Imagine um lugar onde chegar aos 100 anos não é apenas possível, mas quase comum. Esse lugar existe e se chama Japão. O governo japonês acaba de anunciar que o país bateu mais um recorde: 99.763 pessoas têm 100 anos ou mais, e adivinhe só: 88% são mulheres.
O mais incrível? Esse é o 55º ano consecutivo que o Japão lidera o ranking mundial de centenários. E tem até tradição: todo 15 de setembro, no Dia do Idoso, cada novo centenário recebe uma carta de parabéns e uma caneca de prata do primeiro-ministro. Em 2024, foram mais de 52 mil homenagens.
Mas o que será que faz o Japão ter tanta gente chegando ao século de vida? Dieta? Exercício? Genética? Ou tudo isso junto?
A mulher mais velha do Japão
De acordo com publicação do site Estado de Minas, no topo desse “clube dos 100+” está Shigeko Kagawa, com incríveis 114 anos. Moradora de Nara, ela supera até mesmo o homem mais velho do país, Kiyotaka Mizuno, de 111 anos.
E não pense que eles são exceção. Desde os anos 60, o número de centenários no Japão explodiu:
Em 1963, eram apenas 153 pessoas.
Em 1981, já passava de 1.000.
Em 1998, chegou a 10 mil.
Hoje, beira os 100 mil.
Ou seja: em apenas seis décadas, o país multiplicou por mais de 600 vezes o número de pessoas com 100 anos ou mais.
Mas afinal, qual o segredo?
Se tem algo que todo mundo concorda é que a dieta japonesa é um espetáculo à parte. Pouca carne vermelha, muito peixe, legumes, verduras e porções menores. Além disso, campanhas de saúde pública convenceram os japoneses a reduzirem sal e açúcar – enquanto no resto do mundo o consumo só aumenta.
Resultado? Menos obesidade, menos pressão alta, menos doenças cardíacas e câncer. E isso aparece nas estatísticas: o Japão tem índices bem menores desses problemas em comparação com outros países do G7, como Estados Unidos e Reino Unido.
E não é só isso: as mulheres japonesas, em especial, comem de forma ainda mais equilibrada, o que pode explicar por que elas vivem bem mais do que os homens.
Movimento é coisa séria por lá
Mas não adianta só comer bem e ficar parado. Os japoneses mantêm uma rotina ativa mesmo depois da aposentadoria. Caminham muito, usam transporte público e, pasme, têm até um programa diário de ginástica transmitido na TV: o Rádio Taiso.
Criado em 1928, ele traz 3 minutos e meio de exercícios simples, mas que milhões de pessoas fazem juntas, em casa, nos parques e até nas empresas. É quase um “bom dia, corpo!” coletivo que mantém gerações inteiras se mexendo.
Okinawa: o paraíso dos centenários
Se existe um lugar no Japão que merece destaque, é Okinawa, uma das famosas “zonas azuis” do planeta – regiões onde as pessoas vivem mais e melhor.
Pesquisadores estudam Okinawa desde 1975 e descobriram que ali não é só a dieta que faz diferença. Há também fatores como:
Laços familiares e comunitários fortes
Práticas espirituais
Vida ativa mesmo na velhice
Cerca de um terço dos centenários de Okinawa são independentes e continuam cultivando hábitos saudáveis até muito além dos 90 anos.
Nem tudo são flores: os números já foram questionados
Em 2010, uma auditoria no Japão revelou algo curioso: mais de 230 mil pessoas registradas como centenárias não foram encontradas. Algumas tinham morrido décadas antes sem atualização dos registros.
Houve até casos suspeitos, como famílias que não reportavam a morte de parentes para continuar recebendo aposentadorias. Depois disso, o governo apertou o controle, mas o episódio deixou dúvidas sobre a precisão dos números.
Mesmo assim, ninguém nega: o Japão tem, sim, uma das maiores expectativas de vida do planeta.
Comparando com o resto do mundo
Hoje, segundo a ONU, existem cerca de 720 mil centenários fora do Japão. E esse número deve saltar para 3,7 milhões até 2054, com a China liderando, seguida de Estados Unidos, Índia, Japão e Tailândia.
Ou seja, viver 100 anos vai se tornar cada vez mais comum. Mas o Japão segue sendo exemplo de como hábitos saudáveis, comida equilibrada e vida ativa fazem diferença.
O que o mundo pode aprender com eles
No fim das contas, o Japão mostra que longevidade não vem de uma fórmula mágica, mas de uma soma de pequenos hábitos:
Comer bem e com moderação
Se manter ativo, mesmo na velhice
Ter uma vida social e familiar forte
Reduzir estresse e manter a mente saudável
E talvez aí esteja a grande lição: não se trata só de viver mais, mas de viver melhor.
