Poucos trabalhadores sabem, mas um simples ajuste na forma de contribuir ao INSS pode mudar completamente o valor da aposentadoria. Enquanto muitos pensam que basta atingir o tempo mínimo de contribuição, a realidade é bem diferente: o valor final depende de uma série de fatores que mudam ano a ano.
E 2026 não será uma exceção. As novas regras de transição da Previdência vão alterar os cálculos, a idade mínima e o número de pontos necessários para se aposentar. Quem planejar desde agora pode garantir um benefício muito superior ao salário mínimo — que deverá ser de R$ 1.631 no próximo ano.
O que realmente impacta o valor da aposentadoria
O valor da aposentadoria não depende apenas do tempo de contribuição. O fator decisivo está na média salarial de todas as contribuições feitas desde julho de 1994.
Isso significa que contribuir com valores mais altos aumenta diretamente a média e, consequentemente, o benefício final. Quem contribui por longos períodos com o valor mínimo dificilmente conseguirá ultrapassar o piso nacional.
Por isso, quem deseja se aposentar com um benefício acima do mínimo precisa revisar o histórico de contribuições e ajustar o valor pago ao INSS o quanto antes.
Regras de transição que mudam em 2026
As regras de transição foram criadas para quem já contribuía antes de 13 de novembro de 2019, data em que entrou em vigor a reforma da Previdência. Elas são atualizadas todos os anos e têm como objetivo tornar a mudança gradual, evitando prejuízos bruscos para os segurados.
Em 2026, duas dessas regras terão alteração: a regra da idade progressiva e a regra de pontos.
Regra da idade progressiva
Essa regra combina tempo de contribuição com uma idade mínima, que aumenta meio ano a cada novo exercício. Em 2026, os requisitos serão:
Mulheres: 59 anos e 6 meses de idade + 30 anos de contribuição;
Homens: 64 anos e 6 meses de idade + 35 anos de contribuição.
Regra por pontos
A soma da idade com o tempo de contribuição também sobe a cada ano. Em 2026, o trabalhador precisará atingir:
Mulheres: 93 pontos (idade + tempo de contribuição) e no mínimo 30 anos de contribuição;
Homens: 103 pontos e no mínimo 35 anos de contribuição.
Essas mudanças impactam diretamente quem está prestes a se aposentar, tornando o planejamento previdenciário ainda mais essencial.
Como garantir uma aposentadoria acima de R$ 1.631 em 2026
Alcançar um valor maior que o salário mínimo na aposentadoria é possível, mas exige estratégia. A seguir, estão as principais formas de aumentar o benefício dentro das regras do INSS.
1. Contribua sobre valores mais altos
O cálculo da aposentadoria considera a média das contribuições. Assim, quanto maior for o valor sobre o qual você contribui, maior será o benefício futuro.
Para trabalhadores CLT: A média é formada com base nos salários recebidos ao longo da carreira. Manter bons salários e evitar longos períodos sem contribuição são fatores que aumentam o valor final.
Para autônomos e MEIs: É possível contribuir com 20% do valor desejado como benefício. Por exemplo, para receber cerca de R$ 3.000, é necessário contribuir mensalmente com R$ 600.
2. Faça um planejamento previdenciário
Cada caso é único. Por isso, a orientação de um especialista previdenciário é indispensável. Esse profissional pode:
Analisar o histórico de contribuições;
Calcular o valor estimado do benefício;
Apontar qual regra de aposentadoria é mais vantajosa;
Indicar se vale a pena contribuir mais para aumentar a média.
O planejamento adequado evita erros e pode aumentar significativamente o valor da aposentadoria.
3. Descarte contribuições mais baixas
A reforma da Previdência permitiu uma estratégia valiosa chamada “descarte de salários”. Nela, o trabalhador pode eliminar as contribuições de menor valor do cálculo da média, melhorando o resultado final.
Essa opção é vantajosa especialmente para quem tem muitos anos de contribuição, mas parte do histórico com valores muito baixos, como nos primeiros empregos.
Contudo, o descarte só é permitido se o segurado mantiver o tempo mínimo exigido após a exclusão dos períodos. Por isso, o cálculo deve ser feito com cuidado.
4. Considere a aposentadoria especial
Alguns trabalhadores têm direito à aposentadoria especial, concedida a quem exerce atividades exposto a agentes nocivos (químicos, físicos ou biológicos).
Essa modalidade permite reduzir o tempo de contribuição e, em alguns casos, aumentar o valor do benefício, já que não há aplicação de redutores como o fator previdenciário.
Setores como metalurgia, saúde, transporte e energia costumam se enquadrar nessas condições.
5. Inclua períodos esquecidos de contribuição
Muitos brasileiros deixam de somar períodos que podem fazer diferença no cálculo final. Entre eles:
Serviço militar obrigatório;
Tempo de trabalho rural em regime de economia familiar;
Período como aluno-aprendiz;
Trabalhos informais comprovados com contribuições retroativas.
Esses períodos, quando reconhecidos pelo INSS, podem aumentar o tempo total de contribuição e elevar o valor da média salarial.
O impacto da média salarial e do teto do INSS
Em 2026, o teto do INSS deve ficar em torno de R$ 8.420, segundo estimativas com base no reajuste do salário mínimo. Esse é o valor máximo que uma aposentadoria pode atingir.
Para se aproximar desse teto, é necessário ter contribuições constantes com valores próximos ao limite máximo de contribuição durante a carreira. Contribuições esporádicas com valores altos não bastam — o sistema considera a média ponderada.
A média salarial é calculada com base em 100% das contribuições, sem excluir as menores, a menos que o trabalhador opte pelo descarte.
Diferença entre regras antigas e novas
Antes da reforma de 2019, bastava o tempo de contribuição: 30 anos para mulheres e 35 para homens. Com as mudanças, passaram a valer regras com idade mínima e cálculo mais rigoroso.
Agora, o valor do benefício corresponde a 60% da média de todos os salários, com acréscimo de 2% por ano adicional de contribuição acima de 15 anos para mulheres e 20 anos para homens.
Exemplo:
Mulher com 30 anos de contribuição → 60% + (15 × 2%) = 90% da média salarial.
Homem com 35 anos de contribuição → 60% + (15 × 2%) = 90% da média salarial.
Assim, quem contribuir mais tempo ou com valores maiores garante um percentual maior da média salarial, resultando em um benefício acima do piso.
O que esperar da aposentadoria em 2026
O ano de 2026 trará novos desafios e oportunidades para quem busca um benefício mais alto. As mudanças na idade mínima e nos pontos exigidos podem atrasar a aposentadoria de alguns, mas também abrir espaço para um melhor planejamento financeiro e previdenciário.
Com contribuições consistentes, descarte inteligente de salários e orientação técnica, é possível superar o valor do salário mínimo e conquistar uma aposentadoria mais confortável.
