Mudança no Imposto de Renda vai beneficiar quem ganha até R$ 5 mil: veja quanto cada faixa salarial vai economizar por mês e por ano com a nova proposta em análise no Congresso
A mudança nas regras do Imposto de Renda (IR) que está em análise no Congresso Nacional promete alterar de forma significativa o bolso de milhões de trabalhadores brasileiros. Segundo levantamento feito pela Revista dos Benefícios, com base em informações do G1, os maiores beneficiados serão aqueles com salários de até R$ 5 mil por mês, que terão a isenção total do tributo a partir de 2026, caso a proposta seja aprovada.
O impacto é expressivo: para quem recebe R$ 5 mil mensais, a economia pode ultrapassar R$ 4 mil ao ano, equivalente a praticamente um salário extra.
Entenda a mudança no Imposto de Renda
Atualmente, a faixa de isenção está limitada a rendimentos de até R$ 3.036 (dois salários mínimos). A proposta enviada pelo governo federal amplia a isenção para R$ 5 mil mensais a partir de 2026.
Além disso, será criado um desconto variável para rendas entre R$ 5 mil e R$ 7 mil, que vai diminuindo progressivamente até zerar.
O relator do projeto, deputado Arthur Lira (PP-AL), incluiu ajustes que ampliam a transição até rendimentos de R$ 7.350. Acima disso, não haverá benefício.
Quanto cada trabalhador pode economizar
De acordo com cálculos do diretor tributário da Confirp Contabilidade, Welinton Mota, o ganho é relevante principalmente para quem recebe até R$ 5 mil.
Veja a tabela de ganhos mensais e anuais:
Renda mensal | Ganho por mês | Ganho anual (incluindo 13º) |
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R$ 3.400 | R$ 27,30 | R$ 354,89 |
R$ 4.000 | R$ 114,76 | R$ 1.491,89 |
R$ 5.000 | R$ 312,89 | R$ 4.067,57 |
R$ 5.500 | R$ 246,32 | R$ 3.202,19 |
R$ 6.000 | R$ 179,75 | R$ 2.336,75 |
R$ 6.500 | R$ 113,18 | R$ 1.471,31 |
R$ 7.000 | R$ 46,60 | R$ 605,86 |
R$ 7.350 | Zero | Zero |
O maior impacto: quem ganha R$ 5 mil
Segundo Welinton Mota, esse público terá uma economia mensal de aproximadamente R$ 313. No acumulado de um ano, considerando o 13º salário, o trabalhador deixará de pagar R$ 4.067 em impostos.
“É quase um salário a mais por ano. Mas, a partir dessa faixa, os ganhos diminuem até zerar em R$ 7,35 mil”, explicou Mota.
Quantos trabalhadores serão beneficiados?
Segundo o governo, se aprovado, o projeto fará com que 10 milhões de brasileiros deixem de pagar Imposto de Renda em 2026, ano de eleições presidenciais.
No total, 26 milhões de contribuintes (65% do total) estariam isentos do IR. Na população geral, o número é ainda mais expressivo: 87% dos brasileiros não pagariam IRPF.
Proposta no Congresso
A Câmara dos Deputados aprovou um requerimento de urgência para acelerar a tramitação. O texto já passou por uma comissão especial e poderá ser votado diretamente em plenário.
O relator Arthur Lira afirmou que a mudança vai beneficiar cerca de 500 mil brasileiros adicionais ao estender a redução até R$ 7,35 mil.
Compensação: taxação dos super ricos
Para equilibrar as contas públicas, o governo propõe aumentar a tributação dos chamados super ricos, ou seja, aqueles que recebem acima de R$ 50 mil por mês (R$ 600 mil anuais).
A medida prevê taxação de dividendos, com limite de até 34% para empresas e 45% para financeiras, de forma a evitar uma cobrança excessiva.
O que dizem especialistas
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a proposta no Congresso com uma metáfora:
“O morador da cobertura não paga condomínio, e o zelador está pagando o condomínio do mesmo prédio. Essa é a realidade do Brasil”, disse Haddad.
Já especialistas como Bráulio Borges, do FGV Ibre, ponderam que a medida beneficia principalmente a classe média e média alta, não os mais pobres:
“No Brasil, quem ganha mais de R$ 6 mil já está entre os 10% mais ricos. Quando aumentamos a isenção para R$ 5 mil, não estamos ajudando os mais pobres, mas sim a classe média alta”, avaliou.
Segundo ele, 80% dos contribuintes deixarão de pagar IR com a mudança, o que gera um impacto de justiça social questionável.
Impacto político e eleitoral
O tema também gera debate sobre possíveis motivações eleitorais. Questionado pelo G1, o secretário de Reformas Econômicas, Marcos Pinto, negou qualquer viés político.
Segundo ele, o projeto é uma “fórmula bem pensada” para equilibrar justiça tributária e arrecadação.
Quem realmente ganha?
Um estudo da LCA Consultores, com base na PNAD do IBGE, revelou que apenas 32% dos trabalhadores (aqueles com rendimentos acima de dois salários mínimos) serão beneficiados diretamente.
Na prática, a medida tira parte da carga tributária dos 32% mais ricos da população, enquanto amplia a taxação sobre o 1% mais rico, os chamados “super ricos”.
Debate sobre justiça tributária
O tema divide opiniões:
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A favor: melhora a renda disponível da classe média e reduz a carga tributária sobre trabalhadores assalariados.
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Contra: não alcança os mais pobres, que já estão isentos, e concentra os benefícios em uma fatia mais alta da pirâmide.
Quando entra em vigor?
Para valer já em 2026, a proposta precisa ser aprovada ainda em 2025 pela Câmara e pelo Senado.
Pontos principais da proposta
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Isenção de IR até R$ 5 mil.
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Desconto variável entre R$ 5 mil e R$ 7 mil (ou R$ 7,35 mil pelo relatório de Lira).
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Taxação maior sobre rendas acima de R$ 50 mil mensais.
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Estimativa de 10 milhões de brasileiros livres do IR em 2026.
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Debate sobre impacto político em ano eleitoral.
Considerações finais
A proposta de mudar as regras do Imposto de Renda pode transformar a realidade financeira de milhões de trabalhadores, especialmente os que ganham até R$ 5 mil mensais.
Enquanto alguns comemoram a economia de quase um salário extra por ano, especialistas alertam que a medida não alcança os mais pobres e pode ter impacto eleitoral.
De qualquer forma, se aprovada, a mudança marca uma das maiores alterações no IR nos últimos anos, com reflexos diretos para a classe média e um novo modelo de tributação para os super ricos.
**Apuração da Revista dos Benefícios, com informações do G1