Economia

PIX ganha nova função que vai permitir recuperar seu dinheiro

O PIX já conquistou seu espaço no coração — e no bolso — do brasileiro. A princípio, em menos de cinco anos de existência, o sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central virou parte do dia a dia: de pagar o pastel da feira até quitar a conta de luz, basta um toque na tela. Rápido, gratuito e disponível 24 horas, o Pix caiu no gosto popular.

Mas, junto com a popularidade, veio também um problema: os golpes. Quem nunca ouviu uma história de um amigo ou conhecido que caiu em uma fraude envolvendo Pix? Seja aquele golpe da falsa central de atendimento, seja a clonagem do WhatsApp pedindo dinheiro, os criminosos encontraram no sistema um prato cheio para agir.

E foi justamente para enfrentar essa dor de cabeça que o Banco Central anunciou uma novidade que promete ser um divisor de águas: o botão de contestação de fraude, disponível a partir de 1º de outubro em todos os aplicativos bancários.

O que é o botão de contestação no Pix?

Imagine a seguinte cena: você percebe que caiu em um golpe. O dinheiro já foi transferido via Pix e a sensação de impotência toma conta. Até pouco tempo, não havia muito o que fazer, a não ser registrar um boletim de ocorrência e esperar — quase sempre em vão — que os bancos resolvessem a situação.

Agora, essa história muda. O botão de contestação surge como uma espécie de “sinal de alerta oficial” dentro do app do seu banco. Ele aciona imediatamente o Mecanismo Especial de Devolução (MED), um sistema criado pelo Banco Central para agilizar a recuperação de valores transferidos de forma fraudulenta.

Em outras palavras: com alguns cliques, você pode bloquear o dinheiro na conta do golpista antes que ele desapareça por completo.

Como funciona na prática?

Em primeiro lugar, é importante mencionar que processo é bem simples, o que é fundamental para quem está em uma situação de estresse. Veja como será:

  1. O cliente identifica uma transação suspeita.

  2. Dentro do aplicativo, acessa o botão “Contestar Pix” (ou nome equivalente, definido por cada banco).

  3. Ele informa o motivo da contestação: fraude, golpe ou coerção.

  4. O banco aciona o MED, que bloqueia o valor na conta de destino.

  5. As instituições financeiras têm até 7 dias para investigar a transação.

  6. Se a fraude for confirmada, o dinheiro volta para a conta da vítima em até 11 dias.

Ou seja, não é automático como um estorno de cartão de crédito, mas é muito mais ágil do que o que existia até agora.

Bloqueio parcial do PIX também é possível; entenda como vai funcionar

Um detalhe importante é que o botão não só permite bloquear o valor total, mas também quantias parciais. Isso aumenta a chance de a vítima recuperar pelo menos uma parte do dinheiro, caso o golpista já tenha transferido ou sacado parte do valor.

De acordo com o Banco Central, essa flexibilidade foi pensada para reduzir os danos financeiros e tornar o mecanismo mais realista frente às práticas dos criminosos.

Quando o botão de contestação pode ser usado?

Aqui entra um ponto crucial. O recurso não vale para qualquer arrependimento ou engano. Ele foi criado para situações específicas:

  • Golpes online e telefonemas falsos;

  • Fraudes envolvendo coerção (quando a vítima é obrigada a transferir sob ameaça);

  • Transações em que o usuário percebeu que caiu em um esquema criminoso.

Agora, o que fica de fora?

  • Erros de digitação na chave Pix (por exemplo, mandar para o número errado);

  • Arrependimento (“ah, não queria ter transferido”);

  • Conflitos de compra e venda (quando há disputa entre cliente e vendedor).

Esses casos continuam dependendo de negociação direta entre as partes ou via atendimento do banco.

Por que o Banco Central criou esse recurso agora?

Segundo o próprio BC, a medida é uma resposta direta ao aumento dos golpes com Pix. Embora o sistema seja seguro por natureza, a engenharia social — quando o criminoso engana a vítima para conseguir a transferência — se tornou um problema crescente.

Para dar uma ideia: relatórios de segurança bancária apontam que milhões de reais são desviados todos os anos em golpes digitais. A pressão da sociedade e de órgãos de defesa do consumidor levou o Banco Central a acelerar a implementação de soluções mais práticas.

O que os especialistas dizem sobre a novidade

Economistas e analistas de segurança digital comemoraram a chegada do botão. Muitos apontam que essa medida coloca o Pix em um patamar de proteção comparável ao dos cartões de crédito, em que o consumidor tem o direito de contestar cobranças.

Para o professor de economia digital João Barros, “a contestação direta pelo aplicativo diminui a burocracia e dá às pessoas um instrumento real para reagir rapidamente, o que é vital em golpes digitais”.

Já a especialista em direito do consumidor, Ana Paula Rodrigues, alerta que a medida não deve ser vista como um passe livre para descuido: “O botão ajuda, mas não elimina a responsabilidade do usuário em se proteger. Atenção e prevenção continuam sendo fundamentais”.

Vantagens para os usuários do Pix

O impacto para o dia a dia do consumidor é enorme. Entre os principais pontos positivos estão:

  • Mais confiança: saber que existe um recurso oficial de contestação aumenta a segurança do usuário.

  • Agilidade: a devolução pode ocorrer em até 11 dias, bem menos do que processos judiciais.

  • Acesso fácil: tudo é feito pelo aplicativo, sem filas ou telefonemas demorados.

  • Proteção digital: o recurso fortalece a imagem do Pix como meio de pagamento confiável.

E para os golpistas, o que muda?

Aqui está a cereja do bolo: os fraudadores perdem a vantagem da rapidez. Antes, bastava receber um Pix e transferir ou sacar em seguida para escapar. Agora, com o bloqueio imediato pelo MED, as chances de perderem o dinheiro aumentam bastante.

Especialistas acreditam que isso pode até desestimular certos tipos de golpe, já que o risco para os criminosos cresce.

O que o consumidor deve fazer em caso de golpe

Mesmo com o botão, alguns cuidados continuam essenciais:

  1. Acione o recurso o mais rápido possível.

  2. Registre um boletim de ocorrência.

  3. Guarde todos os comprovantes e prints da transação.

  4. Acompanhe o processo pelo app do banco.

  5. Mantenha contato com a instituição financeira.

Quanto mais rápido for o acionamento, maiores as chances de reaver o dinheiro.

O futuro da segurança no Pix

O botão de contestação é apenas uma das medidas em curso. O Banco Central já anunciou que trabalha em outras soluções, como monitoramento em tempo real de transações suspeitas e integração com sistemas de segurança cibernética.

Por fim, a meta é clara: transformar o Pix não só no método mais rápido e prático, mas também no mais seguro do Brasil.

Saulo Moreira

Saulo Moreira dos Santos, 29 anos, é um profissional comprometido com a comunicação e a disseminação de informações relevantes. Formado em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Salvador, descobriu sua verdadeira vocação na escrita e na criação de conteúdo digital. Com mais de 15 anos de experiência como redator web, Saulo se especializou na produção de artigos e notícias sobre temas de grande interesse social, incluindo concursos públicos, benefícios sociais, direitos trabalhistas e futebol. Sua busca por precisão e relevância fez dele uma referência nesses segmentos, ajudando milhares de leitores a se manterem informados e atualizados.… Mais »
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