Para milhões de brasileiros, a contagem regressiva para a aposentadoria está cada vez mais próxima. Mas com o passar dos anos, as regras do INSS vêm se transformando, exigindo atenção redobrada de quem está prestes a dar entrada no benefício.
As mudanças, embora graduais, impactam diretamente o valor final da aposentadoria e o momento em que o trabalhador poderá deixar o mercado de trabalho.
Muitos segurados ainda se perguntam: “Afinal, quando posso me aposentar e quanto vou receber?”
A resposta depende da regra de transição em que cada pessoa se enquadra, e é justamente sobre isso que falaremos a seguir — com foco nos anos de 2026, 2027 e 2028, quando novas faixas etárias e pontuações passam a valer.
Regras de transição: o caminho para quem já contribuía antes da reforma
Desde a Reforma da Previdência de 2019, o governo criou regras de transição para proteger quem já contribuía ao INSS antes da nova legislação. Essas regras permitem uma passagem gradual entre o antigo e o novo sistema, e as principais que continuam válidas são:
Regra da idade mínima progressiva
Regra por pontos
Regra do pedágio de 100%
Regra permanente (para novos contribuintes)
As duas primeiras mudam a cada ano, enquanto as outras permanecem fixas.
Regra da idade mínima progressiva: avanço de seis meses por ano
Essa regra combina tempo de contribuição e idade mínima, que aumenta em seis meses a cada ano. O objetivo é equilibrar o tempo de trabalho entre homens e mulheres, de forma gradual.
| Ano | Idade mínima (Mulher) | Idade mínima (Homem) | Tempo de contribuição (Mulher) | Tempo de contribuição (Homem) |
|---|---|---|---|---|
| 2026 | 59 anos e 6 meses | 64 anos e 6 meses | 30 anos | 35 anos |
| 2027 | 60 anos | 65 anos (limite) | 30 anos | 35 anos |
| 2028 | 60 anos e 6 meses | 65 anos | 30 anos | 35 anos |
Cálculo do benefício:
O valor é 60% da média de todos os salários de contribuição desde julho de 1994, com acréscimo de 2% para cada ano que ultrapassar 15 anos de contribuição (mulheres) e 20 anos (homens).
Ou seja, quanto mais tempo de contribuição, maior o benefício.
Regra por pontos: idade e tempo somados
Essa é uma das regras mais conhecidas e também evolui anualmente. O trabalhador precisa somar idade + tempo de contribuição para atingir uma pontuação mínima que aumenta em um ponto por ano.
| Ano | Pontuação (Mulher) | Pontuação (Homem) | Tempo mínimo (Mulher) | Tempo mínimo (Homem) |
|---|---|---|---|---|
| 2026 | 93 pontos | 103 pontos | 30 anos | 35 anos |
| 2027 | 94 pontos | 104 pontos | 30 anos | 35 anos |
| 2028 | 95 pontos | 105 pontos (limite) | 30 anos | 35 anos |
Cálculo do benefício:
Segue o mesmo formato da regra permanente: 60% da média salarial + 2% por ano extra de contribuição além do mínimo exigido.
Essa regra é vantajosa para quem começou a trabalhar cedo e já possui muito tempo de contribuição acumulado.
Regra do pedágio de 100%: ideal para quem estava prestes a se aposentar
Entre todas as transições, essa é a mais estável e não muda nos próximos anos. Ela foi criada para beneficiar quem estava a menos de dois anos de se aposentar em 13 de novembro de 2019, data da reforma.
Mulheres: 57 anos de idade + 30 anos de contribuição + pedágio de 100% do tempo que faltava.
Homens: 60 anos de idade + 35 anos de contribuição + pedágio de 100% do tempo restante.
Exemplo:
Se faltavam 2 anos para completar o tempo mínimo em 2019, o trabalhador precisa contribuir mais 4 anos (os dois restantes + o pedágio de 100%).
Cálculo do benefício:
Aqui o valor é mais vantajoso — 100% da média de todos os salários de contribuição desde 1994, sem o redutor de 60%. Por isso, essa regra costuma gerar aposentadorias com valores maiores.
Regra permanente: válida para novos segurados
Quem começou a contribuir após 13 de novembro de 2019 se enquadra automaticamente na regra permanente.
Ela define idades fixas para aposentadoria, com tempo de contribuição reduzido.
Mulheres: 62 anos de idade + 15 anos de contribuição
Homens: 65 anos de idade + 20 anos de contribuição
Cálculo do benefício:
O cálculo é de 60% da média salarial + 2% para cada ano que ultrapassar o mínimo (15 ou 20 anos).
Por exemplo, um homem com 25 anos de contribuição terá 60% + (2% × 5) = 70% da média salarial.
Como saber em qual regra você se enquadra
Com tantas regras coexistindo, identificar qual é a mais vantajosa pode ser desafiador.
Mas o próprio INSS oferece ferramentas que ajudam o segurado a descobrir sua melhor opção, com base em dados reais de contribuição.
1. Simulador do Meu INSS
O aplicativo e o site “Meu INSS” contam com uma funcionalidade que permite simular o tempo de contribuição e o valor estimado do benefício.
O sistema analisa automaticamente suas informações do CNIS e mostra as regras em que você já pode se aposentar ou quanto tempo ainda falta.
2. Análise do histórico de contribuições
O extrato do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) é fundamental para verificar se todas as empresas recolheram corretamente suas contribuições.
Qualquer erro pode afetar o tempo total e o valor da aposentadoria.
3. Planejamento previdenciário
Para quem deseja ter um cálculo mais detalhado e estratégico, consultar um advogado previdenciário é altamente recomendado.
Esse profissional pode indicar o momento mais vantajoso para pedir a aposentadoria e projetar valores com base em diferentes cenários.
Como consultar informações do INSS
As principais consultas podem ser feitas sem sair de casa, usando o aplicativo ou o site oficial do INSS.
Veja como fazer:
Pelo aplicativo ou site “Meu INSS”
Acesse meu.inss.gov.br ou baixe o app “Meu INSS”.
Faça login com sua conta Gov.br.
Use o campo de busca ou o menu para acessar serviços como:
Extrato de Contribuições (CNIS)
Extrato de Pagamento de Benefícios
Consultar Pedidos e Agendamentos
Simulador de Aposentadoria
Também é possível baixar extratos e cartas de concessão em PDF, o que facilita comprovações ou revisões.
Pela Central 135
Ligue para 135 (gratuito de fixo e orelhão).
Atendimento humano: segunda a sábado, das 7h às 22h.
É possível tirar dúvidas, agendar serviços e contestar descontos indevidos.
⚠️ Atenção aos golpes: o INSS nunca liga pedindo dados pessoais ou bancários. Desconfie se receber contato pedindo informações.
Atendimento presencial
Para casos mais complexos, o atendimento pode ser feito em agências do INSS, mas é necessário agendar antes pelo site ou pelo número 135.
Por que ficar atento às mudanças anuais
Cada novo ano traz pequenas mudanças que fazem grande diferença no tempo de espera ou no valor do benefício.
Por exemplo, uma mulher que se aposenta em 2026 pode precisar de 59 anos e 6 meses, enquanto quem deixa para 2028 já precisará ter 60 anos e 6 meses.
Da mesma forma, na regra por pontos, a diferença de apenas dois pontos pode significar um ou dois anos a mais de trabalho.
Por isso, acompanhar as atualizações é essencial para planejar com antecedência e não perder dinheiro por falta de informação.
