Luz do Povo: O que acontece se uma família consumir 100 kWh por mês com o novo programa do Governo?
Imagine abrir a conta de luz e ver que o valor caiu, mesmo sem mudar seus hábitos. Pois é, essa é a promessa do Luz do Povo, o novo programa do governo federal que está mudando a forma como milhões de brasileiros pagam — ou deixam de pagar — pela energia elétrica.
Mas vem a dúvida: se minha casa consome 100 kWh por mês, o que muda pra mim? É tarifa zero, desconto ou continua tudo igual? A resposta pode surpreender.
A seguir, entenda como o programa funciona, quem tem direito, quando entra em vigor e quanto você economiza se estiver nessa faixa de consumo.
O que é o programa Luz do Povo?
A saber, o Luz do Povo é o novo nome da antiga Tarifa Social de Energia Elétrica, que foi reformulada e ampliada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em outubro de 2025.
A medida se transformou na Lei nº 15.235, que torna o benefício permanente e amplia a faixa de famílias atendidas.
O objetivo é simples e direto: garantir energia elétrica gratuita ou com desconto para quem mais precisa.
Antes, a Tarifa Social exigia inscrição manual, análise demorada e critérios confusos. Agora, o Luz do Povo faz tudo automaticamente, cruzando os dados do Cadastro Único (CadÚnico) com os das distribuidoras de energia.
Ou seja: se a sua família está no CadÚnico e consome pouco, o desconto cai na conta sem você precisar pedir.
Quem pode participar do programa
A princípio, o Luz do Povo é voltado para famílias de baixa renda e grupos sociais específicos. Veja quem se encaixa:
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Famílias com renda per capita de até meio salário mínimo (R$ 759,00, em valores de 2025).
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Idosos acima de 65 anos que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
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Pessoas com deficiência beneficiárias do BPC.
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Famílias indígenas e quilombolas dentro das faixas de consumo e renda estabelecidas.
E o melhor: não precisa fazer novo cadastro. Basta ter o CadÚnico ativo e atualizado. O sistema faz a verificação automaticamente.
Como funciona o benefício na prática
O Luz do Povo foi dividido em duas grandes categorias de desconto — uma para quem consome pouco e outra para quem consome um pouco mais, mas ainda está dentro da faixa de baixa renda.
Famílias com consumo de até 80 kWh por mês não pagam nada. É isenção total.
Se o consumo passar desse limite, o desconto cobre apenas a parte até 80 kWh — e o restante é cobrado normalmente.
Por exemplo: se uma casa consome 90 kWh, os primeiros 80 são gratuitos e apenas 10 são pagos.
O que acontece se sua casa consome 100 kWh por mês? Veja como o programa Luz do Povo vai entrar em cena
Se a sua casa consome em média 100 kWh por mês, você está prestes a entender na prática como o Luz do Povo pode aliviar a sua conta de luz. O programa, sancionado pelo governo federal, garante energia gratuita para quem consome até 80 kWh e desconto de 40% sobre o que ultrapassar esse limite — desde que a família esteja inscrita no Cadastro Único (CadÚnico).
Em outras palavras: os primeiros 80 kWh saem de graça, e o que passar disso ganha um belo abatimento. Vamos mostrar, passo a passo, quanto sobra para pagar e por que essa conta ficou muito mais leve.
Para entender melhor, vamos usar um exemplo prático.
Imagine uma família que mora no interior e consome 100 kWh/mês.
Pela nova regra, o cálculo do desconto funciona assim:
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Primeiros 80 kWh → 100% de isenção (a família não paga nada).
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20 kWh restantes (100 – 80) → desconto de 40% sobre a tarifa cheia.
Ou seja, só os 20 kWh extras serão cobrados — e mesmo assim com 40% de abatimento.
Vamos colocar isso em números reais.
O preço médio da energia no Brasil gira em torno de R$ 0,85 por kWh (sem contar impostos e taxas).
Com base nisso, o cálculo fica assim:
Faixa de consumo | Consumo (kWh) | Valor sem desconto | Desconto aplicado | Valor pago |
---|---|---|---|---|
Faixa gratuita | 80 kWh | R$ 68,00 | 100% | R$ 0,00 |
Faixa com desconto | 20 kWh | R$ 17,00 | 40% | R$ 10,20 |
Total da energia | 100 kWh | R$ 85,00 | — | R$ 10,20 |
Portanto, a família paga apenas R$ 10,20 de energia, em vez dos R$ 85,00 que pagaria normalmente.
Mas atenção: esse valor ainda não inclui impostos nem taxas municipais, que continuam sendo cobrados.
Por que o governo criou o Luz do Povo
O programa nasceu com o propósito de acabar com a pobreza energética.
Milhares de famílias precisavam escolher entre pagar a conta de luz ou comprar comida, e o governo quis mudar isso.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, mais de 115 milhões de brasileiros serão beneficiados direta ou indiretamente — o que equivale a metade da população do país.
Desses, 60 milhões terão tarifa zero e 55 milhões receberão descontos proporcionais à renda e ao consumo.
Quando o desconto para 100 kWh começa a valer
O Luz do Povo entrou em vigor oficialmente em outubro de 2025, mas com implantação gradual.
A tarifa zero para consumo até 80 kWh/mês já começou a valer.
Já os descontos intermediários — como o caso das famílias que consomem 100 kWh/mês — começam a ser aplicados em janeiro de 2026.
Esse tempo é necessário para que as distribuidoras de energia adaptem seus sistemas e integrem as informações com o CadÚnico.
Como confirmar se o benefício foi aplicado
É fácil verificar se você está recebendo o desconto:
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Olhe sua conta de energia.
No campo de observações, deve aparecer algo como “Desconto Luz do Povo / Tarifa Social”. -
Acesse o aplicativo da sua distribuidora.
Enel, Neoenergia, Copel, Equatorial e outras permitem consultar os benefícios aplicados diretamente pelo app. -
Confirme seus dados no CadÚnico.
Se o desconto não aparecer, pode haver algum dado desatualizado. Nesse caso, procure o CRAS da sua cidade para atualizar o cadastro. -
Persistiu o problema?
Ligue para 167 (Aneel) e registre sua reclamação.
O que acontece se passar dos 120 kWh
Agora vem o alerta:
Se o consumo mensal ultrapassar 120 kWh, o benefício não se aplica.
Mesmo que a família esteja no CadÚnico, o desconto é suspenso naquele mês.
Por isso, o governo recomenda controlar o consumo para continuar dentro da faixa de benefício.
E não é difícil — basta adotar pequenas mudanças no dia a dia.
Dicas práticas para manter o consumo dentro da faixa
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Troque lâmpadas fluorescentes por LED.
Elas consomem até 80% menos energia. -
Evite banhos longos.
O chuveiro elétrico é o maior vilão da conta. -
Tire aparelhos da tomada.
Mesmo desligados, eles continuam consumindo energia no modo “stand by”. -
Use ventilador no lugar do ar-condicionado.
A diferença no consumo é enorme. -
Cozinhe com panela de pressão e use o micro-ondas com moderação.
Com essas medidas simples, é possível economizar até 25 kWh por mês, mantendo o consumo dentro da faixa de desconto.
Regiões mais beneficiadas
O Nordeste e o Norte concentram o maior número de famílias beneficiadas, especialmente nos estados da Bahia, Maranhão, Pará e Ceará.
Essas regiões têm um perfil de consumo mais baixo, geralmente entre 60 e 110 kWh/mês, o que significa que a maioria das famílias terá isenção total ou desconto integral.
Já nas regiões Sul e Sudeste, o consumo médio é mais alto, mas ainda assim milhões de famílias com renda de até um salário mínimo serão contempladas.
E se a família tiver consumo variável?
Outra dúvida comum é: “Se um mês eu gastar 78 kWh e no outro 100, o que acontece?”
O sistema é dinâmico.
Isso quer dizer que o desconto é calculado mês a mês, de acordo com o consumo real.
Se um mês o consumo ficar abaixo de 80 kWh, a família tem tarifa zero.
Se passar de 80, recebe desconto proporcional conforme a faixa de consumo.
Por fim, essa flexibilidade evita cortes e penalidades, tornando o programa mais justo e adaptável.