Gás do Povo começa com botijão grátis, mas sem frete: veja quem tem direito, como funciona e o que muda com o fim do Auxílio Gás

O Governo Federal iniciou a primeira fase do Gás do Povo, programa que promete transformar a política nacional de acesso ao gás de cozinha. A iniciativa oferece a recarga gratuita do botijão de 13 kg para cerca de 1 milhão de famílias em dez capitais brasileiras. Contudo, antes de mais nada, o Ministério de Minas e Energia (MME) fez um esclarecimento importante: o benefício não cobre o custo do frete em caso de entrega em domicílio.

A princípio, o modelo do programa exige que o beneficiário vá até uma revenda autorizada para retirar o botijão gratuitamente. Ou seja, o transporte do botijão é responsabilidade da família. Quando houver necessidade de entrega em casa, o serviço deve ser solicitado diretamente à revenda. Por fim, caso a entrega seja realizada, o valor ao frete fica a cargo do próprio beneficiário.

Segundo dados enviados pelo MME à imprensa, 62% das famílias contempladas moram a menos de 1 km do ponto de revenda, enquanto outros 32% estão entre 1 km e 2 km de distância. A proximidade foi definida como critério para organizar os primeiros pontos de distribuição e facilitar o acesso.

Por que o Gás do Povo não cobre o frete?

De acordo com o MME, o objetivo central do benefício é garantir a recarga gratuita do botijão, evitando o uso indevido do recurso — problema recorrente no Auxílio Gás. O modelo atual dá mais controle sobre a destinação correta da verba pública, já que o governo paga diretamente à revenda credenciada.

A logística de entrega, porém, envolve custos que variam entre regiões, bairros e modelos de distribuição. Segundo o ministério, incluir o frete encareceria demais o programa e reduziria o número de famílias atendidas. Em conclusão, o governo optou por priorizar a ampliação da cobertura e a gratuidade da recarga, deixando o frete como despesa opcional, paga apenas por quem necessitar do serviço.

Transição do Auxílio Gás para o Gás do Povo

Antes de mais nada, é importante entender que o Gás do Povo surge para substituir gradualmente o Auxílio Gás, benefício criado para ajudar famílias de baixa renda a comprar o botijão a cada dois meses. No formato antigo, o governo depositava um valor em dinheiro, equivalente à média do preço nacional calculada pela ANP. Em outubro de 2025, por exemplo, o repasse foi de R$ 108.

Contudo, em muitos locais, esse valor não cobria o custo total do produto. Em partes de São Paulo, o botijão era vendido a partir de R$ 130. Assim, o beneficiário precisava complementar o valor — e ainda arcar com o frete, caso optasse pela entrega.

O Gás do Povo elimina essa lacuna, já que a recarga é garantida diretamente pela revenda parceira, sem pagamento por parte da família. O objetivo é aumentar a eficiência, reduzir fraudes e assegurar que o recurso cumpra seu papel essencial: garantir o gás de cozinha para preparo de alimentos.

O governo está investindo R$ 94 milhões nesta primeira etapa, que funcionará como um teste operacional antes da expansão nacional prevista para março de 2026.

Auxílio Gás x Gás do Povo: entenda as diferenças

Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS), essa mudança representa uma ampliação expressiva da política pública. Em primeiro lugar, o Auxílio Gás atendia 5,13 milhões de famílias. A nova versão pretende triplicar o alcance, chegando a 15,5 milhões de famílias até 2026.

Além disso, o MDS destaca que cerca de 90% das famílias beneficiadas são chefiadas por mulheres — justamente o grupo que mais enfrenta desafios relacionados à pobreza energética. São elas que passam mais tempo expostas à fumaça doméstica, que recorrem com mais frequência a métodos alternativos de cozimento quando falta gás e que acumulam mais sobrecarga na administração do lar.

Enquanto o Auxílio Gás deixava ao beneficiário a liberdade — e a responsabilidade — de procurar onde comprar, o Gás do Povo atua como uma rede organizada. As revendas precisam cumprir regras, como identidade visual padronizada e credenciamento na Caixa Econômica Federal, além de operar dentro das diretrizes estabelecidas pelo governo.

Quem tem direito ao Gás do Povo?

As regras seguem critérios semelhantes ao Auxílio Gás, mas com ajustes importantes. Podem acessar o benefício:

  • Famílias inscritas no CadÚnico, com renda per capita de até meio salário mínimo (R$ 759);

  • Prioridade para famílias que recebem o Bolsa Família, com renda per capita de até R$ 218;

  • Cadastro atualizado há, pelo menos, 24 meses;

  • Ausência de inconsistências nos dados do Cadastro Único e de outras bases federais.

Em síntese: basta estar no CadÚnico dentro das regras e morar em uma das localidades atendidas nesta primeira fase.

Cidades atendidas na primeira fase

O Gás do Povo começou em novembro de 2025, contemplando dez capitais. A seleção foi definida pela estrutura logística disponível. São elas:

  • São Paulo (323 mil famílias)

  • Salvador (170,6 mil)

  • Fortaleza (122,4 mil)

  • Recife (101 mil)

  • Belém (92,8 mil)

  • Belo Horizonte (52 mil)

  • Goiânia (42,5 mil)

  • Teresina (37 mil)

  • Natal (30,5 mil)

  • Porto Alegre (24 mil)

A implementação será gradual. A princípio, o modelo funciona nessas cidades para garantir estabilidade operacional. Por fim, a previsão é de que todo o país esteja contemplado até março de 2026.

O que diz o MME sobre o frete no Gás do Povo

O Ministério de Minas e Energia reforça que a regra é clara: o programa cobre apenas a recarga gratuita. O órgão orienta:

  • O beneficiário deve ir até uma revenda credenciada próxima.

  • Caso precise de entrega, deve solicitá-la diretamente à revenda.

  • O custo, se houver, é de responsabilidade do beneficiário.

A saber, essa prática não impede a gratuidade do botijão, apenas separa os custos logísticos do benefício principal.

Acúmulo com o Bolsa Família e outros auxílios

O Gás do Povo é cumulativo com outros benefícios sociais, incluindo o Bolsa Família. A única exceção é o antigo Auxílio Gás, já em fase de extinção. Assim, quem recebe o Bolsa Família e preenche os requisitos continuará recebendo normalmente ambos os programas.

CadÚnico: inconsistências podem excluir o beneficiário

Antes de mais nada, é fundamental destacar: dados desatualizados no CadÚnico podem resultar em bloqueio ou exclusão automática do Gás do Povo. O governo reforça que é responsabilidade da própria família manter seus dados completos, sem divergências e atualizados em bases como:

  • Receita Federal

  • Justiça Eleitoral

  • CadÚnico (CRAS)

  • Sistemas do Governo Federal

Ou seja, em conclusão, sem o cadastro atualizado não há como acessar o benefício, mesmo que a família preencha todos os critérios de renda e composição.

Saulo Moreira

Saulo Moreira

Saulo Moreira dos Santos é um profissional comprometido com a comunicação e a disseminação de informações relevantes. Formado em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Com mais de 15 anos de experiência como redator web, Saulo se especializou na produção de artigos e notícias sobre temas de grande interesse social, incluindo concursos públicos, benefícios sociais, direitos trabalhistas e futebol.