Líquido na bagagem de mão? Veja as regras (e exceções) que todo viajante precisa saber em voos internacionais

Nos últimos dias, um tema aparentemente simples virou assunto nas redes sociais: quais são, afinal, as regras para levar líquidos na bagagem de mão em voos internacionais?

A polêmica começou quando influenciadores relataram que o Aeroporto de Guarulhos (SP) teria passado a exigir que frascos fossem colocados em sacos plásticos transparentes, semelhantes aos famosos zip lock. A novidade teria surpreendido passageiros e causado filas na hora do embarque.

A GRU Airport, no entanto, nega qualquer mudança recente. Segundo a administradora, as normas sobre líquidos em voos internacionais estão em vigor desde 2019, seguindo a resolução nº 515 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Mas, afinal, o que é permitido e o que não é? E quais são as exceções que podem salvar um passageiro de ter que descartar produtos no embarque? Veja a seguir um guia completo.

Como levar líquidos na bagagem de mão?

De acordo com a Anac, todos os passageiros que passarem por áreas de embarque internacional devem seguir regras específicas para o transporte de líquidos. Isso vale tanto para voos que saem do Brasil com destino ao exterior, quanto para conexões domésticas que passam por setores internacionais de inspeção.

As principais exigências são:

  • Frascos de até 100 ml cada;

  • Todos os frascos devem estar em uma única embalagem plástica transparente, com capacidade máxima de 1 litro, que possa ser fechada (como zip lock);

  • A embalagem deve comportar todos os frascos com folga;

  • Cada passageiro só pode levar uma embalagem plástica desse tipo;

  • Na hora da inspeção de embarque, essa embalagem deve ser apresentada separadamente da mala de mão, do paletó, de jaquetas e de equipamentos eletrônicos como laptops.

Ou seja: se você pretende levar shampoo, cremes, perfumes ou qualquer outro líquido, precisa organizar tudo em embalagens pequenas e dentro do saco plástico transparente.

O que acontece se não seguir as regras?

A resolução da Anac não especifica diretamente a penalidade para quem descumpre as normas. Mas, na prática, os procedimentos internacionais de segurança aérea determinam duas possibilidades:

  1. O passageiro precisará despachar a mala com os frascos;

  2. Os líquidos fora do padrão deverão ser descartados imediatamente durante a inspeção.

Isso explica por que tantas vezes vemos filas paradas no raio-X e até cosméticos caros sendo jogados fora no aeroporto.

Quais são as exceções?

Nem todos os líquidos estão sujeitos à regra dos 100 ml. Existem exceções importantes que garantem maior conforto e segurança aos passageiros:

  • Medicamentos com prescrição médica: podem ser transportados em quantidade suficiente para todo o voo, desde que acompanhados da receita;

  • Alimentação infantil: fórmulas, leites líquidos, papinhas e sucos podem ser levados em quantidades adequadas para a duração da viagem;

  • Líquidos de dietas especiais: também permitidos quando essenciais à saúde do passageiro.

Em todos esses casos, os frascos devem ser apresentados separadamente durante a inspeção.

Compras no free shop: quais são as regras?

Um dos pontos que mais gera dúvidas entre os passageiros é a possibilidade de levar bebidas alcoólicas, perfumes e cosméticos adquiridos no free shop.

A regra é a seguinte:

  • Se comprados no duty free antes do embarque internacional: os frascos podem ultrapassar 100 ml, desde que estejam em embalagens plásticas padronizadas e com o recibo visível. Atenção: se o passageiro sair da área de embarque, esse direito é perdido.

  • Se comprados em outro país ou dentro do avião, em conexões internacionais: também podem ultrapassar 100 ml, mas precisam estar em embalagem padronizada, com recibo emitido até 48 horas antes do voo, e ter passado por inspeção com detector de líquidos explosivos. Depois disso, o produto deve ser colocado em nova embalagem selada pelo aeroporto.

Se o aeroporto não dispuser do equipamento para inspeção, o líquido não poderá seguir na cabine.

Por que existem restrições a líquidos no avião?

As restrições não foram criadas por acaso. Elas surgiram em 2006, após a descoberta de um plano terrorista que pretendia usar explosivos líquidos em voos internacionais. Desde então, diversos países adotaram regras semelhantes para reforçar a segurança.

O Brasil passou a aplicar a norma de forma obrigatória em 2019, alinhando-se a padrões já consolidados na União Europeia, Estados Unidos e outros destinos.

Dicas práticas para não ter problemas no embarque

Muitos passageiros só descobrem as regras na hora da inspeção — o que gera contratempos e até prejuízos. Veja algumas orientações para evitar dores de cabeça:

  1. Prepare sua mala com antecedência – coloque todos os líquidos em frascos de até 100 ml e guarde-os no saco plástico transparente.

  2. Compre sacos zip lock antes da viagem – eles não são sempre oferecidos gratuitamente no aeroporto.

  3. Use frascos padronizados – kits de viagem vendidos em farmácias e lojas de malas já têm tamanho adequado.

  4. Leve a receita médica – se precisar transportar medicamentos líquidos, apresente a documentação para evitar questionamentos.

  5. Organize compras do free shop – mantenha os itens lacrados até chegar ao destino final.

Passageiros relatam confusão nos aeroportos

Apesar da clareza das regras, relatos de viajantes indicam que a exigência do saco plástico transparente ainda causa surpresa e filas em aeroportos brasileiros. Muitos dizem não ter sido informados com antecedência, o que reforça a importância de campanhas de orientação.

Especialistas em aviação defendem que a comunicação seja reforçada em sites de companhias aéreas, check-ins e portões de embarque. “Essas regras são internacionais, mas nem todo passageiro frequente sabe delas. Quanto mais informação, menos atrasos e problemas na fila”, avalia um consultor do setor.

Considerações finais

As normas sobre o transporte de líquidos em bagagem de mão podem parecer burocráticas, mas cumprem um papel fundamental: garantir a segurança coletiva.

Para o viajante, a chave é simples: frascos de até 100 ml, todos dentro de um único saco plástico transparente de até 1 litro. Fora disso, só medicamentos, alimentação infantil e produtos de dietas especiais.

E lembre-se: compras no free shop têm regras próprias, que só valem se a embalagem estiver lacrada e acompanhada de recibo.

Assim, com um pouco de planejamento e informação, é possível embarcar sem sustos — e sem precisar abrir mão do seu perfume preferido ou da lembrança do duty free.

Saulo Moreira

Saulo Moreira

Saulo Moreira dos Santos é um profissional comprometido com a comunicação e a disseminação de informações relevantes. Formado em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Com mais de 15 anos de experiência como redator web, Saulo se especializou na produção de artigos e notícias sobre temas de grande interesse social, incluindo concursos públicos, benefícios sociais, direitos trabalhistas e futebol.