Imagine descobrir que uma simples consulta médica pode mudar completamente o rumo da sua vida financeira. Pois é exatamente isso que pode acontecer para milhares de brasileiros com o novo reforço da Lei 8.213/91, que garante aposentadoria imediata ou auxílio-doença sem carência para quem sofre com uma das 17 doenças graves reconhecidas oficialmente pelo INSS.
A saber, o detalhe que mais chama atenção: uma dessas doenças é extremamente comum e atinge milhões de pessoas todos os anos — muitas delas sem saber que têm direito ao benefício.
O que é o auxílio-doença (ou benefício por incapacidade temporária)
A princípio, o auxílio-doença, também conhecido oficialmente como benefício por incapacidade temporária, é um dos pilares da Previdência Social. Ele funciona como um “salário substituto” para quem precisa se afastar do trabalho por motivo de saúde.
Se o trabalhador fica incapacitado por mais de 15 dias consecutivos, ele pode pedir o benefício, desde que comprove a condição por meio da perícia médica do INSS.
Esse direito vai para praticamente todos os tipos de contribuintes:
Trabalhadores com carteira assinada;
Autônomos e microempreendedores individuais (MEIs);
Segurados especiais, como pescadores, lavradores e agricultores;
E até contribuintes facultativos, como donas de casa e estudantes que optaram por contribuir ao INSS.
Ou seja: se você paga o INSS, mesmo que de forma autônoma, tem direito a recorrer ao auxílio-doença — desde que cumpra as exigências legais.
O que é a carência e quando ela passa por exigência
Antes de entender a lista de doenças, é importante saber o que significa “carência” no mundo previdenciário.
A carência nada mais é do que o número mínimo de contribuições mensais que o trabalhador precisa ter feito ao INSS para ter direito a um benefício.
No caso do auxílio-doença, a regra geral exige 12 contribuições mensais.
Mas há duas grandes exceções:
Quando o afastamento é causado por acidente de qualquer natureza, inclusive doméstico ou de trajeto.
Quando o trabalhador é diagnosticado com uma das 17 doenças graves reconhecidas pelo governo federal.
Nessas situações, o benefício é concedido sem precisar esperar o período mínimo de 12 meses de contribuição.
As 17 doenças que garantem o benefício imediato
A lista oficial das doenças que dispensam carência está prevista no artigo 151 da Lei 8.213/91 e passou por atualização pela Portaria Interministerial MTP/MS de 2022.
Confira as 17 doenças que dão direito ao auxílio-doença ou aposentadoria imediata, mediante comprovação médica:
Tuberculose ativa
Hanseníase (lepra)
Transtorno mental grave, com alienação mental
Neoplasia maligna (câncer)
Cegueira total
Paralisia irreversível e incapacitante
Cardiopatia grave (problemas sérios no coração)
Doença de Parkinson
Espondilite anquilosante (doença inflamatória na coluna)
Nefropatia grave (problemas renais avançados)
Doença de Paget em estágio avançado (osteíte deformante)
Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS)
Contaminação por radiação, com comprovação médica especializada
Hepatopatia grave (doenças graves do fígado, como cirrose avançada)
Esclerose múltipla
Acidente vascular encefálico (AVC agudo)
Abdome agudo cirúrgico (emergência abdominal com risco de morte)
Entre todas essas, uma se destaca por ser extremamente comum: a cardiopatia grave, que pode incluir casos de infarto, insuficiência cardíaca e até arritmias sérias.
Segundo o Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares são a principal causa de afastamento do trabalho e aposentadorias precoces no Brasil, o que faz dessa condição uma das mais relevantes da lista.
Como funciona o processo de comprovação médica
Ter uma das doenças da lista não significa receber o benefício automaticamente.
É preciso comprovar a incapacidade para o trabalho, e isso acontece por meio da perícia médica do INSS.
Durante a análise, o perito avalia:
A gravidade da doença;
O tempo necessário de recuperação;
E se há realmente impossibilidade de exercer as atividades profissionais.
Caso a incapacidade seja temporária, o segurado recebe o auxílio-doença.
Se for permanente, o benefício pode ser convertido em aposentadoria por invalidez (atualmente chamada de aposentadoria por incapacidade permanente).
Requisitos para solicitar o benefício em 2025
Mesmo com as doenças graves, o INSS exige que o trabalhador cumpra alguns requisitos básicos.
Os principais são:
Qualidade de segurado – a pessoa precisa estar contribuindo para o INSS ou dentro do chamado período de graça.
Incapacidade temporária ou permanente – deve existir uma limitação que realmente impeça o exercício da profissão.
Comprovação médica detalhada – todos os laudos e exames precisam ser apresentados e assinados por um profissional habilitado.
O período de graça, vale lembrar, é o tempo em que o trabalhador mantém os direitos previdenciários mesmo sem contribuir. Ele pode variar de 12 a 36 meses, dependendo do tempo de contribuição anterior.
Como pedir o auxílio-doença passo a passo em 2025
O pedido pode ser feito 100% online, sem precisar ir até uma agência da Previdência. Veja o passo a passo:
Acesse o portal Meu INSS ou o aplicativo oficial;
Entre com sua conta Gov.br;
Vá até a opção “Agendamentos/Solicitações”;
Clique em “Benefício por Incapacidade” e selecione “Auxílio-Doença”;
Anexe todos os laudos, atestados e exames médicos;
Aguarde o agendamento da perícia (ou a análise automática, em alguns casos).
Dica importante:
Os laudos médicos devem conter:
O CID (Código Internacional da Doença);
O tempo estimado de afastamento;
E a assinatura e carimbo do médico responsável.
Sem essas informações, o INSS pode indeferir o pedido.
Quando o auxílio pode virar aposentadoria
Em primeiro lugar, se a perícia médica comprovar que a incapacidade não tem previsão de melhora, o benefício é convertido automaticamente em aposentadoria por incapacidade permanente.
Nesse caso, o segurado recebe mensalmente um valor calculado com base na média de suas contribuições, podendo chegar a 100% do salário de benefício — principalmente quando a doença é considerada grave.
A grande vantagem é que, nesses casos, o trabalhador não precisa esperar o tempo mínimo de contribuição (carência).
Quanto o trabalhador recebe de auxílio-doença
O valor do benefício não é fixo. Ele é calculado de acordo com a média das contribuições ao INSS, respeitando o limite do teto previdenciário, que em 2025 é de R$ 7.786,02.
Ademais, é importante frisar que a fórmula considera a média dos 80% maiores salários de contribuição desde julho de 1994, e o benefício final não pode ser menor que um salário mínimo (R$ 1.518,00 em 2025).
Doença grave detectada: o que fazer imediatamente
Se um médico confirmar que você tem uma das doenças da lista, é fundamental não adiar o pedido.
Junte todos os documentos médicos e de identidade;
Acesse o Meu INSS;
Faça o requerimento o quanto antes.
O benefício começa a contar a partir da data do pedido, e não da doença em si — por isso, cada dia de atraso pode significar dinheiro perdido.
Um olhar humano sobre o tema
É importante entender que essa lei não é um privilégio, mas sim um direito social garantido por décadas de contribuição.
O trabalhador que adoece e não consegue mais exercer sua profissão não está pedindo favor — está apenas reivindicando o que já é seu por direito.
E o fato de o governo manter uma lista de doenças sem carência é uma forma de garantir dignidade a quem mais precisa de proteção imediata.
Muitas vezes, o diagnóstico chega de forma inesperada, abalando não apenas a saúde, mas também as finanças da família. E é justamente aí que entra o papel do INSS: oferecer segurança, renda e tranquilidade num momento tão delicado.
Com linguagem simples, direta e humana, o tema reforça algo essencial: conhecer seus direitos pode mudar a vida de quem enfrenta uma doença grave.
Por fim, a lista atualizada das 17 doenças, milhares de brasileiros podem respirar aliviados — e, principalmente, garantir o sustento de suas famílias em meio às dificuldades.