Brasil criou 1,5 milhão de empregos de janeiro a julho de 2024 e beneficiários do Bolsa Família ocuparam 838 mil dessas vagas
De janeiro a julho de 2024, o Brasil gerou 1,5 milhão de postos de trabalho. Beneficiários do Bolsa Família preencheram 838 mil dessas vagas, representando 56% do total.
Adicionalmente, 344 mil pessoas inscritas no Cadastro Único, mas não recebedoras do Bolsa Família, também conquistaram empregos.
Uma em cada quatro famílias no Brasil recebe o Bolsa Família. Com tantos beneficiários, é natural que uma parte significativa dos novos empregos seja preenchida por esse grupo.
“A maioria das novas vagas está no setor de serviços, com salários baixos, que geralmente são ocupadas pela população mais vulnerável“, explica Daniel Duque, pesquisador de economia aplicada do FGV Ibre. Existem beneficiários em empregos formais em duas situações:
- famílias grandes – por exemplo, um chefe de família de 7 pessoas que ganha um salário mínimo (R$ 1.412). A renda per capita familiar é R$ 202, o que qualifica o grupo para receber o Bolsa Família (pago quando esse valor é menor que R$ 218);
- regra de proteção – um beneficiário que consegue um emprego de baixa renda não perde totalmente o auxílio (mais detalhes a seguir).
Regra de proteção
Parte desses beneficiários se enquadra na “regra de proteção” – criada em 2023 para fazer uma transição suave e continuar amparando famílias que encontram empregos de baixa renda. A regra é ativada quando beneficiários conseguem emprego formal, mas a renda ainda é menor que meio salário mínimo (R$ 706 atualmente) por membro da família. Nesse caso, o beneficiário continua recebendo 50% do Bolsa Família a que teria direito por até 2 anos.
Até julho de 2024, 2,8 milhões de beneficiários estavam na regra de proteção. Isso significa que encontraram uma fonte de renda formal (trabalho ou aposentadoria) insuficiente para sair da vulnerabilidade e continuaram recebendo 50% do benefício, o que podem fazer por 2 anos.
“A identificação da nova renda no programa Bolsa Família ocorre através do Cadastro Único. Além disso, há uma atualização automática das rendas formais da família, como aposentadorias ou empregos com carteira assinada“, explicou Caroline Paranayba, diretora de Benefícios da Secretaria Nacional de Renda de Cidadania do MDS, em um podcast do governo.
Paranayba revelou que, somente em julho, 640 mil famílias entraram na regra de proteção, enquanto outras 381 mil tiveram uma melhora significativa na renda. Essas últimas conseguiram superar a situação de vulnerabilidade (alcançando renda superior a R$ 706 por pessoa) e, consequentemente, deixaram o programa Bolsa Família.