O programa Voa Brasil, iniciativa do governo federal voltada para facilitar o acesso ao transporte aéreo para aposentados, registrou até 23 de outubro de 2025 a venda de aproximadamente 50 mil passagens aéreas.
Lançado no final de julho de 2024, o Voa Brasil apresenta uma proposta inovadora — oferecer bilhetes por até R$ 200 por trecho, sem incluir a taxa de embarque — e integrar aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ao mercado de aviação, especialmente em rotas subutilizadas.
A saber, o programa mobiliza 88 aeroportos em 86 cidades de todos os estados do país — um alcance geográfico que busca tornar possível a mobilidade por avião a preços mais acessíveis.
Idosos ganham direito a benefício do INSS de R$200! Cobertura nacional e regiões mais procuradas
Até o momento, a iniciativa abrangeu 88 aeroportos em 86 cidades espalhadas por todas as regiões do país. A distribuição regional das reservas revela que as áreas mais procuradas são o Sudeste, com 43 % das vendas, e o Nordeste, com 40 %. Já o Centro-Oeste representa 8 %, o Sul 5 % e o Norte 3 % das vendas de bilhetes.
No detalhamento regional, a participação por região do país mostra: Sudeste (20 municípios), Nordeste (21 municípios), Centro-Oeste (9 municípios), Sul (21 municípios) e Norte (15 municípios).
Esse cenário evidencia um predomínio das viagens em regiões mais densamente povoadas ou com maior oferta de voos, ainda que o programa se beneficie da capilaridade atingida.
Quem mais usa o Voa Brasil?
Dentre os beneficiários, se destacam aposentados em grandes centros urbanos. As dez cidades com maior número de reservas são:
São Paulo: 13.950 reservas
Rio de Janeiro: 4.020
Recife: 3.900
Brasília: 3.291
Fortaleza: 3.051
Salvador: 2.957
Maceió: 1.713
João Pessoa: 1.709
Belo Horizonte: 1.505
Campinas: 1.450
Esse ranking mostra a concentração em capitais e metrópoles, o que pode refletir tanto a maior oferta de voos quanto o maior volume de aposentados nessas áreas.
Afinal de contas, quem pode participar do programa?
A atual fase do Voa Brasil é destinada aos aposentados pelo INSS, independente da faixa de renda e da idade, desde que não tenham viajado de avião nos últimos 12 meses. Conforme o governo, cerca de 95 % dos aposentados da previdência social recebem até dois salários mínimos.
O programa ainda não estendeu formalmente seu escopo para estudantes de baixa renda, previstos originalmente para entrar no primeiro semestre de 2025, mas cuja ativação ainda não foi anunciada.
Esses critérios tornam o programa relativamente simples para participar — se o usuário preencher os requisitos, ele pode comprar diretamente por meio do portal oficial.

Como funciona o processo de compra
A dinâmica de funcionamento é delineada da seguinte forma:
O usuário precisa ter conta no portal GOV.BR, equivalendo às categorias Bronze, Prata ou Ouro.
No site oficial do Voa Brasil (acessado por login GOV.BR), é possível fazer a simulação de origem, destino e datas de ida/volta.
O sistema redireciona o usuário para a página da companhia aérea participante — atualmente, estão envolvidas empresas como Azul Linhas Aéreas, Gol Linhas Aéreas e Latam Airlines Brasil — para finalizar a compra.
O valor do bilhete é de até R$ 200 por trecho, sem contar a taxa de embarque que varia segundo o aeroporto.
Em caso de indisponibilidade para as datas ou rota desejadas, o sistema sugere voos em datas próximas.
O usuário reserva, é redirecionado à plataforma da companhia aérea, onde efetua o pagamento — após o que é possível consultar o voo por meio do código localizador.
O prazo para concluir o pagamento costuma ser de 1 hora após a reserva.
Oferta sem subsídio direto e uso de assentos ociosos
Um dos aspectos mais relevantes do Voa Brasil é que o programa não depende de subsídios diretos do governo. Ele se apoia em acordos com companhias aéreas que disponibilizam assentos que, de outra forma, ficariam ociosos — especialmente em períodos de baixa demanda.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a média histórica de ociosidade em voos domésticos gira em torno de 20 %, embora varie conforme a rota.
Ou seja, o modelo do programa é estruturalmente voltado para preencher vazios na malha aérea, em vez de criar novos voos ou rotas exclusivamente para o benefício.
Resultados e metas
Quando anunciado, o governo estimou a disponibilização de 3 milhões de bilhetes para o programa.
Contudo, o desempenho até agora está bem abaixo dessa projeção: foram vendidas cerca de 50 mil passagens até 23 de outubro de 2025, o que corresponde a algo em torno de 1,6 % da meta — considerando o dado de 41 165 bilhetes vendidos até junho de 2025 para estimar a trajetória.
Registros apontam que em praticamente um ano de funcionamento o Voa Brasil atingiu apenas 1,37 % da meta dos 3 milhões de assentos.
A discrepância entre meta e realização aponta para desafios operacionais e de adesão que merecem atenção.
Principais desafios enfrentados
Os baixos índices de adesão ao programa decorrem de alguns fatores interrelacionados:
Disponibilidade limitada de trechos: como a oferta depende da decisão das companhias aéreas, os voos ofertados podem não coincidir com a data ou rota desejada pelos beneficiários.
Perfil do público-alvo: embora destinado a aposentados, algumas pessoas podem não ter familiaridade com o processo de reserva online ou ter preferência por outros modais de transporte.
Baixa renda e outros custos agregados: mesmo com o bilhete limitado a R$ 200, a taxa de embarque — que varia por aeroporto — e outras despesas (como deslocamento até o aeroporto) podem representar entraves para os beneficiários.
Comunicação e divulgação: o conhecimento generalizado sobre o programa, as condições de uso e a forma de acesso ainda parece não atingir todo o público-potencial.
Competição com outras ofertas de viagem: aposentados podem optar por promoções tradicionais ou programas de milhagem, se disponíveis, o que reduz o aproveitamento do Voa Brasil.
Por que o programa importa
Apesar dos desafios, o Voa Brasil carrega uma proposta relevante de inclusão social e mobilidade nacional.
Ao permitir que aposentados — um segmento historicamente menos atendido pela aviação — possam voar por preços significativamente reduzidos, o programa abre novas possibilidades de deslocamento, turismo e visita a familiares.
Além disso, ao aproveitar assentos que estariam vazios, o programa auxilia na otimização da malha aérea, trazendo ocupação para voos que poderiam operar com baixa efetividade.
O que considerar antes de usar o programa
Se você é aposentado e tem interesse em aproveitar o Voa Brasil, fique atento a alguns pontos práticos:
Verifique se você não viajou de avião nos últimos 12 meses, pois esse é um dos critérios de elegibilidade.
Mantenha sua conta GOV.BR em nível Prata ou Ouro, o que é requisito para fazer a reserva.
Ao escolher origem, destino e data, tenha flexibilidade: as melhores ofertas normalmente estão fora de feriados ou épocas de grande demanda.
Confira o valor da taxa de embarque do aeroporto de origem, pois esse custo é adicional ao valor do bilhete.
Após fazer a reserva, finalize o pagamento rapidamente — há prazo de 1 hora em média para concluir.
Evite sites ou links que não sejam oficiais: o governo alerta que domínios falsos estão sendo usados em golpes que se aproveitam do nome do programa.
Próximos passos e expectativas
Embora o programa tenha tido um início tímido em termos de adesão, o governo aponta que a expansão para estudantes de baixa renda (caso dos beneficiários dos programas ProUni e Fies) está prevista para o primeiro semestre de 2025. Até agora, essa segunda etapa ainda não teve anúncio oficial detalhado.
Para que o Voa Brasil possa escalar e atingir de fato milhões de bilhetes ofertados, será necessário:
maior divulgação e orientação ao público-alvo;
oferta mais diversificada e previsível de voos pelas companhias aéreas;
adaptação logística para que beneficiários de regiões menos servidas também consigam acesso ao benefício;
monitoramento e ajustes na faixa de valores ou na taxa de embarque para garantir que o custo-total da viagem seja atrativo.
Em resumo, o Voa Brasil funciona como uma ponte entre aposentados e o transporte aéreo nacional, com um preço-chave de até R$ 200 por trecho, e uma visão de ampliar o turismo interno e a mobilidade. Mas, para cumprir a ambição inicial dos 3 milhões de bilhetes, o programa ainda terá de enfrentar obstáculos operacionais e de demanda.
			
			