Nos últimos dias, o Nubank anunciou oficialmente uma novidade que tem gerado debate entre clientes e especialistas em segurança digital. A fintech confirmou a proibição de transferências acima de determinados valores via Pix, TED e até pagamentos de boletos quando o usuário estiver fora de uma rede Wi-Fi considerada confiável.
A medida faz parte do lançamento do chamado “Modo Rua”, um recurso de segurança que busca reduzir os riscos de golpes em locais públicos. O objetivo é dificultar a ação de criminosos que roubam celulares desbloqueados e tentam realizar transferências bancárias rapidamente.
Como funciona o Modo Rua do Nubank
O novo sistema exige que o cliente cadastre redes Wi-Fi de confiança dentro do aplicativo. Assim, sempre que o usuário estiver conectado a dados móveis ou a uma rede pública, o app passa a restringir operações financeiras, em especial o Pix.
Caso seja necessário realizar uma transação que ultrapasse os limites de segurança definidos pelo próprio Nubank, o cliente terá de passar por uma verificação adicional de reconhecimento facial. Essa dupla camada de proteção, segundo a fintech, pode ser decisiva em situações de roubo ou furto de celulares.
“Nosso compromisso é proteger o dinheiro dos clientes em ambientes mais vulneráveis, como ruas, transportes públicos e locais de grande movimento”, explicou o banco em comunicado.
O que muda para os clientes que usam Pix
Com a novidade, não será mais possível transferir grandes valores pelo Pix em qualquer lugar e a qualquer momento, sem passar pelo filtro de segurança do Modo Rua. Essa proibição temporária fora das redes de confiança visa diminuir o número de fraudes financeiras.
Na prática, o usuário poderá:
Realizar Pix e TED de valores menores, respeitando o limite definido automaticamente.
Fazer pagamentos de boletos dentro de valores reduzidos.
Solicitar valores via Pix normalmente.
Usar o reconhecimento facial para liberar transações acima do limite, mesmo fora da rede de confiança.
Essa mudança reforça a percepção de que o Pix se tornou um alvo prioritário de criminosos, justamente por sua instantaneidade.
Instabilidades no Pix do Nubank e a pressão por mais segurança
O anúncio acontece em meio a recentes relatos de instabilidade no Pix do Nubank, que afetaram usuários em várias regiões do país. Muitos clientes reclamaram de dificuldade para enviar e receber valores, o que reacendeu discussões sobre a dependência desse meio de pagamento.
Embora os problemas tenham sido resolvidos rapidamente, a situação reforçou a necessidade de medidas adicionais de segurança. Em golpes recentes, criminosos chegaram a esvaziar contas bancárias em questão de minutos após o roubo de smartphones.
Nesse contexto, o Modo Rua surge como resposta não apenas a uma demanda dos usuários, mas também como parte de um movimento maior do sistema financeiro.
Banco Central e as regras de proteção do Pix
O Banco Central, responsável pela regulação do Pix, já vinha reforçando as regras de segurança do sistema. Entre as medidas adotadas estão:
Limite noturno obrigatório para transferências de alto valor.
Possibilidade de bloqueio cautelar de recursos suspeitos por até 72 horas.
Incentivo ao uso de autenticação em duas etapas nos aplicativos bancários.
Maior responsabilidade das instituições financeiras em reembolsar clientes vítimas de fraude comprovada.
O Modo Rua, nesse sentido, acompanha essa tendência de endurecimento das regras de proteção digital, criando um bloqueio adicional em cenários considerados de risco.
Impactos para os usuários
Apesar de algumas críticas sobre a “proibição” temporária de transações fora de redes seguras, a maioria dos especialistas vê a medida como positiva para a proteção patrimonial dos clientes.
Segundo consultores de segurança digital, esse tipo de tecnologia pode evitar que golpes rápidos e comuns em grandes centros urbanos resultem em prejuízos irreparáveis.
Por outro lado, há quem questione se a mudança pode gerar transtornos em situações emergenciais, quando o usuário realmente precisa transferir valores mais altos estando fora de casa ou longe de uma rede de confiança.
O Nubank afirma que, nesses casos, o reconhecimento facial garante a flexibilidade necessária.
O que dizem os especialistas
Para especialistas em cibersegurança, o grande diferencial do Modo Rua é o fato de ser uma barreira preventiva automática. Enquanto outros bancos apostam apenas em alertas ou bloqueios após suspeitas de fraude, o Nubank optou por restringir o ambiente em que o cliente pode realizar determinadas transações.
Isso pode significar uma redução significativa de golpes de sequestro-relâmpago, furtos e assaltos com foco em transferências instantâneas.
Nubank mantém aposta em segurança digital
O Nubank, que hoje já atende mais de 100 milhões de clientes no Brasil, reforça que a segurança será prioridade em todas as suas soluções financeiras. O lançamento do Modo Rua se soma a outras medidas já existentes, como o bloqueio instantâneo de cartão pelo aplicativo, notificações em tempo real e senhas adicionais para determinadas transações.
Ao mesmo tempo, a fintech reconhece que não há sistema totalmente imune a fraudes, mas acredita que a soma de barreiras torna cada vez mais difícil a vida dos criminosos.
Considerações finais
A confirmação do Nubank sobre a proibição de transferências de valores maiores via Pix fora de redes seguras marca um novo capítulo na segurança bancária digital.
Embora possa gerar desconforto em alguns clientes, a medida reflete um esforço conjunto de fintechs e do Banco Central para proteger o sistema financeiro de fraudes crescentes.
O Modo Rua é mais um passo na adaptação dos bancos ao cenário atual, em que o Pix domina as transações e, consequentemente, se tornou alvo de criminosos.
No fim das contas, a novidade pode representar mais tranquilidade para quem precisa usar o celular nas ruas — ainda que isso venha acompanhado de restrições temporárias nas transferências.