Quem recebe BPC pode acumular o Bolsa Família? Governo confirma regras

O Bolsa Família e o BPC (Benefício de Prestação Continuada) estão entre os programas mais importantes de assistência social no Brasil. Ambos garantem uma renda mínima a famílias e cidadãos em situação de vulnerabilidade, mas suas regras de concessão levantam dúvidas recorrentes — principalmente sobre a possibilidade de acumular os dois benefícios ao mesmo tempo.

Antes de mais nada, é importante compreender a natureza de cada programa e o que mudou nas normas de acúmulo de benefícios a partir de 2024.

O que é o BPC/LOAS e quem tem direito

O Benefício de Prestação Continuada (BPC), regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), garante um salário mínimo mensal para idosos com 65 anos ou mais e pessoas com deficiência que comprovem não possuir meios de se sustentar nem de ter seu sustento garantido pela família.

Em 2025, o valor pago é de R$ 1.518,00, correspondente ao salário mínimo vigente. Esse benefício é assistencial, ou seja, não é aposentadoria e não gera direito ao 13º salário.

Para ter direito ao BPC, é preciso:

  • Ter renda familiar per capita de até ¼ do salário mínimo (R$ 379,50 em 2025);
  • Estar inscrito e com os dados atualizados no Cadastro Único (CadÚnico);
  • No caso de pessoa com deficiência, passar por avaliação médica e social feita pelo INSS;
  • Comprovar vulnerabilidade socioeconômica, considerando gastos com saúde e condições de vida.

O benefício é individual e intransferível, podendo ser concedido a mais de uma pessoa da mesma família, desde que ambas cumpram as exigências.

O que é o Bolsa Família e quem pode participar

O Bolsa Família é o principal programa de transferência de renda do governo federal, destinado a famílias em situação de pobreza e extrema pobreza. Em 2025, ele beneficia mais de 20 milhões de famílias.

Para participar, a renda mensal por pessoa da família deve ser de até R$ 218,00, e todos os integrantes precisam estar registrados no CadÚnico.

O programa é pago pela Caixa Econômica Federal e possui valor mínimo de R$ 600,00, podendo aumentar conforme a composição familiar. Veja os benefícios complementares:

BenefícioDescriçãoValor
BPI (Benefício Primeira Infância)Para famílias com crianças de até 7 anos incompletosR$ 150 por criança
BVF (Benefício Variável Familiar)Para gestantes e jovens de 7 a 18 anos incompletosR$ 50 por pessoa
BVN (Benefício Familiar Nutriz)Para famílias com bebês de até 7 mesesR$ 50 por bebê
BVJ (Benefício Variável Jovem)Para jovens de 16 e 17 anos matriculadosR$ 100 por jovem
BCO (Benefício Complementar)Garante o valor mínimo de R$ 600,00 por famíliaVariável

Além disso, o Bolsa Família exige o cumprimento das condicionalidades: frequência escolar, vacinação e acompanhamento de saúde, especialmente de gestantes e crianças.

Diferenças principais entre BPC e Bolsa Família

Embora ambos sejam programas de assistência, eles têm públicos e objetivos distintos:

  • O BPC é individual, voltado a idosos e pessoas com deficiência em vulnerabilidade;
  • O Bolsa Família é familiar, voltado a famílias de baixa renda, com prioridade a gestantes e crianças;
  • O BPC paga valor fixo (um salário mínimo), enquanto o Bolsa Família é variável, dependendo do número de pessoas e da composição familiar;
  • O BPC não exige condicionalidades, mas o Bolsa Família exige acompanhamento de saúde e educação.

Posso receber BPC e Bolsa Família juntos em 2025?

Sim. Desde maio de 2024, o governo federal atualizou as regras para permitir que quem recebe o BPC também possa receber o Bolsa Família.

Com a mudança, o valor do BPC não é mais considerado no cálculo da renda familiar per capita para concessão do Bolsa Família.

Em outras palavras, se um idoso ou pessoa com deficiência recebe o BPC, esse valor não entra na conta de renda da família. Assim, o grupo pode se enquadrar nos critérios e também receber o Bolsa Família, desde que os demais membros estejam dentro do limite de renda e requisitos do programa.

Por exemplo:

  • Um idoso recebe R$ 1.518,00 de BPC;
  • Ele mora com a filha e dois netos, sem outras fontes de renda;
  • O valor do BPC não será considerado no cálculo da renda familiar;
  • Logo, a família pode se enquadrar no Bolsa Família e receber, além do BPC, o benefício mínimo de R$ 600,00 e adicionais.

Por que o governo alterou essa regra

A exclusão do BPC do cálculo da renda familiar foi aprovada para ampliar a proteção social. Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS), havia casos em que famílias com apenas um beneficiário do BPC eram excluídas do Bolsa Família, mesmo em condições precárias.

Com a atualização, o governo busca alcançar mais famílias vulneráveis, especialmente aquelas com pessoas idosas ou com deficiência.

Essa alteração é vista como um avanço na integração das políticas de assistência, evitando lacunas no atendimento de quem mais precisa.

BPC conta como renda para o Bolsa Família?

Em regra, não mais. A partir de 2024, o BPC não entra no cálculo da renda per capita usado para avaliar a elegibilidade do Bolsa Família.

No entanto, é fundamental manter o CadÚnico atualizado e informar corretamente todos os membros e rendas da família. Se houver outras fontes de renda, elas continuarão sendo consideradas.

A atualização dos dados é obrigatória a cada dois anos ou sempre que houver mudança na renda, endereço, composição familiar ou situação de trabalho.

Dois membros da mesma família podem receber o BPC?

Sim. A legislação permite que duas pessoas da mesma família recebam o BPC simultaneamente, desde que cada uma cumpra os critérios individualmente.

E mais: mesmo que ambas recebam o benefício, os valores não entram no cálculo da renda familiar.

Isso significa que a família ainda pode ser elegível ao Bolsa Família, dependendo da situação socioeconômica dos demais integrantes.

Outros benefícios que podem ser acumulados com o BPC

Embora o BPC não possa ser acumulado com aposentadorias ou pensões do INSS, há benefícios e serviços que podem ser recebidos juntos. Veja:

  • Serviços de saúde gratuitos pelo SUS, incluindo consultas, tratamentos e internações;
  • Programas educacionais e bolsas de estudo públicas;
  • Pensões indenizatórias, como as concedidas por acidentes ou decisões judiciais;
  • Auxílios eventuais oferecidos por prefeituras, como cestas básicas e benefícios emergenciais.

Esses direitos são independentes do BPC e podem ser mantidos normalmente.

Como saber se a renda familiar permite acumular BPC e Bolsa Família

O primeiro passo é calcular a renda per capita da família. Some todos os rendimentos (salários, pensões, auxílios, etc.) e divida pelo número de pessoas que moram na casa.

No cálculo do Bolsa Família, o BPC não entra na conta. Logo, se o valor final for de até R$ 218,00 por pessoa, a família poderá receber o benefício.

Como solicitar o Bolsa Família recebendo o BPC

Em primeiro lugar, é essencial estar inscrito no CadÚnico, o cadastro que reúne informações de famílias de baixa renda.

O cadastro é feito presencialmente no CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) mais próximo, pelo Responsável Familiar.

Documentos necessários:

  • Documento de identificação com foto (RG, CNH ou novo RG/CIN);
  • CPF de todos os membros da família;
  • Comprovante de residência;
  • Comprovantes de renda (se houver).

Depois do registro, os dados são avaliados pelo MDS e pela Caixa Econômica Federal, que define a inclusão no Bolsa Família.

É importante destacar que o cadastro no CadÚnico não garante o benefício automaticamente — é preciso aguardar a análise e a seleção mensal.

A consulta pode ser feita pelo aplicativo Bolsa Família ou pelo site do CadÚnico, informando CPF e senha.

Ester Farias

Ester Farias

Ester Santos Farias, 24 anos, é uma profissional apaixonada pela escrita e pelo universo jurídico. Graduanda em Direito, ela combina sua formação acadêmica com uma sólida experiência como redatora web.Com mais de seis anos de atuação no mercado digital, Ester se especializou na produção de conteúdos sobre benefícios sociais, direitos trabalhistas e direito previdenciário, tornando temas como INSS e BPC mais acessíveis e compreensíveis. Sua dedicação à escrita se reflete na precisão e qualidade dos textos, consolidando sua reputação como referência na produção e revisão de materiais voltados para o público online.Sempre em busca de aprimoramento, Ester alia sua expertise em redação à base jurídica adquirida na graduação. Seu trabalho é guiado pelo compromisso de informar e esclarecer, garantindo que o acesso à informação seja um direito de todos.