Apesar de rentável para muitos, a onda de apostas esportivas com as bets e o uso de cartões de crédito pode virar um verdadeiro “desastre anunciado”.
A saber, para o líder da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), Isaac Sidney, utilizar esse meio de pagamento incentiva o endividamento excessivo.
De acordo com Sidney, o governo deveria vetar já o uso de cartões de crédito como forma de pagamento para apostas nas bets.
A razão é o aumento no número de famílias endividadas devido aos jogos, que poderia alcançar níveis alarmantes e ter efeitos catastróficos.
Com receita em torno de R$ 100 bilhões, conforme dados da agência Strategy & Brasil, as bets geram discussões acaloradas entre público e governo. Aprovada em dezembro de 2023, a Lei 14.790/23 estabelece várias normas para as apostas esportivas, como tributação e transparência sobre o destino dos recursos.
Sidney também alerta que as bets têm grande potencial para facilitar a lavagem de dinheiro, e pede a antecipação da lei. Contudo, essas novas regras só entrarão em vigor a partir de janeiro de 2025.
Em conversa com o Estadão, o líder da Febraban destaca que “apostar com Pix ou débito é uma coisa. A pessoa usa só o que tem na conta. Já o cartão é dívida futura, além dos recursos atuais. O crédito é um convite para a espiral do endividamento”.
Pronunciamento do Presidente da Anban
O presidente da Anban, João Silva, destacou para o jornal O Globo que é necessário antecipar essa restrição, já que o setor financeiro está observando um problema crescer com o impacto das apostas no país. Entre esses efeitos, está o aumento da inadimplência das famílias brasileiras.
“O avanço do mercado de apostas online no Brasil está tomando proporções preocupantes e enormes, e esse cenário deveria nos alarmar seriamente, especialmente quanto ao seu efeito negativo no endividamento das famílias”, afirma João Silva. “Sem controle, não tenho dúvida, o aumento da dívida se tornará uma tragédia anunciada, com sérias consequências para a saúde financeira das pessoas”, alerta.
De acordo com a Abifin (Associação Brasileira das Instituições Financeiras), as plataformas de jogos de azar movimentam sete vezes mais que a Bolsa de Valores brasileira.
Cerca de 22,4 milhões de brasileiros participam de apostas online, o que representa aproximadamente 14% da população. Em comparação, apenas 2% da população investiu em ações, enquanto 5% fez aplicações em títulos privados e 2% em títulos públicos.