Governo aumentou quase R$200,00 no salário mínimo para 2025
O Governo do Estado de São Paulo sancionou um reajuste significativo no salário mínimo regional, elevando o valor de R$ 1.640 para R$ 1.804 a partir de julho de 2025.
A mudança foi oficializada por meio da Lei 18.153/2025, assinada pelo governador Tarcísio de Freitas, e representa um aumento de R$ 164 — quase R$ 200, ou 10% em relação ao valor anterior. A medida já está em vigor e impacta milhares de trabalhadores que não possuem salário-base definido por convenções coletivas ou legislação federal.
Aumento do salário mínimo paulista supera a inflação e garante ganho real
Um dos aspectos mais relevantes do reajuste é o fato de que ele supera a inflação acumulada de 2024, estimada em 4,5%. Isso garante um ganho real de aproximadamente 5% para os trabalhadores beneficiados. O governo estadual justificou a decisão como uma forma de preservar o poder de compra da população diante da alta de preços, além de estimular o consumo e a economia local.
“Nosso objetivo é proteger o trabalhador e garantir que ele tenha condições mais dignas de sustento, especialmente em um cenário de desafios econômicos e alta no custo de vida”, afirmou o governador Tarcísio em coletiva de imprensa.
Quem será beneficiado com o novo salário mínimo de R$ 1.804?
O novo piso salarial estadual vale para trabalhadores de mais de 70 categorias que não possuem salários definidos em convenção coletiva, acordo sindical ou legislação federal. Entre os setores mais afetados estão:
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Comércio varejista e atacadista
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Prestadores de serviços gerais
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Cuidadores e auxiliares de enfermagem sem vínculo público
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Trabalhadores domésticos
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Seguranças e porteiros de empresas sem convenção coletiva
Uma novidade da Lei 18.153/2025 é a inclusão de cuidadores de pessoas com deficiência entre os trabalhadores contemplados pelo piso regional. Em 2023, os cuidadores de idosos já haviam sido incluídos pela legislação estadual, ampliando o alcance das políticas de valorização dessas profissões essenciais.
Servidores estaduais com salário abaixo do novo piso terão abono
Além da iniciativa voltada ao setor privado, a nova lei também prevê um abono complementar para servidores públicos estaduais que atualmente recebem vencimentos abaixo dos R$ 1.804. A medida visa garantir que todos os servidores do estado, independentemente da função ou órgão, recebam ao menos o novo piso salarial estabelecido.
Segundo a Secretaria de Gestão e Governo Digital, a medida deve beneficiar principalmente servidores de níveis operacionais e temporários, além de terceirizados em áreas como limpeza, portaria e segurança.
São Paulo passa a ter um dos salários mínimos mais altos do Brasil
Com o reajuste, o salário mínimo paulista se distancia do valor nacional, hoje fixado em R$ 1.518. A diferença de R$ 286 torna o piso estadual de São Paulo um dos mais altos do Brasil, ficando atrás apenas de categorias com pisos específicos em estados como Rio de Janeiro e Santa Catarina, onde há acordos por setor.
A tabela comparativa entre o salário mínimo nacional e o estadual paulista em 2025 é a seguinte:
Tipo de Piso | Valor (2025) |
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Nacional | R$ 1.518 |
São Paulo (estadual) | R$ 1.804 |
Diferença | R$ 286 |
A atualização do salário mínimo paulista exige ajustes imediatos por parte das empresas. Com o valor em vigor desde julho, os empregadores devem adequar folhas de pagamento, sistemas de RH e contratos trabalhistas de acordo com o novo piso.
Especialistas em economia apontam que o aumento pode ter duplo efeito: de um lado, há o estímulo ao consumo por meio da valorização da renda dos trabalhadores; de outro, empresas com grande número de funcionários com remuneração próxima ao piso precisarão reavaliar seus orçamentos e custos operacionais.
De acordo com o economista André Pires, da FEA-USP:
“O impacto é mais sentido em setores como comércio e serviços, onde há maior presença de trabalhadores com piso estadual. Apesar disso, o aumento da massa salarial tende a retornar ao mercado por meio do consumo.”
Repercussão entre trabalhadores e sindicatos
A medida foi recebida com satisfação por representantes sindicais e categorias envolvidas. Entidades de trabalhadores destacam o ganho real proporcionado pelo reajuste, especialmente após anos em que os aumentos salariais ficaram limitados à reposição da inflação.
Para Márcia Prado, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de São Paulo, o aumento é “um passo importante na valorização da mão de obra de base”.
“Muitos trabalhadores dependem exclusivamente do piso estadual. Esse reajuste significa mais comida na mesa, mais acesso a serviços básicos e mais dignidade.”
E o salário mínimo nacional?
Enquanto São Paulo implementa um piso regional de R$ 1.804, o salário mínimo nacional permanece em R$ 1.518 em 2025 — um reajuste de R$ 106 sobre os R$ 1.412 de 2024.
A nível federal, o governo Lula anunciou projeções para o salário mínimo nos próximos anos, com base na nova política de valorização que considera a inflação mais o crescimento do PIB:
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2026: R$ 1.630
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2027: R$ 1.724
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2028: R$ 1.823
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2029: R$ 1.925
Embora o piso nacional também traga um pequeno ganho real, ele ainda está abaixo de alguns pisos estaduais, como o de São Paulo, que sai na frente com o maior reajuste proporcional entre os grandes estados.