Nova Carteira de Identidade Nacional (CIN): o que muda com o novo RG
A nova Carteira de Identidade Nacional (CIN), também conhecida como novo RG, já está sendo emitida em todo o Brasil e promete transformar completamente a forma como o cidadão se identifica perante órgãos públicos e privados. O documento traz um padrão unificado, maior segurança e integração com o CPF, além de ser válido em formato físico e digital.
Embora o antigo RG ainda seja aceito até 2032, a substituição para a nova identidade será obrigatória a longo prazo. Antes de mais nada, veja o que muda e por que esse novo modelo é considerado um dos mais modernos do mundo.
1. CPF passa a ser o número único de identificação
A principal mudança da nova Carteira de Identidade Nacional é a substituição do número de RG pelo CPF como identificação única em todo o país.
A princípio, isso significa que o cidadão não terá mais diferentes números de identidade em cada estado — situação que antes gerava confusões e abria brechas para fraudes.
Ou seja, o CPF agora representa oficialmente o número de identidade nacional do brasileiro, válido tanto para fins civis quanto administrativos. Essa unificação facilita o cruzamento de informações entre bancos de dados do governo e reduz erros em cadastros públicos e privados.
2. Documento com formato físico e digital
Em segundo lugar, a CIN traz dois formatos válidos: físico (em papel de segurança ou cartão de policarbonato) e digital, disponível diretamente no aplicativo Gov.br.
A versão digital é gratuita e possui a mesma validade legal do documento físico. Além disso, pode ser acessada facilmente pelo celular, mesmo sem conexão à internet, após o primeiro download.
O padrão é único para todos os estados brasileiros, o que elimina diferenças regionais de layout, cores e informações. A primeira via — tanto física quanto digital — é emitida gratuitamente em qualquer unidade autorizada.
3. Inclusão de informações adicionais e dados de saúde
Antes de mais nada, a CIN também funciona como um documento mais completo e funcional. Ela permite a inclusão de informações médicas e sociais, como:
Tipo sanguíneo e fator Rh;
Indicação de doador de órgãos;
Número do Título de Eleitor;
Número da CNH;
PIS/PASEP;
Número de Identificação Social (NIS).
Em outras palavras, o cidadão pode reunir vários documentos em um só, simplificando sua rotina e reduzindo a necessidade de carregar diferentes papéis ou cartões.
4. Tecnologia e segurança reforçadas com QR Code
Outro ponto essencial da nova identidade é a segurança. A CIN adota tecnologia de ponta para evitar fraudes e falsificações.
Entre os principais elementos está o QR Code, impresso no verso do documento, que permite verificar a autenticidade em tempo real. Esse código direciona para a versão digital validada pelo Governo Federal, confirmando se o documento é verdadeiro.
Além disso, o novo RG traz marcas d’água, impressão ultravioleta e chip opcional em versões mais modernas, semelhantes a cartões bancários.
5. Padrão internacional: válido para viagens no Mercosul
Por fim, a CIN foi desenvolvida seguindo o padrão internacional ICAO 9303, o mesmo utilizado em passaportes.
Isso significa que o documento possui um código MRZ (Machine Readable Zone) — uma faixa legível por sistemas automatizados —, o que permite seu uso como documento de viagem dentro dos países do Mercosul, como Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile e Bolívia.
Na prática, brasileiros poderão viajar sem passaporte para esses países apenas apresentando a nova carteira de identidade.
A CIN substitui o antigo RG?
Sim, a Carteira de Identidade Nacional substitui o antigo RG, mas a troca não é obrigatória de imediato.
O documento atual continuará válido até 28 de fevereiro de 2032. A partir dessa data, somente a CIN, a CNH e o passaporte serão aceitos como formas oficiais de identificação no Brasil.
Vale destacar que, diferente do RG antigo, a CIN tem prazo de validade conforme a idade do titular:
De 0 a 12 anos incompletos: validade de 5 anos;
De 12 a 60 anos incompletos: validade de 10 anos;
A partir de 60 anos: validade indeterminada.
Ou seja, idosos não precisarão renovar o documento após essa idade.
Como emitir a nova Carteira de Identidade Nacional
A emissão da CIN é simples e gratuita na primeira via.
O cidadão deve agendar o atendimento pelo site oficial do instituto de identificação do estado (como o Poupatempo, em São Paulo, ou o Detran, em outros estados).
Será necessário apresentar:
Certidão de nascimento ou casamento atualizada;
CPF regularizado na Receita Federal;
Comprovante de residência recente.
Após o agendamento, é preciso comparecer pessoalmente para a coleta biométrica e assinatura digital. A entrega do documento costuma ocorrer em até 15 dias úteis, dependendo do estado.
Em quais estados é possível emitir a CIN
A CIN já está disponível em todos os 26 estados e no Distrito Federal, mas o agendamento varia conforme a estrutura de cada região.
Confira alguns exemplos de locais onde já é possível emitir o documento:
São Paulo: agendamento via Poupatempo;
Rio de Janeiro: emissão pelo Detran-RJ;
Minas Gerais: disponível nos postos da Polícia Civil;
Paraná: emissão nos postos do Instituto de Identificação;
Bahia: atendimento pelo SAC Digital.
Nos demais estados, o processo é semelhante. Em alguns casos, é possível agendar diretamente pelo site do governo estadual.
Quanto custa a segunda via do novo RG
A primeira emissão da CIN é gratuita, mas a segunda via pode ter custo em caso de perda, roubo ou dano.
Os valores variam conforme o estado. No Paraná, por exemplo, a taxa é de R$ 49,31. Já em São Paulo, o valor gira em torno de R$ 47,00.
Contudo, pessoas em situação de vulnerabilidade social ou inscritas no CadÚnico podem solicitar isenção de taxa, mediante comprovação no ato do atendimento.
Versão digital no aplicativo Gov.br
Após a emissão física, o cidadão pode ativar a versão digital da CIN no aplicativo Gov.br, disponível para Android e iOS.
O documento digital aparece automaticamente na conta do usuário e pode ser exibido mesmo offline, com validade em todo o território nacional.
A CIN também ajuda o cidadão a atingir o nível ouro no Gov.br, o que libera acesso a mais de 4,6 mil serviços digitais federais e outros 8 mil de estados e municípios. Isso inclui consulta ao INSS, CNH, PIS/Pasep, FGTS e Bolsa Família.
Por que o novo RG é mais seguro
Especialistas em segurança da informação afirmam que a CIN é um avanço tecnológico significativo no combate a fraudes.
De acordo com o professor Isaías de Queiroz Ramos, coordenador do curso de Cibersegurança da PUC-Campinas, a centralização dos dados “facilita a gestão de informações e reduz a fragmentação de sistemas públicos”.
Entretanto, ele ressalta que o sistema exige robusta infraestrutura tecnológica e proteção de dados, já que concentra informações sensíveis dos cidadãos.
O Governo Federal afirma que todos os dados são armazenados de forma criptografada e seguem os padrões da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), garantindo privacidade e rastreabilidade.
Integração entre sistemas públicos e benefícios diretos
A nova carteira facilita a integração entre ministérios, prefeituras e instituições financeiras, tornando processos mais ágeis.
Com o CPF como identificador principal, a CIN conecta o ciclo de vida do cidadão — desde o nascimento até o falecimento —, permitindo que informações como emissão de certidões, pagamento de benefícios e acesso a políticas públicas sejam automatizadas e cruzadas com maior eficiência.
Isso também reduz burocracia e erros em cadastros, como duplicidades em programas sociais, registros eleitorais ou dados previdenciários.
Impacto para o cidadão e o futuro da identificação no Brasil
A longo prazo, a Carteira de Identidade Nacional se tornará a principal porta de acesso aos serviços públicos.
O governo pretende, inclusive, integrar o documento a sistemas de identificação biométrica facial e permitir, futuramente, assinaturas digitais e validações automáticas em contratos públicos e privados.
Em síntese, a CIN representa um marco na modernização da documentação brasileira, com foco em segurança, praticidade e digitalização.
Enquanto o antigo RG segue válido até 2032, a recomendação é antecipar a emissão do novo documento, especialmente para quem já utiliza serviços digitais do governo.
