O anúncio da Caixa Econômica Federal sobre mudanças nas regras de financiamento imobiliário com recursos da Poupança (SBPE), válidas a partir de 1º de novembro, deve impactar não só o consumidor – que terá que dar uma entrada maior ao comprar um imóvel – mas já está causando aumento de juros em outros bancos.
A partir de 1º de novembro, a Caixa passará a limitar os financiamentos a imóveis com valor de avaliação ou de compra e venda de até R$ 1,5 milhão. Essa mudança visa regular o fluxo de crédito, considerando a alta procura por imóveis e a pressão sobre os recursos disponíveis.
O Itaú Unibanco elevou sua taxa média de 10,49% para 10,79% ao ano + TR (Taxa Referencial) no início do mês. Isso ocorre porque as instituições privadas devem atrair parte dos clientes que perderão acesso ao crédito imobiliário pela Caixa.
Caixa, Itaú, Bradesco e Santander emitem aviso importante
O Bradesco, que oferece taxas de juros para crédito imobiliário a partir de TR + 10,49% a.a., diz que está avaliando reajustes considerando o cenário atual.
Já o Santander, com taxas a partir de 10,99% ao ano + TR, afirma que o aumento dos juros deve ocorrer “em curtíssimo prazo”. “Se o contexto e demanda atual se mantiverem, haverá alta de juros“, declara Sandro Gamba, diretor de negócios imobiliários do banco.
Segundo a especialista Abquesia Farias, do site Revista dos Benefícios, além das alterações nos valores das cotas, a Caixa também anunciou que passará a financiar a compra ou construção individual de imóveis com valor de avaliação ou de compra e venda limitado a R$ 1,5 milhão.
No modelo atual, não há limite nessa modalidade. O cliente também não poderá ter outro financiamento habitacional ativo com o banco. Além do aumento de juros, entidades do setor já temem uma desaceleração na construção civil.
A Caixa explica que a redução do financiamento foi causada pela maior procura por imóveis no Brasil e pelo aumento nos saques da poupança – fonte dos recursos para empréstimos via SBPE.
O Banco Central informa que setembro teve o maior volume de saques líquidos do ano na poupança: R$ 7,1 bilhões, sendo o terceiro mês seguido de retiradas.
Sobre os contratos com recursos da Poupança (SBPE), a Caixa diz ser responsável por 48,3% dos financiamentos no país, totalizando R$ 63,5 bilhões em operações até setembro deste ano.
Quais as alternativas?
Especialistas destacam que a escassez de recursos para financiamento não é novidade. Dados recentes do Banco Central do Brasil (BC) mostram que a poupança registrou o maior volume de saques líquidos do ano em setembro, totalizando R$ 7,1 bilhões. Foi o terceiro mês consecutivo de retiradas.
Em 2023, a poupança já havia encerrado com saldo negativo de R$ 87,8 bilhões, o segundo maior resgate anual desde 1995. Em 2022, a retirada recorde somou R$ 103,2 bilhões. Matos questiona: “Fica o questionamento para o futuro, o que a Caixa vai fazer já que os recursos da poupança e do FGTS já não estão dando mais conta?”
O presidente do Sinduscon-MG critica as mudanças nas regras das Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), com o prazo mínimo de vencimento aumentado de 90 dias para 12 meses.
“O governo poderia ajudar reduzindo esse prazo, o que aumentaria a liquidez, e liberando parte do compulsório de bancos para crédito imobiliário“, sugere Lafetá.