Uma nova onda de golpes tem atingido aposentados e pensionistas de todo o país. A estratégia, que se espalha rapidamente, envolve ligações telefônicas em que falsos atendentes exigem uma suposta “renovação de matrícula” ou “atualização de benefício” do INSS. A prática cria um cenário de urgência e medo capaz de levar a vítima a fornecer dados pessoais e bancários — exatamente o que os criminosos buscam.
O aumento das denúncias preocupa autoridades e reforça a importância de entender, a princípio, como funciona essa abordagem, o que o INSS realmente faz e como se proteger. Antes de mais nada, vale destacar que o Instituto não realiza confirmações por telefone e não liga pedindo dados sensíveis. Ainda assim, milhares de idosos têm sido enganados pela aparência de profissionalismo dos golpistas.
Como os criminosos abordam os aposentados
Em primeiro lugar, os golpistas iniciam o contato por telefone, geralmente usando números que simulam centrais de atendimento. Eles se apresentam com tom profissional e afirmam estar ligando do INSS. Para aumentar a credibilidade, já chegam citando nome completo, data de nascimento e até o número do benefício — informações frequentemente obtidas em vazamentos de dados.
A abordagem segue um roteiro estudado. O falso atendente informa que há uma pendência urgente no cadastro da vítima e que, sem resolver isso imediatamente, o pagamento do próximo mês será bloqueado. Ou seja, os criminosos usam o medo como ferramenta.
A urgência fabricada impede que a vítima desligue para confirmar a informação com algum familiar ou no próprio Meu INSS. A saber: esse é exatamente o objetivo.
Que dados os golpistas tentam extrair durante a ligação
Depois de estabelecer confiança, o falso atendente passa para a etapa principal. Alega que precisa “confirmar a identidade” ou “atualizar a matrícula”. Em conclusão, começa a solicitar informações que o INSS jamais pede por telefone.
Os criminosos insistem para que o idoso forneça:
Senha do cartão de recebimento do benefício.
Número da conta corrente e agência.
Dados bancários completos.
Confirmação de informações digitando números no telefone.
Essa técnica é usada para liberar acesso financeiro. A partir desses dados, as quadrilhas conseguem contratar empréstimos consignados indevidos, fazer compras, solicitar cartões e até sacar dinheiro.
Vale reforçar: qualquer pedido desse tipo já é um sinal vermelho.
O que é verdade e o que é mentira sobre a “renovação de matrícula”
Antes de mais nada, é importante confirmar: o INSS não liga para aposentados pedindo renovação de matrícula. Esse procedimento simplesmente não existe. De acordo com o portal Gov.br, a Prova de Vida — única atualização obrigatória — se tornou automática desde 2023, feita por cruzamento de informações com bancos e órgãos públicos.
Para reduzir o risco de confusão, veja a comparação entre o golpe e os procedimentos reais:
| O que o Golpista Diz (Sinal Vermelho) | O que o INSS Realmente Faz (Realidade) |
|---|---|
| “Precisamos da sua senha para renovar a matrícula.” | O INSS nunca pede senha por telefone ou mensagem. |
| “Se não confirmar agora, o benefício será bloqueado.” | O INSS notifica pendências pelo app Meu INSS, SMS oficial ou carta. |
| “Confirme os dados bancários para evitar suspensão.” | O INSS já possui seus dados e não pede confirmação por telefone. |
Em conclusão, qualquer ligação pedindo senha, confirmação bancária ou atualização emergencial deve ser tratada como golpe.
O que fazer ao receber uma ligação suspeita
A orientação dos especialistas em segurança é direta: desligue imediatamente. Não continue a conversa, não confirme dados, não questione e não hesite. Os golpistas são treinados para manipular emocionalmente suas vítimas.
Depois de desligar, confira por conta própria:
Acesse o Meu INSS.
Consulte seu extrato de pagamento e eventuais notificações.
Ligue para o 135, canal oficial do INSS.
Se a agência precisar falar com o segurado, a comunicação será feita por meio oficial e nunca pedirá informações sigilosas.
O que fazer se você forneceu algum dado
Caso a vítima tenha informado algum dado, deve agir com rapidez. De acordo com orientações da Polícia Civil, algumas medidas podem impedir prejuízos maiores.
Ação imediata:
Entre em contato com o banco e peça o bloqueio do cartão, da conta ou de movimentações suspeitas.
Acesse o Meu INSS e verifique se existe algum empréstimo consignado não solicitado.
Registre um Boletim de Ocorrência, que servirá para contestar qualquer contratação fraudulenta.
Monitore regularmente o extrato de crédito do benefício.
Esse acompanhamento impede que empréstimos indevidos sejam descontados no pagamento do mês seguinte, algo que, a saber, pode gerar perdas difíceis de serem revertidas.
Por que aposentados se tornam alvo frequente
Os criminosos escolhem aposentados porque sabem que esse público tem renda fixa, não está familiarizado com linguagem técnica digital e costuma confiar em atendentes ao telefone. Além disso, muitos moram sozinhos e acabam cedendo à pressão psicológica aplicada durante a ligação.
A princípio, isso explica a insistência das quadrilhas em usar termos como:
“renovação de matrícula”,
“atualização urgente”,
“benefício será suspenso”.
Essas frases acionam o medo de perder o pagamento, o que facilita a manipulação.
Como evitar cair no golpe
Para reduzir o risco, especialistas recomendam seguir algumas práticas:
Nunca forneça senha, dados bancários ou números digitados no telefone durante ligações.
Desconfie de qualquer contato que mencione urgência ou risco de bloqueio imediato.
Verifique sempre as informações no Meu INSS ou pelo 135.
Oriente familiares idosos sobre essas tentativas de fraude.
O conhecimento é, em primeiro lugar, a melhor defesa.
