Economia

Financiamento ou consórcio? O segredo que os bancos não querem que você descubra

Consórcio ou financiamento? Descubra qual opção realmente pesa menos no bolso, como os bancos lucram em silêncio e o que ninguém te conta antes de assinar o contrato.

Em um Brasil marcado por juros altos e crédito cada vez mais caro, escolher entre financiamento ou consórcio deixou de ser apenas uma decisão de conveniência. Hoje, trata-se de uma escolha estratégica que pode representar uma economia de milhares de reais — ou, ao contrário, um peso enorme no orçamento por anos.

O tema voltou com força em 2025, principalmente após o crescimento expressivo das vendas de consórcios, que avançaram 19,1% entre janeiro e abril deste ano, segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC). Foram mais de 1,61 milhão de novas cotas vendidas, com destaque para os segmentos de imóveis (+41%) e eletroeletrônicos (+119,5%).

Mas afinal, por que tanta gente está migrando do financiamento tradicional para o consórcio? E o que os bancos não querem que você saiba sobre essas modalidades?

Selic alta: o financiamento ficou mais caro que nunca

A Selic elevada tem sido o grande vilão do financiamento. Como os bancos utilizam a taxa básica de juros como referência para calcular o custo do crédito, financiar um imóvel ou veículo em 2025 significa arcar com parcelas bem mais pesadas do que há poucos anos.

Em prazos longos, um apartamento de R$ 400 mil, por exemplo, pode sair facilmente por mais de R$ 800 mil ao final do contrato. Isso porque, além do valor do bem, o consumidor paga juros compostos, seguros obrigatórios e tarifas administrativas.

Não é à toa que muitos especialistas vêm apontando que o financiamento imediato só compensa em casos de real urgência ou para quem dispõe de alta capacidade de pagamento.

O consórcio ganha força: a alternativa sem juros

No cenário atual, o consórcio se apresenta como uma solução atraente. Ele não cobra juros, mas sim uma taxa de administração, que costuma ser significativamente menor que o custo total de um financiamento.

De acordo com Márcio Massani, diretor comercial da Âncora Consórcios, essa é a principal razão por trás do crescimento do setor:

“A taxa administrativa é consideravelmente menor que os juros praticados nos financiamentos bancários, o que reduz o custo final da aquisição do bem.”

Na prática, o consórcio é como uma poupança coletiva organizada, em que os participantes contribuem mensalmente para formar um fundo comum. Todos recebem sua carta de crédito em algum momento — por sorteio ou lance.

Vale a pena fazer consórcio?

A resposta é: sim, desde que o consumidor tenha paciência e planejamento.

Entre as principais vantagens estão:

  • Menos burocracia: a análise de crédito é mais flexível do que no financiamento;

  • Sem necessidade de entrada: diferente do financiamento, que quase sempre exige 20% de entrada;

  • Planejamento de longo prazo: ideal para quem pode esperar a contemplação da carta de crédito;

  • Uso estratégico: é possível utilizar a carta de crédito para comprar imóveis, veículos, serviços e até quitar financiamentos existentes.

Por outro lado, o consórcio tem limitações:

  • Não há garantia de contemplação imediata (a não ser que se dê um lance vencedor);

  • Antecipar parcelas não gera desconto (a taxa de administração permanece a mesma);

  • Não serve para quem precisa do bem urgentemente.

Ou seja, é uma alternativa para quem pensa no médio e longo prazo, mas não para quem precisa do carro novo ou da casa própria amanhã.

Financiamento: a solução imediata (com um preço alto)

A principal vantagem do financiamento é simples: o consumidor leva o bem na hora. Essa agilidade é o que o torna atrativo, especialmente para quem não pode esperar.

Além disso, os bancos oferecem diversas linhas de crédito, simuladores e condições personalizadas de acordo com a renda e perfil do cliente.

Mas, como todo benefício, há um custo:

  • Juros elevados, que encarecem muito o valor final do bem;

  • Necessidade de entrada, geralmente de 20% ou mais;

  • Alto comprometimento da renda, exigindo disciplina financeira extrema.

No longo prazo, financiar significa pagar quase o dobro ou mais do valor original do bem.

Dúvidas frequentes sobre consórcio e financiamento

1. Qual a taxa média de administração dos consórcios?

Segundo a ABAC:

  • Imóveis: cerca de 23% do valor da carta de crédito;

  • Veículos leves: 20%;

  • Veículos pesados e máquinas: 15%.

2. O prazo do consórcio é comparável ao financiamento?

Sim.

  • Imóveis: até 240 meses (20 anos);

  • Veículos leves/pesados: até 80 meses, dependendo do grupo.

3. Posso usar o consórcio para quitar um financiamento já existente?

Sim. Uma vez contemplado, o consorciado pode usar a carta de crédito para liquidar um financiamento em andamento, quitando a dívida diretamente com o banco.

4. Existe lance sem dinheiro no consórcio?

Sim. É o chamado lance embutido, em que parte da carta de crédito é usada para ofertar o lance.

Consórcio ou financiamento: qual é melhor em 2025?

A decisão depende do perfil do consumidor:

  • Consórcio: indicado para quem tem planejamento, pode esperar pela contemplação e não quer pagar juros abusivos. É ideal para quem busca comprar um bem no futuro de forma mais econômica.

  • Financiamento: indicado para quem precisa do bem imediatamente e aceita pagar mais por isso. É útil em casos de urgência, como a compra de um imóvel para morar ou um veículo para trabalhar.

O que os bancos não querem que você descubra

A verdade é que os bancos lucram muito mais com o financiamento do que com o consórcio. Isso porque os juros cobrados, em especial em prazos longos, fazem o valor pago pelos clientes dobrar ou até triplicar.

Por isso, muitas instituições financeiras investem pesado em publicidade para promover financiamentos, enquanto o consórcio recebe menos destaque, apesar de ser uma alternativa mais vantajosa para quem pode esperar.

Em outras palavras, o que os bancos não querem que você saiba é simples: o consórcio pode sair muito mais barato e representar uma estratégia financeira inteligente — especialmente em tempos de Selic elevada.

Saulo Moreira

Saulo Moreira dos Santos, 29 anos, é um profissional comprometido com a comunicação e a disseminação de informações relevantes. Formado em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Salvador, descobriu sua verdadeira vocação na escrita e na criação de conteúdo digital. Com mais de 15 anos de experiência como redator web, Saulo se especializou na produção de artigos e notícias sobre temas de grande interesse social, incluindo concursos públicos, benefícios sociais, direitos trabalhistas e futebol. Sua busca por precisão e relevância fez dele uma referência nesses segmentos, ajudando milhares de leitores a se manterem informados e atualizados.… Mais »
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