Em um fenômeno raro de coincidência entre ficção e realidade, o suspense O Habitante, lançado discretamente em 2017, voltou a ser um dos filmes mais assistidos da Netflix em 2025. O motivo? Uma cena inquietante que menciona o nome do Papa Leão XIV — título adotado pelo novo pontífice eleito neste ano. O detalhe, que passou despercebido por anos, ressurgiu e está gerando debates acalorados entre cinéfilos, religiosos e usuários das redes sociais.
O filme, dirigido por Guillermo Amoedo, havia caído no esquecimento após sua estreia limitada, sendo resgatado agora graças ao poder viral da internet. A coincidência envolvendo o nome papal foi suficiente para reacender o interesse em torno da obra e colocá-la entre os principais tópicos comentados nas plataformas digitais. Mas o que de fato acontece na cena que deixou o público perplexo?
Cena mostra morte de Papa Leão XIV — anos antes de sua eleição real
A cena que viralizou nas redes sociais mostra um noticiário fictício exibindo a manchete: “Papa Leão XIV falece no Vaticano”. O momento, que servia apenas como pano de fundo narrativo para criar atmosfera de realismo no filme, ganhou novos contornos após a escolha do nome Leão XIV pelo novo papa eleito em 2025.
A coincidência é tão específica que muitos espectadores passaram a questionar se a produção teria, de alguma forma, previsto o futuro. Outros sugerem que se trata de uma mensagem simbólica ou mesmo profética, remetendo a tradições religiosas e teorias apocalípticas. Seja qual for a resposta, o trecho se tornou um dos mais compartilhados nas plataformas como TikTok, Instagram e X (antigo Twitter), impulsionando o interesse pelo longa-metragem.
Filme esquecido vira hit global: o poder das redes sociais
A viralização da cena transformou O Habitante em um sucesso instantâneo — mesmo oito anos após seu lançamento. Usuários começaram a revisitar o filme, buscando pistas e conexões com eventos reais. Muitos canais de YouTube, perfis de teorias conspiratórias e especialistas em religião aproveitaram o momento para analisar o contexto do nome “Leão XIV” e suas implicações.
Como consequência direta, O Habitante disparou no ranking de mais assistidos da Netflix, tanto no Brasil quanto em outros países latino-americanos. A plataforma chegou a inserir o título na seção de “Tendências”, e a busca pelo nome do filme aumentou mais de 800% em abril de 2025, segundo dados do Google Trends.
Diretor explica: nome foi inspirado nas profecias de São Malaquias
Diante da avalanche de teorias e especulações, o diretor Guillermo Amoedo concedeu uma entrevista exclusiva a um canal chileno especializado em cinema. Segundo ele, o nome Leão XIV foi escolhido após pesquisas sobre profecias religiosas, em especial as de São Malaquias — um arcebispo do século XII que teria previsto a lista dos papas da Igreja Católica até o fim dos tempos.
“Quando escrevemos o roteiro em 2015, queríamos um nome que transmitisse autoridade e tivesse raízes simbólicas. Leão era um dos nomes papais mais fortes, e XIV foi escolhido para dar a sensação de continuidade histórica”, explicou Amoedo. O cineasta também reforçou que não houve qualquer intenção de prever ou antecipar acontecimentos reais. “É uma coincidência assustadora, admito, mas não passa disso.”
O simbolismo por trás do nome Leão XIV
A escolha do nome Leão carrega consigo uma carga histórica e religiosa significativa. Ao longo dos séculos, 13 papas utilizaram esse nome, sendo Leão XIII o último, falecido em 1903. O retorno ao nome, após mais de 120 anos, já seria por si só um marco na história da Igreja — o que torna a coincidência ainda mais curiosa.
Além disso, o nome Leão remete à força, liderança e poder espiritual, sendo associado ao leão da tribo de Judá — figura bíblica presente no Apocalipse e frequentemente utilizada em discursos católicos sobre a segunda vinda de Cristo. Não é surpresa, portanto, que teorias envolvendo o fim dos tempos, o Anticristo e outras interpretações escatológicas tenham emergido após a viralização da cena do filme.
Trama de “O Habitante” mistura suspense e temas religiosos
Mais do que um simples filme de terror, O Habitante mergulha profundamente em questões espirituais e dilemas morais. A história acompanha três irmãs que invadem uma mansão durante a noite para cometer um roubo. No entanto, elas acabam descobrindo que o dono da casa esconde um segredo terrível: uma adolescente está trancada no porão, amarrada e sendo submetida a um ritual de exorcismo.
A partir daí, a narrativa evolui para uma série de eventos sobrenaturais, questionamentos sobre fé e revelações perturbadoras sobre o passado das personagens. Com uma atmosfera densa e cenas carregadas de tensão, o filme mistura simbolismo religioso, horror psicológico e crítica social.
A presença do Papa Leão XIV como figura mencionada, ainda que brevemente, insere o Vaticano e a Igreja como pano de fundo sombrio e misterioso — uma decisão narrativa que agora parece profética.
Coincidência, profecia ou apenas ficção bem construída?
O caso de O Habitante levanta uma questão intrigante sobre os limites entre a ficção e a realidade. Até que ponto roteiristas e diretores podem, mesmo sem querer, criar narrativas que mais tarde se tornam reflexos do mundo real? Essa não é a primeira vez que o cinema é acusado de prever eventos. Filmes como Contágio (2011), O Show de Truman (1998) e até mesmo Os Simpsons foram lembrados por prever, com precisão assustadora, acontecimentos futuros.
No entanto, no caso de O Habitante, a coincidência é tão específica que muitos rejeitam a ideia de mero acaso. Ainda assim, especialistas em cinema alertam para o efeito conhecido como “apofenia” — a tendência do cérebro humano de encontrar padrões ou significados em informações aleatórias.
Sucesso inesperado muda a carreira do diretor
O retorno à popularidade de O Habitante trouxe novos olhares sobre o trabalho de Guillermo Amoedo. Nascido no Uruguai e com carreira consolidada no Chile, o diretor vinha trabalhando em projetos menores nos últimos anos. Agora, com o sucesso tardio de seu suspense, Amoedo já foi procurado por plataformas de streaming para novos contratos e possíveis sequências ou spin-offs do universo criado em 2017.
Em entrevistas recentes, ele afirmou que não pretende “cavalgar” na onda da coincidência, mas admite que está desenvolvendo um novo roteiro com temas igualmente espirituais e misteriosos. “O público está sedento por histórias que desafiem o que conhecemos como real”, disse.
Teorias conspiratórias ganham força
Com a viralização do nome Leão XIV, teorias conspiratórias começaram a circular em grupos religiosos e fóruns online. Algumas sugerem que a eleição do novo papa faz parte de um plano maior, enquanto outras afirmam que a escolha do nome teria sido influenciada propositalmente por pessoas que assistiram ao filme.
Embora não haja qualquer evidência que sustente essas alegações, o ambiente de incerteza e o contexto global conturbado alimentam essas teorias. Para muitos, a arte continua sendo um espelho do subconsciente coletivo — e, às vezes, uma janela para o que ainda está por vir.
Reflexão final: o impacto cultural da coincidência
O Habitante deixa de ser apenas um filme de suspense para se tornar um caso de estudo sobre como o cinema pode ser reinterpretado à luz de novos acontecimentos. O nome Leão XIV, antes um detalhe de roteiro, se transforma em gatilho para discussões sobre fé, destino, linguagem simbólica e poder midiático.
A repercussão mostra que, no século 21, qualquer obra pode ganhar nova vida — e novo significado — quando colocada sob a lupa das redes sociais e das coincidências históricas. E talvez seja exatamente isso que torna o cinema tão fascinante: a possibilidade de que, mesmo sem querer, uma simples ficção toque em algo real.
