2025, o que pode aumentar ou reduzir o ganho real incorporado ao salário mínimo.
Vale lembrar que, na versão anterior da grade de parâmetros, publicada em novembro de 2024, o governo previa um piso de R$ 1.623 para 2026, com base em uma inflação de 3,4%. Agora, com uma projeção de inflação de 4,76% até o fim de 2025, o valor subiu para R$ 1.627.
Esse aumento reflete o efeito da alta de preços, mesmo com a limitação do ganho real em até 2,5%, de forma a preservar o poder de compra dos trabalhadores sem comprometer o equilíbrio fiscal.
O que é o PLDO e por que ele é importante?
O Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) é um documento que define os principais parâmetros econômicos e metas fiscais que irão orientar a elaboração do Orçamento da União para o próximo ano. Nele, o governo apresenta:
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Projeções de crescimento econômico e inflação;
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Estimativa de receita e despesa;
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Meta de resultado primário;
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Proposta de salário mínimo.
A LDO é fundamental para garantir a transparência fiscal e o cumprimento das regras de responsabilidade fiscal, especialmente após a aprovação do novo arcabouço. Sua análise e aprovação pelo Congresso são etapas obrigatórias antes da elaboração do projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA), que precisa ser enviada até 31 de agosto.
Meta fiscal para 2026: superávit de 0,25% do PIB
Além da projeção do salário mínimo, o PLDO de 2026 também vai oficializar a meta fiscal do governo para o próximo ano. Segundo o ministro Fernando Haddad, a meta será de superávit primário de 0,25% do PIB — ou seja, as receitas do governo devem superar as despesas (excluindo os juros da dívida) em 0,25% do Produto Interno Bruto.
Com a margem de tolerância prevista no arcabouço, o resultado pode variar entre zero e 0,5% do PIB. No entanto, caso o governo registre um déficit fiscal, a meta será considerada descumprida.
A proposta também manterá a trajetória prevista para os anos seguintes:
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2027: superávit de 0,5% do PIB;
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2028: superávit de 1% do PIB;
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2029: ainda em debate, mas deverá ser incluído pela primeira vez na grade de parâmetros.
Salário mínimo e poder de compra da população
O salário mínimo é uma referência fundamental para a economia brasileira, principalmente entre as famílias de baixa renda. Mais de 24 milhões de brasileiros recebem rendimentos diretos ou indiretos atrelados ao piso nacional.
Ao garantir ganhos reais acima da inflação, a política de valorização do mínimo contribui para aumentar o poder de compra da população, estimular o consumo e aquecer a economia — especialmente nos setores de comércio e serviços.
Contudo, o desafio do governo é equilibrar o compromisso social com a responsabilidade fiscal, especialmente diante do aumento da dívida pública e da limitação de espaço no orçamento.
Reações e expectativas
O anúncio da projeção de R$ 1.627 para o salário mínimo em 2026 gerou repercussão entre especialistas e economistas. Para parte dos analistas, o valor mantém o compromisso de valorização real, mesmo com a aplicação do teto previsto no arcabouço fiscal. Outros, porém, alertam que o baixo crescimento da arrecadação pode comprometer a possibilidade de reajustes maiores nos próximos anos.
Organizações de defesa dos trabalhadores, como sindicatos e centrais sindicais, defendem que o governo deveria reavaliar o teto de 2,5% caso a economia cresça de forma mais robusta. Para essas entidades, um salário mínimo maior pode reduzir a desigualdade e promover maior inclusão social.
Já o setor empresarial avalia com cautela, temendo o impacto nos custos de produção, especialmente em segmentos que contratam mão de obra intensiva com remuneração próxima ao piso.