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Nova regra do INSS é prejudicial para quem ainda não se aposentou e frustra brasileiros

A partir de 2026, o INSS vai exigir mais idade e pontuação para a aposentadoria. Veja o que muda para homens e mulheres, quem é mais afetado e como se planejar.

A notícia que muitos brasileiros temiam finalmente chegou: o INSS confirmou mudanças nas regras de aposentadoria que entram em vigor a partir de 2026. E, sim, elas tornam o processo ainda mais demorado para quem sonha em deixar o mercado de trabalho.

A principal mudança atinge as mulheres, que só poderão se aposentar aos 62 anos completos. Atualmente, é possível parar aos 61 anos e 6 meses. Pode parecer pouco, mas esse aumento impacta diretamente quem estava contando os meses para finalmente descansar.

Por que o INSS está mudando as regras de novo

Antes de pensar que é “birra” do governo, vale lembrar que essa alteração já estava prevista na Reforma da Previdência de 2019. Na época, foi criada uma regra de transição para aumentar a idade mínima das mulheres aos poucos, de acordo com a expectativa de vida dos brasileiros.

Ou seja, o objetivo é ajustar o sistema para que ele continue funcionando — já que as pessoas estão vivendo mais e recebendo o benefício por mais tempo. Mas, na prática, quem ainda não se aposentou vai precisar contribuir por mais tempo e planejar melhor sua saída do trabalho.

O que muda na prática a partir de 2026

Além da idade mínima maior para as mulheres, há outra modificação importante: a pontuação exigida para a aposentadoria por pontos também vai subir.

  • Mulheres: precisarão somar 93 pontos (idade + tempo de contribuição).

  • Homens: precisarão alcançar 103 pontos.

Essa regra é cumulativa — ou seja, quanto mais idade e tempo de contribuição, mais perto o trabalhador está de atingir o número necessário.

Para os homens, a idade mínima permanece em 65 anos, com 15 anos de contribuição, enquanto as mulheres precisam de 62 anos e 15 anos de contribuição (após a mudança).

O resultado disso é que muita gente vai precisar adiar a aposentadoria em alguns meses ou até anos.

Efeitos diretos dessas mudanças

Essas novas exigências parecem simples no papel, mas trazem efeitos reais e frustrantes para quem está na reta final da vida profissional.

Primeiro, porque o cálculo dos benefícios continua o mesmo — baseado na média de todas as contribuições desde julho de 1994. Isso significa que contribuir por mais tempo não garante um benefício muito maior se o histórico de salários for baixo.

Segundo, porque as regras de transição ficaram ainda mais complexas. Para quem começou a contribuir antes de 2019, há diferentes caminhos possíveis, e cada um leva a um valor e a um tempo de espera diferentes.

As regras de transição que continuam valendo

A boa notícia é que quem já contribuía antes da Reforma da Previdência ainda pode se aposentar pelas regras de transição, que são um “meio-termo” entre o sistema antigo e o novo.

1. Aposentadoria por pontos (2025 e 2026)

Essa modalidade soma a idade e o tempo de contribuição.

  • Em 2025, mulheres precisam de 92 pontos e homens de 102 pontos.

  • Em 2026, sobe para 93 e 103 pontos, respectivamente.

2. Idade mínima progressiva

Aqui, a idade mínima sobe 6 meses por ano.

  • Em 2025: mulheres com 59 anos e homens com 64 anos podem pedir o benefício.

  • Em 2026: passa para 59 anos e 6 meses (mulheres) e 64 anos e 6 meses (homens).

3. Pedágio de 100%

Quem estava quase se aposentando quando a Reforma entrou em vigor, em 13/11/2019, pode usar essa regra.

  • Mulheres: 57 anos de idade e 30 de contribuição.

  • Homens: 60 anos e 35 de contribuição.
    Mas há um porém: é preciso trabalhar o dobro do tempo que faltava em 2019.

E quem começou a contribuir depois da Reforma?

Aí não tem escapatória. As regras fixas de aposentadoria são mais rígidas:

  • Mulheres: 62 anos e 15 anos de contribuição.

  • Homens: 65 anos e 20 anos de contribuição.

Essa é a nova base da Previdência Social, e dificilmente haverá mudanças que tornem o processo mais fácil no futuro.

Carência: o detalhe que muitos esquecem

Mesmo com idade e tempo de contribuição suficientes, ninguém se aposenta sem cumprir a carência mínima de 180 meses — o equivalente a 15 anos de pagamentos ao INSS.

Esse é um ponto que causa surpresa em muitos brasileiros. Afinal, quem teve longos períodos sem carteira assinada ou sem contribuir como autônomo pode descobrir que ainda falta tempo.

Por isso, monitorar o extrato previdenciário (CNIS) é essencial. Ele mostra se há contribuições em atraso, erros de registro ou períodos não reconhecidos.

Como descobrir qual regra é melhor para você

Escolher o melhor tipo de aposentadoria não é simples. Cada regra tem vantagens e desvantagens, e o valor final pode variar muito.

O ideal é fazer um Planejamento Previdenciário. Esse serviço, geralmente oferecido por especialistas ou advogados previdenciários, analisa todas as contribuições, identifica lacunas e mostra em qual regra você se encaixa melhor e quando pode se aposentar com o valor mais alto possível.

Dá para se aposentar mais rápido? Em alguns casos, sim

Há situações específicas em que é possível antecipar a aposentadoria — e de forma totalmente legal.

Aposentadoria especial

Trabalhadores que atuam em atividades insalubres ou perigosas (como eletricistas, frentistas, vigilantes, médicos e enfermeiros) podem se aposentar antes.

O tempo exposto a riscos é convertido em tempo comum com um fator multiplicador, acelerando o processo.

Períodos reconhecidos tardiamente

Alguns brasileiros esquecem que podem reconhecer períodos trabalhados sem registro em carteira ou em atividades rurais.

Esses períodos podem ser incluídos no tempo de contribuição, desde que comprovados com documentos ou testemunhas.

Reclamatória trabalhista e recolhimentos atrasados

Se o empregador não pagou o INSS corretamente, é possível incluir esse tempo por meio de uma decisão judicial.

Em certos casos, também é permitido pagar contribuições em atraso, especialmente para autônomos e contribuintes individuais.

Mas atenção: não é permitido “pagar para se aposentar mais cedo”. O INSS só aceita contribuições referentes a períodos realmente trabalhados.

O impacto no bolso: valores de referência em 2025

Os valores das aposentadorias seguem a política do governo. Em 2025, os números-base são:

  • Salário mínimo: R$ 1.518,00 (valor mínimo de qualquer benefício).

  • Teto do INSS: R$ 8.157,41 (valor máximo que pode ser recebido).

Esses limites servem como referência, mas o valor real depende da média salarial de cada pessoa e do tempo total de contribuição.

Como o INSS calcula o valor da aposentadoria

O cálculo é o ponto mais sensível — e o que mais causa confusão.

Para quem já contribuía antes de 13/11/2019, a média é feita com todas as contribuições desde julho de 1994, sem excluir os menores salários.

O valor final é 60% dessa média, com um acréscimo de 2% por ano que ultrapassar 20 anos de contribuição para homens e 15 para mulheres.

Quem começou a contribuir após a Reforma, segue a mesma lógica — mas o tempo mínimo exigido é maior.

O resultado é que quem teve muitos períodos com salário baixo ou instável pode receber um benefício menor, mesmo após décadas de contribuição.

Ferramenta oficial para simular sua aposentadoria

O site e o aplicativo “Meu INSS” oferecem um simulador que mostra quanto tempo falta para se aposentar e qual seria o valor aproximado do benefício.

A ferramenta considera as regras de transição e as definitivas, exibindo as opções mais vantajosas para cada caso.

Basta acessar o site meu.inss.gov.br, fazer login com sua conta Gov.br e selecionar “Simular aposentadoria”.

Como se preparar para as mudanças

Com as novas regras, a palavra de ordem é planejamento.

Organizar a documentação, acompanhar as contribuições e entender as regras aplicáveis evita surpresas e frustrações.

Quem deixar para descobrir tudo na última hora pode perder meses de contribuição e dinheiro, simplesmente por não ter se informado antes.

As regras da Previdência são cheias de detalhes, e cada caso é único. Por isso, buscar orientação profissional pode fazer toda a diferença entre uma aposentadoria confortável e uma cheia de arrependimentos.

Saulo Moreira

Saulo Moreira dos Santos, 29 anos, é um profissional comprometido com a comunicação e a disseminação de informações relevantes. Formado em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Salvador, descobriu sua verdadeira vocação na escrita e na criação de conteúdo digital. Com mais de 15 anos de experiência como redator web, Saulo se especializou na produção de artigos e notícias sobre temas de grande interesse social, incluindo concursos públicos, benefícios sociais, direitos trabalhistas e futebol. Sua busca por precisão e relevância fez dele uma referência nesses segmentos, ajudando milhares de leitores a se manterem informados e atualizados.… Mais »
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