Feriadão: Qual carne pode comer na Sexta-Feira Santa do dia 18 de abril?

A Sexta-Feira Santa, que em 2025 será celebrada no dia 18 de abril, é uma das datas mais importantes para os cristãos.

Esse dia marca a paixão e a morte de Jesus Cristo, sendo tradicionalmente dedicado à oração, penitência e jejum. E uma das práticas mais respeitadas pelos fiéis é a abstinência de carne vermelha e de aves, em sinal de respeito e sacrifício.

Mas afinal, o que pode e o que não pode ser consumido neste dia? Quais carnes são permitidas? Existe alguma flexibilização dessa tradição nos dias atuais?

O que diz a Igreja Católica sobre a carne na Sexta-Feira Santa?

A orientação oficial da Igreja está contida no Cânon 1251 do Código de Direito Canônico, que estabelece que os fiéis devem observar a abstinência de carne e o jejum na Sexta-Feira da Paixão do Senhor.

Essa prática é obrigatória para todos os católicos a partir dos 14 anos de idade, exceto em casos de problemas de saúde.

A abstinência significa não consumir carne de animais de sangue quente, como bovinos, suínos e aves. Já o jejum consiste em realizar apenas uma refeição principal no dia, podendo haver duas outras menores, sem exageros.

Segundo o Cânon 1253, as conferências episcopais de cada país podem adaptar a norma, substituindo a abstinência por outras formas de penitência, como obras de caridade, oração ou outras renúncias voluntárias.

No Brasil, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) reforça anualmente essa orientação, incentivando a adesão à tradição por parte dos católicos.

Quais carnes podem ser consumidas na Sexta-Feira Santa?

Embora a carne vermelha e de frango esteja vetada, alguns tipos de carne são liberados, como é o caso de:

  • Peixes e frutos do mar: salmão, sardinha, atum, bacalhau, tilápia, camarão, lula, entre outros;

  • Ovos e laticínios: queijo, iogurte, manteiga, leite;

  • Proteínas vegetais: feijão, lentilha, grão-de-bico, tofu, soja, entre outros alimentos de origem vegetal.

Essa seleção de alimentos mantém o princípio da abstinência, ao mesmo tempo em que fornece os nutrientes necessários para o dia, de forma simbólica e respeitosa.

Por que peixe é permitido?

A liberação do consumo de peixe tem tanto uma explicação histórica quanto simbólica. Na Antiguidade, a carne vermelha era associada à fartura e ao prazer, enquanto o peixe era considerado um alimento simples, humilde e menos estimulante, segundo ensinamentos de São Tomás de Aquino.

Além disso, o peixe possui um forte simbolismo no cristianismo:

  • Aparece em passagens bíblicas, como a multiplicação dos pães e peixes;

  • Era consumido por Jesus e seus discípulos, muitos deles pescadores;

  • O símbolo do peixe (Ichthys) era utilizado pelos primeiros cristãos como forma de identificação secreta durante as perseguições religiosas.

Esse simbolismo reforça o uso do peixe como alimento apropriado para dias de reflexão e fé.

A tradição da abstinência: qual a origem?

A prática de não comer carne na Sexta-feira Santa não é um mandamento bíblico, mas uma disciplina eclesiástica instituída pela Igreja como forma de penitência e devoção.

Desde os primeiros séculos do cristianismo, os fiéis buscavam formas de se unir ao sofrimento de Jesus na cruz. Evitar um alimento nobre como a carne se tornou uma forma de sacrifício simbólico, imitando o exemplo de Cristo, que jejuou 40 dias no deserto.

Além disso, a renúncia à carne pode ter também um caráter solidário. Muitos fiéis aproveitam esse momento para economizar e doar a quantia correspondente ao valor da carne para ações sociais, caridade ou instituições religiosas.

A Sexta-feira Santa é feriado nacional?

Sim. A Sexta-feira da Paixão, ou Sexta-feira Santa, é um feriado nacional no Brasil, garantido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Em 2025, o feriado será ainda mais aguardado, pois ele ocorre na sexta-feira, 18 de abril, e vem seguido pelo feriado de Tiradentes, comemorado na segunda-feira, dia 21 de abril. Isso significa que muitos brasileiros poderão emendar os dois dias de folga, criando um feriadão prolongado ideal para viajar, descansar ou participar das celebrações religiosas da Semana Santa.

Como as famílias brasileiras adaptam o cardápio?

Durante a Semana Santa, especialmente na Sexta-feira da Paixão, é comum as famílias brasileiras prepararem refeições tradicionais à base de peixe e vegetais.

O prato mais clássico é o bacalhau, geralmente servido com batatas, ovos cozidos e azeite. Outros peixes como tilápia e merluza também são populares, por terem preços mais acessíveis. Em regiões litorâneas, o consumo de camarão e frutos do mar também é comum.

Além disso, muitos optam por refeições vegetarianas ricas em leguminosas, arroz, verduras e grãos. Restaurantes, padarias e supermercados costumam oferecer cardápios e promoções especiais para essa data, atendendo à alta demanda por alimentos sem carne vermelha.

Existe punição para quem não cumpre a abstinência?

A abstinência de carne na Sexta-feira Santa não é uma obrigação com sanção automática, mas sim uma prática de fé e consciência individual.

Ou seja, quem não cumpre, não está cometendo pecado grave, desde que não o faça com desprezo ou zombaria da tradição religiosa.

A própria Igreja reconhece que há situações em que a abstinência pode ser flexibilizada, como no caso de pessoas com problemas de saúde, gestantes, idosos ou quem vive em contextos de pobreza ou vulnerabilidade alimentar.

Mais do que cumprir regras rígidas, a Igreja Católica incentiva o fiel a entender o sentido da renúncia, refletindo sobre o valor do sacrifício e da solidariedade cristã.

Como a Sexta-feira Santa é celebrada nas igrejas?

A programação religiosa da Sexta-feira Santa é marcada por momentos de profunda espiritualidade. As igrejas não realizam missas nesse dia, mas sim a Liturgia da Paixão do Senhor, geralmente à tarde.

Essa celebração inclui:

  • A leitura da Paixão de Cristo, segundo o Evangelho de João;

  • Oração universal pela Igreja e pelo mundo;

  • A veneração da Santa Cruz;

  • A distribuição da comunhão, consagrada no dia anterior (Quinta-feira Santa).

Também é comum a realização de encenações da Via Sacra nas ruas, procissões e atos de piedade popular, especialmente em cidades do interior.

A tradição de não comer carne na Sexta-Feira Santa é uma demonstração de fé, respeito e solidariedade profundamente enraizada na cultura brasileira e no calendário cristão.

Mais do que uma simples restrição alimentar, ela convida à reflexão sobre o sofrimento de Cristo, ao mesmo tempo em que incentiva práticas de caridade, jejum e espiritualidade.

Neste feriado prolongado de abril de 2025, que une a Sexta-feira Santa e o feriado de Tiradentes, milhões de brasileiros devem aproveitar para descansar, viajar e renovar sua fé. Seja optando por um almoço com bacalhau, um prato vegetariano ou participando de celebrações religiosas, o importante é viver a data com respeito e propósito.

Abquesia Farias

Abquesia Farias

Abquesia Farias Modesto é uma jovem profissional entusiasta da comunicação digital. Aos 22 anos, cursa graduação na Faculdade Pitágoras, em Teixeira de Freitas, no extremo sul da Bahia, onde aprimora seus conhecimentos e habilidades na área.Com mais de quatro anos de experiência como redatora web, especializou-se na produção de conteúdos informativos sobre temas essenciais para o cotidiano dos brasileiros. Seu trabalho abrange benefícios sociais, como Bolsa Família e Auxílio-Gás, além de direitos trabalhistas, incluindo FGTS e PIS/PASEP. Além disso, possui ampla experiência na área de finanças e investimentos, oferecendo informações acessíveis e relevantes para quem busca aprimorar sua vida financeira.Apaixonada pela escrita e pela criação de conteúdo, Abquesia tem o talento de traduzir informações complexas em textos claros e objetivos, facilitando a compreensão de milhares de leitores sobre seus direitos e oportunidades. Seu compromisso com a precisão e a qualidade da informação a destaca como uma referência no segmento de conteúdo digital.