Nos bastidores de Brasília, um sinal vermelho acendeu. Técnicos e servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) emitiram um alerta grave sobre uma possível paralisação de serviços considerados vitais para o funcionamento do órgão. O motivo? Um corte orçamentário que pode deixar o caixa vazio antes do fim do ano.
A medida, anunciada pelo governo na semana passada, reduziu significativamente o orçamento disponível para o instituto — e, segundo o próprio INSS, o impacto pode ser devastador.
O risco não está apenas na suspensão de atendimentos, mas também na ameaça direta ao processamento da folha de pagamento de aposentadorias e pensões, que sustentam milhões de famílias brasileiras.
INSS pede reforço de R$ 450 milhões para continuar operando
Em uma nota técnica encaminhada ao Ministério da Previdência Social, o INSS foi categórico: é preciso um reforço de R$ 450 milhões no orçamento até o fim do ano para evitar a interrupção de serviços. Além disso, o órgão solicitou o desbloqueio de mais R$ 142 milhões e a antecipação de R$ 217 milhões do limite de empenho e movimentação financeira.
Esses valores, segundo o documento assinado pelo presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, são o mínimo necessário para manter o funcionamento do sistema de pagamentos e dos canais de atendimento.
Caso o pedido não seja atendido, há risco de suspensão de contratos com empresas terceirizadas, como os serviços de teleatendimento e o processamento de dados — estruturas fundamentais para garantir que os benefícios previdenciários cheguem às contas dos segurados.
Veja também: Pagamento do 13º salário aos aposentados em novembro de 2025: Manual completo sobre calendário e valores
Risco de paralisação de serviços e filas gigantes
O corte de R$ 190 milhões no orçamento de processamento de dados, anunciado pelo governo, compromete a base tecnológica que mantém o sistema previdenciário funcionando. O próprio documento do INSS descreve o cenário como “crítico para a continuidade dos serviços previdenciários essenciais”.
O impacto pode ser sentido em diversos setores, especialmente na análise e liberação de novos benefícios. Já há relatos de suspensão temporária no pagamento de bônus de produtividade a servidores, o que tende a aumentar as filas de espera para concessão de aposentadorias, pensões e auxílios.
Sem o bônus, servidores têm menos incentivo para atuar em mutirões e força-tarefa de análise de processos — o que pode fazer com que prazos, que já passam de 45 dias em muitos casos, voltem a ultrapassar dois meses de espera.
Correios e teleatendimento também podem ser afetados
O documento enviado pelo INSS também chama atenção para outro ponto preocupante: a manutenção de contratos com os Correios.
A estatal é responsável por parte da comunicação com aposentados e pensionistas, inclusive aqueles que tiveram descontos indevidos em seus benefícios. Se o contrato não for renovado, há risco de descontinuidade no envio de notificações e cartas de regularização, o que pode afetar diretamente a transparência e o atendimento aos segurados.
Além disso, a Central 135, um dos principais canais de atendimento do INSS, também depende de contratos terceirizados. Sem recursos, o serviço pode ser reduzido, prejudicando milhões de beneficiários que dependem do telefone para tirar dúvidas ou agendar atendimentos.
Impacto direto nos pagamentos de aposentadorias e pensões
Embora o Ministério da Previdência ainda não tenha confirmado se vai liberar os recursos solicitados, o cenário gera apreensão entre aposentados e pensionistas.
O próprio INSS admite que, sem suplementação orçamentária, pode haver impacto no processamento da folha de pagamento dos benefícios. Na prática, isso significa risco de atrasos nas liberações mensais — algo que não ocorre há décadas no sistema previdenciário brasileiro.
Para 2025, o pagamento das aposentadorias e pensões segue o calendário oficial, mas, diante da crise, o instituto já trabalha para readequar despesas e evitar o colapso do sistema.

Calendário de pagamentos do INSS em novembro de 2025
O calendário de pagamentos segue dividido conforme o valor do benefício e o número final do benefício, sem considerar o dígito verificador. Confira:
Beneficiários que recebem até 1 salário mínimo
| Final do benefício | Data de pagamento |
|---|---|
| 1 | 24 de novembro |
| 2 | 25 de novembro |
| 3 | 26 de novembro |
| 4 | 27 de novembro |
| 5 | 28 de novembro |
| 6 | 1º de dezembro |
| 7 | 2 de dezembro |
| 8 | 3 de dezembro |
| 9 | 4 de dezembro |
| 0 | 5 de dezembro |
Beneficiários que recebem acima de 1 salário mínimo
| Final do benefício | Data de pagamento |
|---|---|
| 1 e 6 | 3 de novembro |
| 2 e 7 | 4 de novembro |
| 3 e 8 | 5 de novembro |
| 4 e 9 | 6 de novembro |
| 5 e 0 | 7 de novembro |
Calendário de pagamentos do INSS em dezembro de 2025
Beneficiários que recebem até 1 salário mínimo
| Final do benefício | Data de pagamento |
|---|---|
| 1 | 22 de dezembro |
| 2 | 23 de dezembro |
| 3 | 26 de dezembro |
| 4 | 29 de dezembro |
| 5 | 30 de dezembro |
| 6 | 2 de janeiro de 2026 |
| 7 | 5 de janeiro de 2026 |
| 8 | 6 de janeiro de 2026 |
| 9 | 7 de janeiro de 2026 |
| 0 | 8 de janeiro de 2026 |
Beneficiários que recebem acima de 1 salário mínimo
| Final do benefício | Data de pagamento |
|---|---|
| 1 e 6 | 2 de janeiro de 2026 |
| 2 e 7 | 3 de janeiro de 2026 |
| 3 e 8 | 6 de janeiro de 2026 |
| 4 e 9 | 7 de janeiro de 2026 |
| 5 e 0 | 8 de janeiro de 2026 |
Como consultar a data exata do seu pagamento
Os beneficiários podem consultar o dia exato do depósito por diferentes canais:
Meu INSS: Acesse meu.inss.gov.br ou o aplicativo “Meu INSS”, disponível para Android e iOS. Após fazer login com a conta Gov.br, selecione “Extrato de Pagamento de Benefício”.
Central 135: Atendimento telefônico de segunda a sábado, das 7h às 22h (horário de Brasília). Basta informar o CPF e o número do benefício.
Instituição bancária: O beneficiário também pode verificar o extrato de pagamento diretamente pelo aplicativo ou caixa eletrônico do banco em que recebe o benefício.
Pressão aumenta sobre o governo
O pedido de recomposição orçamentária do INSS chega em um momento delicado para o governo federal, que tenta equilibrar as contas públicas e cumprir metas fiscais.
Nos bastidores, técnicos da Previdência defendem que os recursos destinados ao INSS não devem ser tratados como gastos comuns, já que estão diretamente ligados à sobrevivência de milhões de brasileiros.
Enquanto o governo analisa o pedido de liberação, a incerteza paira sobre o futuro do órgão. O risco de interrupção de pagamentos, ainda que remoto, é suficiente para causar preocupação entre aposentados e servidores — e reacende o debate sobre a sustentabilidade do sistema previdenciário brasileiro.
