Mais de 2,3 milhões de aposentados já pediram dinheiro de volta ao INSS! Entenda o acordo dos descontos indevidos, como receber o dinheiro e por que 30% ainda não aderiram

Imagine a seguinte cena: você é aposentado, recebe seu benefício todo mês e, de repente, começa a notar descontos misteriosos na sua aposentadoria. Você procura a entidade responsável, pede explicações… e nada. Passam-se dias, semanas e nenhuma resposta.

Foi exatamente isso que aconteceu com milhares de aposentados e pensionistas entre março de 2020 e março de 2025. E a situação só começou a se resolver agora, com um acordo de ressarcimento criado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para devolver o dinheiro a quem teve descontos indevidos.

Até agora, mais de 2,3 milhões de beneficiários já aderiram ao acordo, o que corresponde a cerca de 70% das pessoas aptas a receber. Mas ainda existem 985 mil aposentados e pensionistas que têm direito, mas não fizeram a adesão.

Se você faz parte desse grupo ou conhece alguém nessa situação, este guia vai explicar como funciona o acordo, quem pode aderir, como pedir o ressarcimento pelo aplicativo Meu INSS e os prazos para não perder o dinheiro.

INSS: Por que o acordo foi criado

Durante cinco anos, milhares de aposentados e pensionistas começaram a perceber descontos indevidos em seus benefícios. Alguns foram feitos por associações e entidades de forma irregular, sem autorização dos segurados.

Com isso, o INSS criou um acordo de ressarcimento para que os valores sejam devolvidos de forma simples, sem precisar entrar na Justiça — a não ser que o aposentado já tenha uma ação judicial em andamento, mas que ainda não recebeu os valores (nesses casos, é necessário desistir da ação para entrar no acordo).

A ideia é agilizar a devolução e evitar que o dinheiro fique preso em processos que podem levar anos para serem concluídos.

Quem pode aderir ao acordo

Segundo o INSS, podem participar:

  • Aposentados e pensionistas que tiveram descontos indevidos entre março de 2020 e março de 2025;

  • Pessoas que já contestaram os descontos e não receberam resposta das entidades dentro de 15 dias úteis;

  • Beneficiários que entraram na Justiça, mas ainda não receberam os valores — desde que desistam do processo judicial.

Se você está em uma dessas situações, pode receber o valor de volta de forma administrativa, sem precisar esperar por um processo longo.

Pagamento já começou

O INSS começou a pagar os primeiros lotes no final de julho de 2025.

E tem um detalhe importante: quanto antes o aposentado ou pensionista fizer a adesão, mais cedo recebe o dinheiro. Isso porque a ordem de pagamento segue a data de adesão ao acordo.

Ou seja: quem já aderiu está na frente na fila para receber o ressarcimento.

Valores corrigidos e pagamento em parcela única

Outra boa notícia é que o ressarcimento será pago em uma única parcela e com correção pelo IPCA, que é o índice oficial da inflação.

O dinheiro será depositado diretamente na conta onde o beneficiário recebe a aposentadoria ou pensão.

Nada de boletos, links por mensagem ou intermediários: todo o processo é feito apenas pelo aplicativo Meu INSS, pelo site gov.br/inss ou em uma agência dos Correios.

Como funciona o processo de adesão

O processo tem algumas etapas, mas é simples e gratuito. Veja o passo a passo:

  1. Contestar o desconto indevido

    • Se você viu um desconto estranho no seu benefício, o primeiro passo é contestar.

    • A contestação pode ser feita:

      • Pelo aplicativo Meu INSS

      • Pela Central 135

      • Nas agências dos Correios

  2. Aguardar resposta da entidade

    • A associação ou entidade tem até 15 dias úteis para responder.

  3. Sem resposta? Aderir ao acordo

    • Se não houver resposta no prazo, o sistema libera a opção de adesão ao acordo de ressarcimento.

  4. Como aderir pelo aplicativo Meu INSS

    • Entre com seu CPF e senha.

    • Vá até “Consultar Pedidos” e clique em “Cumprir Exigência”.

    • Role a tela até o último comentário, leia com atenção e selecione “Sim” em “Aceito receber”.

    • Clique em “Enviar” e pronto.

Importante: a Central 135 não faz adesão ao acordo. Ela serve apenas para consulta e contestação.

Consulta ao valor antes da adesão

Antes mesmo de aceitar o acordo, os aposentados podem consultar o valor que têm a receber.

Essa consulta pode ser feita:

  • Pelo aplicativo Meu INSS (site ou app);

  • Nas agências dos Correios.

Assim, o beneficiário já sabe quanto vai receber antes mesmo de confirmar a adesão.

Prazos importantes para não perder o ressarcimento

A contestação dos descontos indevidos pode ser feita até 14 de novembro de 2025.

Mesmo depois dessa data, quem já contestou e tem direito poderá fazer a adesão, desde que o pedido inicial tenha sido feito dentro do prazo.

Ou seja: não deixe para a última hora. Quanto antes você contestar e aderir, mais cedo receberá seu dinheiro de volta.

Segurança no processo: cuidado com golpes

O INSS alerta que não envia links, SMS, e-mails ou mensagens em redes sociais pedindo dados pessoais.

Se alguém entrar em contato se passando pelo INSS e pedindo informações bancárias, desconfie. Todo o processo oficial é feito apenas pelos canais oficiais:

  • Aplicativo Meu INSS

  • Site gov.br/inss

  • Central 135

  • Agências dos Correios

E o mais importante: o INSS não cobra taxas nem exige intermediários.

E nos casos em que houve resposta da entidade?

Alguns beneficiários já receberam respostas das entidades responsáveis pelos descontos.

Nesses casos, os documentos enviados ainda estão em análise. O aposentado será notificado quando a opção de adesão ao acordo for liberada.

Ao receber a notificação, ele poderá:

  • Aceitar os documentos apresentados;

  • Contestar por falsidade ideológica;

  • Declarar que não reconhece a assinatura.

Se houver contestação, a entidade terá cinco dias úteis para devolver os valores. Caso não devolva, o aposentado será orientado sobre medidas judiciais com apoio das Defensorias Públicas.

Fraudes descobertas durante a análise

Durante a apuração, o INSS descobriu uso de softwares para falsificar assinaturas nas respostas enviadas pelas entidades.

Esses casos estão sendo investigados com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Dataprev.

Assim que a auditoria terminar, os beneficiários dessas fraudes também poderão aderir ao acordo para receber os valores.

Saulo Moreira

Saulo Moreira

Saulo Moreira dos Santos é um profissional comprometido com a comunicação e a disseminação de informações relevantes. Formado em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Com mais de 15 anos de experiência como redator web, Saulo se especializou na produção de artigos e notícias sobre temas de grande interesse social, incluindo concursos públicos, benefícios sociais, direitos trabalhistas e futebol.