Apesar das discussões em torno da adoção ou não do horário de verão, especialistas do setor energético concordam que os consumidores brasileiros enfrentarão uma conta de luz cada vez mais onerosa nos próximos meses.
Com a bandeira vermelha patamar 2 em vigor desde outubro, a expectativa é que essa tarifa elevada se mantenha até o final do ano, impactando diretamente o bolso dos cidadãos.
Fatores climáticos e a crise hídrica
De acordo com os especialistas, a principal razão para essa situação é a crise hídrica que assola o país, especialmente as regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Com os níveis dos reservatórios em torno de 44%, as distribuidoras de energia têm sido forçadas a recorrer cada vez mais às usinas térmicas, que possuem um custo de geração mais elevado.
Esse acionamento das térmicas, por sua vez, impacta diretamente o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), que baliza o preço da energia no mercado à vista.
Mesmo com a expectativa de que as chuvas do próximo período úmido (de outubro a março) se mantenham dentro da média histórica, os especialistas alertam que esse cenário de recuperação dos reservatórios pode demorar.
Segundo eles, as primeiras chuvas tendem a selar o fundo das bacias, levando algum tempo para que a água comece a se acumular nos reservatórios.
Além disso, a região Norte registrou os piores níveis de rios dos últimos 100 anos, agravando ainda mais a situação.
A implementação da Bandeira Vermelha Patamar 2
A manutenção da bandeira vermelha patamar 2 até dezembro significa que a conta de luz dos consumidores continuará sob forte pressão.
Essa bandeira, que representa a necessidade de acionamento das usinas térmicas, implica em um acréscimo de R$ 6,50 a cada 100 kWh consumidos.
Segundo a especialista Mayra Guimarães, diretora de Regulação e Mercado da consultoria Thymos, o PLD está atualmente no topo, especialmente no período de pico de consumo, entre 16h e 22h.
Esse aumento no PLD é um dos principais fatores que levam à manutenção da bandeira vermelha patamar 2 até o final do ano.
Perspectivas para 2025
Mesmo com a previsão de chuvas dentro da média histórica para o próximo período úmido, os especialistas não descartam a possibilidade de a bandeira vermelha patamar 2 se estender também para o início de 2025.
Edvaldo Santana, ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e doutor em Engenharia de Produção, destaca que as condições dos reservatórios ainda são muito incertas para o mês de novembro, e que a tendência é que a bandeira vermelha patamar 2 se mantenha nesse período.
Clarice Ferraz, economista e diretora do Instituto Ilumina, reforça que a recuperação dos reservatórios está se tornando cada vez mais complexa devido aos processos de seca prolongada.
Com o aumento da temperatura, os solos ficam mais ressecados, dificultando a recomposição do lençol freático e das bacias onde estão os reservatórios.
Medidas de economia e eficiência energética
Diante desse cenário desafiador, especialistas reforçam a importância de os consumidores adotarem medidas de economia e eficiência energética em suas residências. Algumas dicas incluem:
- Utilizar eletrodomésticos de forma mais consciente, evitando o uso desnecessário;
- Investir em equipamentos e lâmpadas mais eficientes energeticamente;
- Aproveitar a iluminação natural sempre que possível;
- Verificar a regulagem do termostato do ar-condicionado;
- Desligar equipamentos e aparelhos quando não estiverem em uso.
Essas ações podem ajudar a mitigar os impactos da alta na conta de luz, especialmente durante os meses mais críticos.
