A UnitedHealth Group, uma das maiores empresas de saúde do mundo, anunciou recentemente que pretende vender suas operações no Brasil. Essa notícia pegou muitos clientes de surpresa e gerou preocupação entre eles. Afinal, a UnitedHealth Group é a proprietária da Amil, uma das maiores rivais da Unimed no país, além da Americas Serviços Médicos.
Segundo o Bank of America Merrill Lynch (BofA), a Amil está avaliada entre R$10 bilhões e R$15 bilhões, sem considerar a carteira de planos de saúde individuais. Essa é uma estimativa significativa, que demonstra o valor do negócio.
Vale ressaltar que esta não é a primeira vez que o grupo norte-americano tenta vender suas operações no Brasil. Em negociações anteriores, eles já tentaram dividir o negócio. No ano passado, a empresa ofereceu R$3 bilhões por cerca de 340 mil contratos de convênio individual e 4 hospitais, mas a transação foi barrada pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Desafios para a venda
Um dos principais entraves para a venda de toda a operação no Brasil é a carteira de planos de saúde individuais da Amil. Essa carteira, que possui mais de 300 mil vidas, é deficitária e tem seus reajustes controlados pela ANS. Essa situação dificulta a negociação e cria um desafio para a UnitedHealth Group.
Uma possível solução seria a venda para outro grande grupo internacional que deseje entrar no mercado brasileiro. No entanto, há ceticismo em relação a esse caminho. Harold Takahashi, sócio da Fortaleza Partner e especialista em fusões e aquisições na área da saúde, acredita que é improvável que um comprador internacional se interesse, devido à complexidade do mercado brasileiro.
O mercado brasileiro de saúde
A decisão da UnitedHealth Group em vender suas operações no Brasil está relacionada à resposta negativa da ANS e à piora do cenário do mercado brasileiro no segmento da saúde. As operadoras de saúde têm enfrentado um aumento na sinistralidade pós-pandemia, devido a fatores como o maior uso dos planos de saúde pelos beneficiários, inflação médica e crescimento das fraudes.
A Amil é uma das principais operadoras de saúde do país, contando com cerca de 5,4 milhões de usuários entre os planos de saúde e dental. Além disso, possui uma ampla rede com 19 unidades hospitalares, 52 unidades ambulatoriais e mais de 1.600 hospitais credenciados. Já a Américas Serviços Médicos possui 12 hospitais e 30 clínicas médicas em 6 estados brasileiros.
Possíveis compradores
Apesar dos desafios envolvidos na venda, há interesse de grupos estratégicos locais em adquirir a operação da UnitedHealth Group. Esses grupos possuem sinergias que podem ser aproveitadas, o que os torna mais propensos a oferecer um valor maior pela empresa.
Por outro lado, a entrada de um grande grupo internacional no mercado brasileiro é vista com ceticismo. Esses grupos teriam que construir uma base do zero no Brasil, o que demandaria tempo e recursos significativos.
A venda das operações da UnitedHealth Group no Brasil, incluindo a Amil e a Americas Serviços Médicos, surpreendeu os clientes e gerou incertezas no mercado. A expectativa é que a venda seja realizada por um valor expressivo devido ao porte e importância das operações envolvidas.
No entanto, os desafios relacionados à carteira de planos de saúde individuais da Amil e ao mercado brasileiro de saúde como um todo podem dificultar a negociação. Ainda assim, existem interessados locais que enxergam oportunidades nessa transação.
