Você pode estar na lista e nem saber: Veja quem precisa devolver o Auxílio Emergencial de forma indevida em 2025 e como escapar das cobranças do governo
O Auxílio Emergencial foi um dos programas mais marcantes da história recente do Brasil. Criado em 2020 para amparar famílias durante a pandemia da COVID-19, ele injetou bilhões de reais na economia e ajudou milhões de brasileiros a colocar comida na mesa.
Mas, com o fim da crise sanitária, veio também a parte menos agradável da história: o governo começou a cobrar de volta quem recebeu o benefício sem ter direito. E em 2025, essa cobrança voltou com força total.
Se você recebeu o Auxílio Emergencial, pode ser que seu nome esteja na lista — e é importante verificar antes que o problema cresça.
Por que o governo está cobrando a devolução em 2025
Muita gente recebeu o benefício acreditando que tinha direito. Outras, sabidamente, tentaram burlar o sistema. De um jeito ou de outro, o governo agora está exigindo o ressarcimento dos valores indevidos.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS), as notificações enviadas em outubro de 2025 atingiram 177 mil famílias, totalizando R$ 478 milhões pagos a pessoas que não atendiam aos critérios do programa.
Esses casos foram identificados por meio de cruzamento de dados com o INSS, Receita Federal e Cadastro Único — uma operação silenciosa, mas poderosa, que identificou inconsistências em várias declarações.
Quem deve devolver o Auxílio Emergencial?
Segundo um levantamento do Revista dos Benefícios, qualquer pessoa que tenha recebido o benefício sem preencher os critérios legais precisa devolver.
Entre os principais motivos para a cobrança estão:
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Emprego formal: quem tinha vínculo empregatício ativo com carteira assinada.
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Renda familiar acima do limite: famílias cuja renda ultrapassava os valores definidos por lei.
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Recebimento de outros benefícios: como aposentadoria, pensão, seguro-desemprego ou Benefício Emergencial (BEm).
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Duplicidade de pagamentos: quando duas ou mais pessoas da mesma família receberam o benefício indevidamente.
Esses casos se encaixam na categoria de recebimento indevido, e, segundo o MDS, o ressarcimento é obrigatório.
Quem está isento da devolução do Auxílio Emergencial
Nem todos que receberam o benefício estão sendo cobrados. Existem exceções para grupos em situação de vulnerabilidade.
Estão isentas da devolução as pessoas que:
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Fazem parte do Bolsa Família;
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Estão inscritas no Cadastro Único (CadÚnico);
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Receberam menos de R$ 1.800,00 no total do auxílio;
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Têm renda familiar per capita de até dois salários mínimos;
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Ou renda total de até três salários mínimos por família.
Esses critérios foram definidos para evitar injustiças e não penalizar famílias que realmente precisavam do benefício.
Como saber se você precisa devolver o Auxílio Emergencial
Há duas formas principais de descobrir se o seu nome está na lista de devolução: notificação oficial e consulta online.
1. Notificação oficial
As notificações são enviadas por SMS, e-mail, WhatsApp e também pelo aplicativo Notifica.
O governo envia mensagens apenas de números oficiais, como os terminados em 28041, 28042 e 28043.
Esses canais informam o CPF do beneficiário e orientam sobre como proceder com a devolução ou justificar o recebimento.
2. Sistema VEJAE
O VEJAE (Validação Eletrônica de Justificativas e Análise de Elegibilidade) é o sistema criado pelo governo para permitir que o cidadão consulte pendências, envie documentos e até faça a devolução.
O acesso é feito com login Gov.br (nível prata ou ouro). Basta entrar no site oficial do MDS, clicar em “Consultar pendências do Auxílio Emergencial” e seguir as instruções.
Como fazer a devolução corretamente
Se, após a consulta, for confirmado que você precisa devolver o valor, o processo é simples e 100% online.
Veja o passo a passo:
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Acesse o portal oficial de devolução:
Vá até o site do Ministério do Desenvolvimento Social e procure pela seção “Devolução do Auxílio Emergencial”. -
Informe seus dados pessoais:
Insira CPF, nome completo e data de nascimento para gerar a Guia de Recolhimento da União (GRU). -
Escolha a forma de pagamento:
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À vista via PIX ou boleto GRU (pagável apenas no Banco do Brasil);
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Ou de forma parcelada, em até 60 vezes, com pagamento por cartão de crédito.
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Guarde o comprovante:
Após o pagamento, o comprovante deve ser salvo, pois é a prova oficial de quitação.
Essa flexibilidade de pagamento foi uma forma de o governo permitir que a devolução não se tornasse um peso insuportável.
O que acontece se você não devolver o valor
Ignorar a notificação não é uma boa ideia.
Quem não justificar o recebimento ou não devolver o valor no prazo pode enfrentar consequências sérias.
Entre elas:
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Inclusão no CADIN (Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal);
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Inscrição na Dívida Ativa da União;
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Bloqueio de restituição do Imposto de Renda;
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Impedimento de participar de programas sociais futuros;
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E até restrições de crédito em instituições financeiras.
Essas medidas estão previstas no Decreto nº 10.990/2022, que regulamenta o processo de devolução de benefícios pagos indevidamente.
Posso recorrer da cobrança?
Sim!
Quem acredita que o valor foi recebido corretamente pode apresentar defesa em até 30 dias após a notificação.
O recurso também é feito pelo Sistema VEJAE, onde o cidadão pode anexar documentos que comprovem sua situação.
Exemplos:
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Comprovante de desemprego;
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Extrato do Cadastro Único;
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Comprovantes de renda familiar;
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Documentos que demonstrem a elegibilidade na época do pagamento.
A equipe técnica do MDS analisa o caso individualmente e responde pela própria plataforma.
Os estados com mais devoluções em 2025
Segundo dados oficiais do MDS, as notificações de devolução estão concentradas principalmente nos estados com maior população e maior volume de beneficiários.
O ranking é o seguinte:
Estado | Famílias notificadas |
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São Paulo | 55,2 mil |
Minas Gerais | 21,1 mil |
Rio de Janeiro | 13,2 mil |
Paraná | 13,2 mil |
Esses quatro estados somam mais da metade das cobranças de devolução em todo o país.
Por que tanta gente recebeu o auxílio indevidamente
Durante o auge da pandemia, a pressa em colocar o dinheiro nas mãos dos brasileiros fez com que o governo abrisse mão de etapas de verificação mais rigorosas.
O resultado foi que muitos cidadãos acabaram recebendo sem cumprir os requisitos, seja por erro do sistema, desinformação ou até tentativa de fraude.
O Tribunal de Contas da União (TCU) estimou que cerca de 7% dos beneficiários do programa receberam de forma indevida, o que representa bilhões de reais pagos fora das regras.
Agora, com os cruzamentos de dados aprimorados e o uso de inteligência artificial, o governo consegue identificar rapidamente quem recebeu sem direito — e cobra o retorno do dinheiro.
Como era o Auxílio Emergencial original
O Auxílio Emergencial foi instituído em abril de 2020, com o objetivo de socorrer trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEIs), autônomos e desempregados afetados pela pandemia.
O programa teve duas fases principais:
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Primeira fase (abril a agosto de 2020):
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R$ 600 por parcela para a maioria dos beneficiários;
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R$ 1.200 para mães chefes de família.
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Segunda fase (setembro a dezembro de 2020):
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R$ 300 por parcela;
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R$ 600 para mães chefes de família.
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Para ter direito, o cidadão precisava:
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Ter mais de 18 anos (exceto mães adolescentes);
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Não ter emprego formal;
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Ter renda familiar per capita de até meio salário mínimo;
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Ter renda familiar total de até três salários mínimos;
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Não receber outro benefício do governo (exceto Bolsa Família).
Como o pagamento foi feito
O pagamento foi realizado pela Caixa Econômica Federal, que criou contas poupança digitais automáticas para milhões de pessoas.
O processo envolveu três etapas:
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Inscrição: feita via aplicativo ou site da Caixa.
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Análise: cruzamento de dados com Receita Federal, INSS, Dataprev e CadÚnico.
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Pagamento: crédito em conta digital e saques escalonados conforme mês de nascimento.
No auge do programa, 68 milhões de brasileiros receberam o benefício — um número impressionante, que colocou o Brasil entre os países com maior volume de transferências diretas no mundo.
Impacto do Auxílio Emergencial na economia
Apesar das polêmicas, o programa teve um impacto inegavelmente positivo.
Ele ajudou a evitar um colapso social durante a pandemia, reduziu a pobreza extrema e manteve o consumo básico ativo.
De acordo com o Ipea, o Auxílio Emergencial foi responsável por reduzir em até 23% o índice de pobreza no país em 2020.
Em diversas regiões, especialmente no Norte e Nordeste, o benefício foi a principal fonte de renda das famílias por vários meses.
Por que a devolução é importante para o governo
A devolução tem um duplo objetivo: corrigir distorções e recuperar recursos públicos.
O governo afirma que cada real devolvido pode ser reinvestido em programas sociais legítimos, como o Bolsa Família e o Auxílio-Gás, que continuam ativos em 2025.
Além disso, a ação reforça a importância da transparência e responsabilidade no uso do dinheiro público — algo essencial para manter a confiança da população nos programas de transferência de renda.
O que esperar daqui para frente
O processo de notificação e devolução deve continuar pelos próximos meses, com novas rodadas de cruzamento de dados sendo realizadas.
Quem recebeu o auxílio indevidamente ainda pode ser identificado e chamado a devolver o valor, mesmo que o pagamento tenha ocorrido há anos.
A recomendação oficial é simples: verifique a situação no VEJAE, mantenha seus dados atualizados no Gov.br e regularize qualquer pendência o quanto antes.
O governo, desta vez, não quer punir — mas corrigir os erros do passado e garantir que a ajuda chegue a quem realmente precisa.