Não existe um valor fixo e universal para definir quem é rico no Brasil. A riqueza depende de muitos fatores: o custo de vida em cada região, o poder de compra, o tipo de renda e até a percepção individual sobre estabilidade financeira.
No entanto, com base em estudos econômicos e projeções recentes, é possível traçar um panorama de quanto será necessário ganhar para pertencer aos grupos de renda mais altos do país em 2026.
Os números consideram dados do IBGE, Receita Federal, Agência Brasil e projeções de bancos internacionais como o UBS (antigo Credit Suisse), que analisam a concentração de renda e o crescimento dos patrimônios.
Baseado na renda mensal
De acordo com as estimativas atualizadas, para estar entre o 1% mais rico do Brasil em 2026, será preciso ter renda mensal acima de R$ 27 mil. Esse grupo representa a elite econômica brasileira, responsável por uma fatia significativa da renda nacional.
Veja também: 5 carreiras que estão sobrando vagas e pagando mais de R$ 10 mil por mês – veja aqui
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e da Receita Federal, esse grupo tende a concentrar grande parte dos ganhos provenientes de lucros empresariais, investimentos e rendimentos de capital.
Já o 0,1% mais rico, formado por cerca de 150 mil pessoas, deverá receber em média R$ 103 mil por mês, segundo projeções baseadas em estudos da Agência Brasil e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Esse segmento corresponde à camada mais exclusiva da população — executivos de alto escalão, grandes empresários, investidores e herdeiros.
Distribuição de renda e desigualdade
O Brasil é um dos países com maior desigualdade de renda do mundo. Em 2025, dados do IBGE mostraram que o 1% mais rico concentra cerca de 27,4% de toda a renda nacional, enquanto metade da população sobrevive com menos de R$ 1.500 mensais.
Essa disparidade deve continuar em 2026, mesmo com o aumento nominal dos salários. O crescimento econômico tende a beneficiar de forma desproporcional as camadas mais altas, especialmente por meio de rendimentos financeiros e valorização patrimonial.
Baseado no patrimônio
Além da renda, o patrimônio acumulado é um dos principais critérios para definir riqueza. O relatório global de riqueza do Credit Suisse (agora UBS), publicado em 2022, projetou que o número de milionários brasileiros aumentará 115% até 2026.
Isso significa que o país deve ultrapassar a marca de 500 mil milionários, considerando como milionário quem possui patrimônio líquido superior a 1 milhão de dólares (cerca de R$ 5,6 milhões, na cotação média prevista para 2026).
Esse crescimento é impulsionado por três fatores principais:
- Inflação e valorização de ativos: O aumento geral de preços eleva o valor nominal dos patrimônios, especialmente imóveis e investimentos.
- Expansão do mercado financeiro: Cada vez mais brasileiros investem em ações, fundos imobiliários e renda fixa.
- Herdabilidade da riqueza: A concentração de patrimônio continua alta entre famílias tradicionais, o que perpetua a desigualdade intergeracional.
Diferença entre ser rico e viver como rico
Economistas destacam que ter alta renda não significa necessariamente ser rico. Segundo o economista Carlos Thadeu de Freitas Gomes, ex-diretor do Banco Central, muitas pessoas com rendimentos elevados enfrentam dificuldades financeiras devido ao alto padrão de consumo e endividamento.
O conceito de riqueza envolve mais do que o valor recebido por mês. Inclui estabilidade financeira, reservas de emergência, investimentos sólidos e ausência de dívidas.
Ou seja, um profissional com renda média, mas boa gestão financeira, pode ter uma vida mais tranquila do que alguém que ganha R$ 30 mil mensais e gasta tudo com despesas fixas e crédito.
Percepção de riqueza
Pesquisas de opinião mostram que a percepção de riqueza varia bastante. Um levantamento americano da Schwab, em 2023, revelou que o cidadão médio dos Estados Unidos acredita que seria preciso ter US$ 2,3 milhões para ser considerado rico.
No Brasil, embora não haja estudo oficial recente sobre a percepção popular, analistas estimam que a maioria dos brasileiros considera “rico” quem ganha acima de R$ 20 mil mensais ou possui patrimônio superior a R$ 2 milhões.
Esse valor, no entanto, varia conforme a cidade: em São Paulo ou Brasília, o custo de vida é bem mais alto que no interior de outros estados.
Riqueza relativa e poder de compra regional
Ser rico em São Paulo não é o mesmo que ser rico no interior do Maranhão. O custo de vida regional altera completamente o significado de riqueza. Por exemplo:
- São Paulo e Rio de Janeiro: Uma renda de R$ 27 mil permite um padrão de classe média alta, mas não garante luxo extremo devido aos altos custos com moradia, escola e transporte.
- Cidades menores e interior: O mesmo valor pode proporcionar uma vida de alto padrão, com casa própria, veículo, viagens e investimentos.
Portanto, a riqueza é relativa ao contexto local — um fator importante ao interpretar qualquer estatística sobre o tema.
Indicadores para se aproximar da elite financeira
Para quem deseja chegar ao topo da pirâmide, especialistas recomendam alguns pilares fundamentais:
- Educação financeira constante: Entender juros, investimentos e tributação é o primeiro passo.
- Investimentos de longo prazo: Foco em renda variável, fundos imobiliários e previdência privada.
- Controle de gastos: Renda alta não significa ausência de planejamento.
- Diversificação de fontes de renda: Empreender, investir e buscar múltiplos canais de ganho.
- Segurança patrimonial: Ter seguros, reservas e planejamento sucessório.
Esses elementos não apenas aumentam o patrimônio, mas garantem estabilidade e autonomia, características essenciais da verdadeira riqueza.