O sonho de empreender muitas vezes nasce da necessidade. E foi exatamente assim que a fisioterapeuta Laís Almeida e sua mãe, Euriza Carvalho, transformaram um momento de crise em uma oportunidade única. Com apenas R$ 300 investidos em arroz, feijão e embalagens, as duas deram início a um pequeno negócio de marmitas saudáveis em Uberaba (MG).
Hoje, o projeto que começou dentro de um apartamento se consolidou em uma empresa com faturamento médio de R$ 40 mil por mês, produzindo cerca de 2 mil refeições mensalmente.
O início: da crise ao empreendedorismo
No começo da pandemia, mãe e filha se viram sem perspectivas no mercado de trabalho. Laís havia acabado de retornar para Uberaba e buscava emprego, enquanto Dona Euriza também enfrentava dificuldades para se recolocar. Foi então que surgiu a ideia de cozinhar e vender refeições no prédio onde moravam.
“A gente resolveu unir forças e vender comida. A primeira aposta foi uma feijoada mais saudável, sem carnes embutidas, que logo conquistou os vizinhos”, lembra Laís.
A inspiração veio de um detalhe simbólico: as panelas herdadas da avó, que eram guardadas como relíquias de família. “Ela dizia que essas panelas eram sagradas e iam me trazer sorte. Quando a gente começou, eu senti que tinha que usá-las”, conta.
O primeiro investimento
Com apenas R$ 300, mãe e filha compraram arroz, feijão e embalagens descartáveis. A expectativa era cozinhar para dois finais de semana. No entanto, a aceitação foi tão grande que os pedidos começaram a crescer rapidamente.
Uma cliente fez uma observação que mudaria os rumos do negócio: sugeriu que as marmitas fossem congeladas, para facilitar a rotina. A ideia levou mãe e filha a estudar técnicas de congelamento, ampliar o cardápio e criar um modelo de produção mais profissional.
“Foi o divisor de águas. A gente percebeu que podia ir além do prato fresco e oferecer praticidade para quem não tinha tempo de cozinhar todos os dias”, explica Laís.
De dentro do apartamento para uma nova cozinha
Com o aumento da demanda, o espaço do apartamento se tornou pequeno. Mãe e filha então decidiram alugar e adaptar uma casa inteira para funcionar como linha de produção.
A crise, que havia fechado portas no mercado de trabalho, acabou abrindo novas oportunidades. “A gente começou com o que tinha em mãos e até ganhou panelas de outras pessoas que acreditaram no nosso negócio”, comenta Laís.
A divisão de tarefas e o segredo do tempero
Enquanto Laís cuida da divulgação e do relacionamento com clientes, Dona Euriza é responsável pela cozinha. “O segredo é fazer tudo com delicadeza, selar bem as verduras e degustar sempre a comida antes de mandar para o cliente”, revela a matriarca.
Essa atenção ao sabor e à qualidade se tornou um dos diferenciais das marmitas, que são vendidas, em média, por R$ 25. Além disso, os combos semanais passaram a incentivar a fidelização dos clientes.
Tecnologia a favor da cozinha
Outro passo fundamental para o crescimento foi a adoção de uma plataforma de pedidos online, que funciona 24 horas por dia, como um e-commerce.
“Mesmo quando não estamos atendendo, o cliente pode agendar suas marmitas da semana inteira. Isso facilitou a compra e nos ajudou a organizar métricas e processos”, explica Laís.
Com essa automação, ficou mais fácil planejar a produção, evitar desperdícios e entender o perfil dos consumidores.
O impacto do marketing gastronômico
Além do sabor, o crescimento também se deve a uma estratégia de marketing bem pensada. Laís investiu em redes sociais, divulgação local e no conceito de alimentação saudável e prática. Fotos bem produzidas das marmitas, vídeos mostrando os bastidores da cozinha e depoimentos de clientes satisfeitos ajudaram a consolidar a marca.
Resultados: do improviso ao faturamento alto
Hoje, a empresa fatura cerca de R$ 40 mil mensais, com produção aproximada de 2 mil refeições. Para mãe e filha, o segredo foi começar pequeno, mas com visão de futuro.
“Cada marmita que saía da nossa cozinha era feita com carinho e responsabilidade. Nunca imaginamos que em tão pouco tempo chegaríamos a esse patamar”, diz Laís.
Planos para o futuro
Com o sucesso, mãe e filha já pensam em expandir. O sonho agora é ter uma fábrica de três andares, com pontos de distribuição em outras cidades. Até lá, seguem investindo em aprendizado, novos equipamentos e constância no atendimento.
“Queremos crescer sem perder a essência. Nosso maior orgulho é ver que ajudamos as pessoas a se alimentarem melhor”, completa Dona Euriza.
Dicas para quem deseja empreender com marmitas
Laís compartilha aprendizados importantes para quem quer começar no ramo:
Conheça bem o produto e o público – entenda qual problema seu negócio resolve.
Faça precificação correta – calcule custos, insumos e margem de lucro.
Invista na divulgação – coloque o produto para aparecer, ofereça amostras e ouça os clientes.
Busque diferenciais – seja no sabor, no congelamento ou nos combos, encontre formas de se destacar.
Seja constante – manter qualidade e entrega regular é essencial para fidelizar.
Um negócio movido por afeto
Mais do que o faturamento expressivo, mãe e filha destacam o valor emocional da jornada. Para Laís, o negócio é também uma forma de fortalecer laços familiares e honrar as memórias da avó.
“Ainda bem que é com a minha mãe. Empreender pode ser desafiador, mas estar ao lado dela transforma tudo em aprendizado e parceria”, resume.
