Ao longo de décadas, muitos sonhavam com uma resposta quase automática à pergunta “o que você vai estudar?”: “Engenharia!”. Era a escolha de quem queria prestígio, estabilidade e boas perspectivas, não é mesmo?
Mas se hoje você fizer essa mesma pergunta para uma sala de jovens do ensino médio, talvez receba respostas como “tecnologia”, “computação”, “gestão”, “marketing digital” e não mais “engenharia”. Aquele curso “top 1” entre brasileiros parece estar sumindo e muitos se perguntam o por quê.
Por que a engenharia está deixando de ser uma das opções mais buscadas
Durante muito tempo, engenharia era quase sinônimo de sucesso garantido. Entrar num curso como civil, elétrica, produção ou mecânica era sinal de que você escolheu bem, Portanto, quedas, desemprego, mercado saturado pareciam ameaça para outras profissões, mas não para engenheiros.
Isso também acontecia porque a expansão do Brasil (construção civil, obras de infraestrutura, saneamento, novas cidades, reformas urbanas) demandava muitos profissionais. Era negócio crescer em concreto, aço e cálculo.
No entanto, vieram várias mudanças que balançaram esse pedestal, que podem ser facilmente consideradas como:
Mais gente indo para a universidade
Com o acesso mais amplo ao ensino superior, cursos que antes eram raros passaram a ser comuns. A concorrência aumentou, e nem todo mundo que ingressou em engenharia terminou.Evasão e desistência
Engenharias costumam ter currículos longos, com disciplinas pesadas de exatas. Muitos estudantes acabam desistindo ou migrando para cursos mais leves.Tecnologia e automação
Ferramentas de modelagem, software, BIM, drones, digitalização de projetos deixam alguns papéis técnicos, que antes exigiam engenheiros, mais automatizados.Diversificação de carreiras modernas
Hoje jovens aspiram a áreas como dados, tecnologia da informação, inteligência artificial e startups. Ou seja, profissões com apelo futuro captam muita atenção e atraem investimentos.Imagem pública a jogo
A fama de “engenheiro vira motorista de Uber” (uma piada recorrente) sugere um mercado saturado — e isso afasta novos aspirantes.
Segundo reportagem da revista Veja, entre 2015 e 2023 houve queda de cerca de 25 % nas matrículas em cursos de engenharia. A engenharia civil teve queda ainda maior, de 52 %. Além disso, a evasão é alta: a cada 100 ingressantes, somente cerca de 35 concluem a graduação.
Empresas já sentem o peso e relatam dificuldade para encontrar engenheiros qualificados, especialmente em projetos grandes. Algumas têm investido em bolsas, estágios estruturados e parcerias com escolas para reverter o cenário.
Está acontecendo o apagão de engenheiros?
O termo “apagão de engenheiros” circula bastante em reportagens. Mas será que faz sentido? A resposta é: depende. Há sinais reais de dificuldades, principalmente para cursos tradicionais, mas também exageros.
Sim: o recuo nas matrículas, a evasão estudantil e relatos de empresas que não encontram profissionais. O famoso “apagão” é usado para dar dramaticidade, mas evidencia que surgem gargalos.
Não: apesar da queda em certas engenharias, ainda há especializações em alta demanda (estruturas, saneamento, energia renovável, infraestrutura). O setor de tecnologia, por exemplo, absorve engenheiros com habilidades novas.
Um estudo acadêmico mostra, em contexto mais amplo, que a escolha de curso e o momento econômico influenciam bastante o sucesso do profissional — não basta escolher engenharia automática: é preciso adaptação.
Quanto ganham hoje engenheiros civis no Brasil?
Dados recentes mostram como está o cenário salarial de quem escolheu engenharia civil e sua realidade é a seguinte:
A média para engenheiro civil no Brasil, segundo especialistas, é de R$ 9.243,49 mensais, considerando jornada de 42 horas semanais. Em 2025, há uma faixa salarial estimada entre o piso de R$ 8.624,78 e o teto de R$ 17.003,49 para engenheiro civil.
Segundo projeções mais otimistas, recém-formados (júnior) podem iniciar ganhando cerca de R$ 4.200, enquanto para profissionais mais experientes ou gestores, salários podem ultrapassar R$ 11.000.
No entanto, é importante destacar que esses valores variam bastante por:
- localidade,
- tamanho/porte da empresa,
- especialização ou setor,
- experiência e cargo (técnico vs cargo de liderança).