Nos últimos anos, o Nubank se consolidou como um dos bancos digitais mais inovadores do Brasil, sempre buscando oferecer benefícios diferenciados aos seus clientes. Um dos recursos que mais chamaram atenção foi o cashback automático do cartão Ultravioleta, lançado em 2021 com rendimento de 200% do CDI.
Esse benefício, considerado por muitos especialistas como uma “aplicação automática” dentro do cartão de crédito premium, chegou ao fim. A fintech anunciou oficialmente que o rendimento será encerrado em 30 de setembro, marcando uma mudança significativa na forma como o Nubank recompensa os usuários de seu cartão de alta renda.
Como funcionava o cashback de 200% do CDI
Ao ser lançado, o Nubank Ultravioleta prometia unir praticidade e rendimento acima do mercado. O cliente recebia 1% de cashback em todas as compras, mas, em vez de parar por aí, o valor era automaticamente aplicado em um fundo que rendia 200% do CDI.
Esse modelo encantou consumidores que buscavam conveniência, já que não era necessário aplicar manualmente o valor em uma corretora ou escolher um produto de renda fixa. Bastava usar o cartão, acumular o cashback e acompanhar os rendimentos, que superavam até mesmo a taxa de muitos CDBs e fundos tradicionais.
De acordo com analistas financeiros, esse formato transformava o cartão em uma ferramenta híbrida: além de oferecer crédito e benefícios, funcionava como uma espécie de “poupança automática” para o cliente.
Por que o Nubank decidiu encerrar o benefício?
Segundo o Nubank, a principal razão para acabar com o rendimento foi o comportamento dos clientes. Muitos usuários estavam preferindo manter o dinheiro parado no cashback em vez de gastá-lo em compras, viagens ou experiências.
Em evento realizado no Anexo do MASP, em São Paulo, a vice-presidente do Ultravioleta, Aly Ahearn, afirmou que a proposta inicial do banco era incentivar o uso ativo do cartão, mas que o rendimento automático acabou se tornando uma forma de investimento.
“Os clientes optavam por guardar o dinheiro, deixando de lado os benefícios de consumo e experiências que fazem parte da proposta do cartão premium”, explicou Ahearn.
O que acontece com o cashback já acumulado?
O Nubank esclareceu que os clientes não precisam se preocupar em perder valores já obtidos. Todo o cashback gerado até 29 de setembro será contabilizado normalmente e continuará visível no mesmo espaço dentro do aplicativo.
No dia seguinte, 30 de setembro, o rendimento de 200% do CDI será descontinuado. Isso significa que os clientes verão o valor consolidado de seus cashbacks, mas a partir daí ele deixará de render automaticamente.
Ou seja, quem quiser continuar aplicando o dinheiro precisará transferi-lo para outras opções de investimento disponíveis na própria plataforma do Nubank, como CDBs, fundos de investimento ou Tesouro Direto, ou até mesmo em corretoras parceiras.
O que muda no Nubank Ultravioleta agora?
Com o fim do rendimento automático, o Nubank redesenhou os benefícios do Ultravioleta para torná-lo mais competitivo no mercado de cartões premium. A partir de outubro, os clientes contarão com:
1,25% de cashback em todas as compras, em vez do rendimento automático.
2,2 pontos por dólar gasto, que podem ser transferidos para programas de milhas aéreas.
Acesso às salas VIP do Priority Pass, um dos programas mais renomados do mundo.
Maior cobertura em seguros e benefícios internacionais, voltados para viagens.
Por outro lado, a mensalidade do cartão aumentou de R$ 49 para R$ 89, e os critérios para isenção também ficaram mais rígidos. Agora, o cliente precisa gastar mais no cartão ou manter investimentos mais elevados dentro do banco para evitar a cobrança.
Vale a pena continuar com o Ultravioleta?
A resposta depende do perfil de cada cliente.
Para quem usava o Ultravioleta principalmente como forma de investimento automático, o fim do rendimento de 200% do CDI pode diminuir a atratividade do produto. Nesse caso, pode ser mais vantajoso direcionar os valores para opções de renda fixa ou fundos oferecidos pelo Nubank e outras instituições.
Já para quem busca benefícios de viagem, acesso a salas VIP e acúmulo de pontos para programas de milhas, o novo modelo pode ser interessante. O cashback de 1,25% em compras é competitivo em relação a outros cartões do mercado, especialmente quando combinado aos pontos por dólar gasto.
Impacto no mercado financeiro
Especialistas apontam que a decisão do Nubank representa uma mudança de estratégia importante. O banco digital parece querer se consolidar não apenas como opção para investimentos acessíveis, mas também como marca premium no setor de cartões de crédito, disputando espaço com instituições como Bradesco, Itaú, Santander e bancos internacionais.
Além disso, ao encerrar o rendimento automático, o Nubank reduz custos internos, já que o pagamento de 200% do CDI em larga escala era considerado um benefício caro.
Como se preparar para a mudança
Para os clientes, o mais importante agora é se organizar antes do fim do benefício:
Acompanhar o saldo atual de cashback dentro do aplicativo do Nubank.
Verificar quanto será consolidado até 29 de setembro.
Planejar o destino do dinheiro após 30 de setembro, escolhendo entre gastar, resgatar ou aplicar em outro investimento.
Avaliar se os novos benefícios do Ultravioleta compensam a mensalidade maior.
O futuro do Nubank Ultravioleta
Apesar da mudança, o Nubank reforça que continua comprometido em oferecer um cartão de crédito diferenciado. A empresa aposta que a combinação de cashback competitivo, acúmulo de pontos e benefícios de viagem será suficiente para manter o interesse dos clientes mais exigentes.
Ainda assim, é inegável que o fim do rendimento automático de 200% do CDI marca o encerramento de uma era no banco digital. Muitos consumidores viam esse recurso como uma vantagem exclusiva e difícil de encontrar em concorrentes.
Agora, a fintech aposta em uma estratégia de exclusividade e status, buscando transformar o Ultravioleta em um cartão premium comparável às opções mais tradicionais do mercado.
