Salário mínimo: valores para 2026,2027 e 2028 são revelados e surpreende trabalhadores
O brasileiro já se acostumou a ouvir que o salário mínimo sobe todo começo de ano. Mas, quando os valores projetados até 2028 vieram a público, muita gente ficou de queixo caído. Pela primeira vez desde o retorno da política de valorização em 2023, o governo apresentou um cronograma de aumentos que promete mexer com o bolso — e também com as expectativas — de milhões de trabalhadores.
Vamos direto ao ponto: segundo as projeções enviadas pelo governo ao Congresso Nacional no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), o salário mínimo deve subir para R$ 1.631 em 2026, R$ 1.725 em 2027 e R$ 1.823 em 2028. E sim, esses números são mais otimistas do que muita gente esperava.
A política que mudou o jogo
Desde 2023, o Brasil voltou a adotar uma política de valorização do salário mínimo que vai além da simples correção da inflação. A regra é clara: o reajuste anual soma a variação do INPC (inflação) do ano anterior mais o crescimento real do PIB de dois anos antes.
Em outras palavras, o trabalhador só ganha aumento “de verdade” — ou seja, acima da inflação — quando o país cresce. E foi exatamente isso que aconteceu nos últimos anos. Com a economia mostrando sinais de recuperação, o PIB registrou crescimento em 2024, o que agora se reflete nas previsões de 2026.
Essa fórmula parece técnica, mas o impacto é bem palpável. Um aumento de 7,44% está previsto para 2026, elevando o salário de R$ 1.518 (2025) para R$ 1.631. Pode parecer pouco, mas esse reajuste se desdobra em cadeia: benefícios do INSS, o abono PIS/Pasep, o seguro-desemprego e até o BPC/Loas são diretamente impactados por esse novo valor.
Projeções do salário mínimo: os números que animam o trabalhador
Vamos aos números projetados com base no PLOA — e nos fatores que influenciam cada um deles.
2026: R$ 1.631
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Base de cálculo: aumento de 7,44% sobre o salário mínimo de 2025 (R$ 1.518).
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Fatores considerados: inflação (INPC) acumulada + crescimento do PIB de 2024, estimado em cerca de 2,5%.
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Situação atual: valor já incluído no projeto orçamentário e aguardando aprovação do Congresso.
2027: R$ 1.725
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Base de cálculo: depende do INPC de 2026 e do PIB de 2025.
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Expectativa: se o PIB mantiver crescimento próximo de 2%, o ganho real continuará.
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Situação: previsão do governo sujeita a ajustes.
2028: R$ 1.823
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Base de cálculo: INPC de 2027 + PIB de 2026.
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Situação: ainda é uma estimativa, mas representa um aumento acumulado de cerca de 20% em quatro anos.
Se confirmado, o salário mínimo nacional passará a ser R$ 305 mais alto em 2028 do que em 2025. É um avanço importante — embora ainda distante do que o DIEESE considera o valor “ideal” para viver com dignidade no Brasil.
O cálculo passo a passo (sem complicação)
O governo segue uma lógica simples para definir o novo valor:
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Apura a inflação (INPC) acumulada dos últimos 12 meses.
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Adiciona o crescimento do PIB de dois anos antes.
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Soma os dois resultados e aplica sobre o valor vigente do salário mínimo.
Por exemplo, se a inflação ficar em 4,8% e o PIB tiver crescido 2,5%, o reajuste será de aproximadamente 7,3%.
Essa combinação busca garantir que o trabalhador não perca poder de compra e, ao mesmo tempo, tenha um pequeno ganho real. É uma tentativa de equilibrar o bem-estar social com a responsabilidade fiscal — uma equação que, convenhamos, nem sempre fecha tão facilmente.
Mas afinal, quem aprova tudo isso?
Nenhum aumento é automático. Todo ano, o Ministério da Fazenda e o Ministério do Planejamento enviam o valor previsto ao Congresso Nacional por meio do PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual).
Os deputados e senadores podem discutir, propor alterações e, por fim, aprovar o texto. Só depois dessa etapa o novo salário mínimo é sancionado pelo presidente e passa a valer a partir de 1º de janeiro.
Ou seja: as projeções para 2026, 2027 e 2028 são uma promessa, não uma garantia. Tudo depende do desempenho da economia e da aprovação política.
O que pode mudar até lá
A economia é como um jogo de xadrez em constante movimento. E diversos fatores podem influenciar os reajustes:
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Inflação: se disparar, o governo será obrigado a rever as projeções.
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PIB: se o crescimento cair, o ganho real pode desaparecer.
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Cenário político: mudanças de prioridade fiscal podem alterar o rumo das contas públicas.
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Crises externas: conflitos internacionais, desastres climáticos ou recessões globais também impactam a economia nacional.
Em resumo, os números são otimistas, mas o futuro ainda depende de como o país vai se comportar nos próximos trimestres.
O salário mínimo e o impacto no bolso dos brasileiros
Parece um detalhe técnico, mas o reajuste do salário mínimo é um dos movimentos mais importantes da economia nacional. Isso porque ele serve de base para:
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Aposentadorias e pensões do INSS.
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Seguro-desemprego.
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Abono salarial do PIS/Pasep.
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Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Cada real a mais no salário mínimo tem efeito multiplicador: movimenta o comércio, aumenta o consumo e, em contrapartida, eleva os custos da União com benefícios. Só o INSS, por exemplo, deve gastar mais de R$ 25 bilhões adicionais com o reajuste de 2026, segundo estimativas do Ministério da Fazenda.
E o salário ideal, segundo o DIEESE?
Agora vem o choque de realidade.
De acordo com o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o valor do salário mínimo necessário para garantir uma vida digna a uma família de quatro pessoas — conforme prevê a Constituição — deveria ser de R$ 7.147,91 em agosto de 2025.
Isso significa que o salário mínimo real é 4,7 vezes menor do que o ideal calculado pela instituição.
O DIEESE considera despesas com alimentação, moradia, transporte, saúde, educação, vestuário, higiene e lazer. A conta é feita mensalmente com base no custo de vida médio das capitais brasileiras.
Essa disparidade deixa claro que, embora o salário mínimo avance, ele ainda está longe de garantir o poder de compra necessário para o sustento de uma família.
Comparando Brasil e mundo: onde estamos?
Em comparação internacional, o Brasil ainda tem um dos menores salários mínimos entre as maiores economias. Em valores convertidos para dólares, o mínimo brasileiro gira em torno de US$ 300, enquanto países como Chile e Uruguai já ultrapassam US$ 500.
A diferença se deve principalmente ao custo de vida, à produtividade e à política econômica de cada país.
Ainda assim, o Brasil dá sinais de recuperação após anos de congelamento ou reajustes apenas pela inflação, o que fez o poder de compra encolher na década passada.
Os estados com salários mínimos próprios
Nem todos os trabalhadores seguem o salário mínimo nacional.
Cinco estados brasileiros — São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro — adotam salários mínimos regionais, geralmente mais altos.
Esses pisos são definidos por leis estaduais e levam em conta o custo de vida local e a força dos sindicatos regionais.
No Paraná, por exemplo, o salário mínimo regional em 2025 já chega a R$ 1.927,02, sendo o maior do país.
Se essa tendência continuar, o trabalhador paranaense pode ver o piso estadual ultrapassar a marca de R$ 2.200 até 2028, caso o crescimento econômico regional acompanhe as projeções nacionais.
O que esperar dos próximos reajustes
A grande vantagem da política de valorização é a previsibilidade. Diferente dos anos em que o salário mínimo era reajustado “no olho”, agora há uma metodologia clara e transparente.
Mas a surpresa pode vir do PIB. Se o crescimento econômico dos próximos anos superar o esperado, os aumentos serão maiores do que o previsto.
Por outro lado, uma desaceleração pode achatar as correções, limitando os ganhos reais.
Para o trabalhador, a mensagem é simples: o mínimo vai subir, sim, e o ritmo atual indica uma trajetória de alta consistente. Mesmo que o valor ainda esteja distante do ideal do DIEESE, a política atual garante uma evolução gradual, e isso já é uma boa notícia para quem vive com o orçamento apertado.
Resumo dos valores projetados
Ano | Salário mínimo previsto | Percentual de aumento | Situação |
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2025 | R$ 1.518,00 | — | Em vigor |
2026 | R$ 1.631,00 | +7,44% | Em tramitação no Congresso |
2027 | R$ 1.725,00 | +5,76% (estimado) | Previsão |
2028 | R$ 1.823,00 | +5,68% (estimado) | Previsão |
O salário mínimo e o futuro da economia
O reajuste do mínimo é mais do que um número na folha de pagamento. Ele é um termômetro da economia brasileira. Quando o governo projeta aumentos consistentes, o mercado lê isso como sinal de confiança no crescimento do país.
Além disso, o aumento do mínimo aquece o consumo, impulsiona pequenos comércios e ajuda a reduzir a desigualdade. Por outro lado, ele também pressiona o orçamento da União e dos estados, o que exige equilíbrio nas contas públicas.
Em um país onde cerca de 50 milhões de pessoas recebem algum tipo de renda atrelada ao salário mínimo, cada centavo faz diferença.
E, se as previsões se confirmarem, os próximos anos prometem um cenário de otimismo moderado — com o trabalhador ganhando um pouco mais, e o Brasil voltando a crescer passo a passo.