Aposentar-se com um valor equivalente a dois salários mínimos pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) é um objetivo de muitos brasileiros que desejam mais tranquilidade financeira. A saber, em 2025, com o salário mínimo fixado em R$ 1.518,00, isso significa buscar um benefício de cerca de R$ 3.036,00 por mês.
Mas, para chegar a esse patamar, é essencial entender como o cálculo da aposentadoria funciona, quais estratégias podem aumentar o valor e o que muda nas regras de 2026.
Entenda como o INSS calcula o valor da aposentadoria
Desde a Reforma da Previdência de 2019, o cálculo da aposentadoria considera a média de todos os salários de contribuição desde julho de 1994.
A partir dessa média, o benefício é definido em 60% do valor mais 2% para cada ano de contribuição adicional acima de 20 anos (para homens) ou 15 anos (para mulheres). Lembrando que para 2026, o INSS colocou em pauta o pagamento de R$ 8.546,51 para aposentados (veja aqui).
Exemplo prático:
Um homem com 40 anos de contribuição alcança 100% da média salarial.
Uma mulher com 35 anos de contribuição também chega a 100%.
Isso mostra que contribuir por mais tempo e sobre valores mais altos é o caminho certo para quem busca uma aposentadoria de dois salários mínimos ou mais.
1. Contribuir com alíquotas mais altas: a chave do benefício maior
Para autônomos e facultativos, a escolha da alíquota de contribuição define diretamente o valor da futura aposentadoria.
Plano Normal (20%)
É o único que permite contribuições acima do salário mínimo.
Quem pode usar: contribuintes individuais (autônomos, profissionais liberais) e facultativos (donas de casa, estudantes, desempregados).
Base de cálculo: qualquer valor entre o salário mínimo (R$ 1.518,00) e o teto do INSS (R$ 8.157,41 em 2025).
Exemplo: Para alcançar um benefício de dois salários mínimos, o contribuinte deve contribuir mensalmente com 20% sobre valores próximos a R$ 3.000,00, ou seja, cerca de R$ 600 por mês.
Planos Simplificados (5% e 11%)
Esses planos têm limite de contribuição sobre o salário mínimo e, portanto, não permitem benefícios acima de um salário mínimo.
MEI (5%): garante apenas aposentadoria por idade, limitada ao mínimo.
Contribuinte de 11%: voltado a quem trabalha por conta própria, mas com base no salário mínimo.
Quem deseja se aposentar com dois salários precisa evitar os planos simplificados e optar pelo plano de 20%.
Recentemente, a Serasa emitiu um comunicado direcionado para todos com CPF final 0,1,2,3,4,5,6,7,8 e 9 (veja aqui)
2. Manter salários de contribuição elevados por mais tempo
O valor final da aposentadoria depende da média dos salários ao longo da vida. Assim, quanto mais tempo o trabalhador contribui com salários altos, maior será o benefício.
Estratégia de médio e longo prazo
Busque aumentos salariais ou promoções, se for CLT.
Se for autônomo, declare contribuições mais altas.
Evite longos períodos de contribuição mínima.
Mesmo que o descarte dos 20% menores salários tenha acabado com a reforma, manter a média alta ainda é fundamental para atingir um valor superior a R$ 3.000,00.
3. Evitar interrupções nas contribuições ao INSS
A regularidade nas contribuições também é decisiva.
Quando o trabalhador para de contribuir, o tempo sem recolhimento não conta para a aposentadoria, e isso atrasa o aumento percentual no cálculo do benefício.
Aposentadoria por idade: exige 15 anos de contribuição para mulheres e 20 para homens.
Aposentadoria por tempo de contribuição: quanto mais anos contribuídos, maior o percentual da média salarial.
Exemplo prático
Um homem que contribui por 30 anos receberá 80% da média salarial (60% + 2% por cada ano extra após os 20).
Já com 40 anos, ele alcança os 100% da média, o que pode resultar em um benefício de dois salários mínimos ou mais.
4. Planejamento previdenciário: o segredo dos especialistas
Fazer um planejamento previdenciário é uma das formas mais eficientes de alcançar o valor desejado.
Esse processo envolve analisar o histórico de contribuições, simular cenários e definir a melhor estratégia de recolhimento.
O que um especialista avalia
Se há períodos sem contribuição que podem ser recuperados.
A melhor regra de transição para se aposentar.
A viabilidade de complementar contribuições anteriores.
O impacto de contribuições simultâneas em dois vínculos.
Um bom planejamento pode ser a diferença entre se aposentar com R$ 1.518,00 ou R$ 3.036,00.
5. MEI pode receber mais de um salário? Sim, com complementação
O Microempreendedor Individual (MEI) contribui com 5% do salário mínimo — o que limita o benefício ao valor mínimo.
Mas existe uma solução: a contribuição complementar de 15%.
Essa complementação é feita por meio de uma Guia da Previdência Social (GPS) e permite que o MEI aumente o valor base de cálculo, podendo alcançar até dois salários mínimos no futuro.
Exemplo:
Contribuição MEI (5%): R$ 75,90 em 2025.
Complementação (15%): R$ 227,70.
Total mensal: R$ 303,60 para ter direito a uma aposentadoria mais alta.
6. Regras de transição para 2026
A Reforma da Previdência de 2019 criou regras de transição para quem já contribuía antes dela. Em 2026, essas regras continuam valendo com pequenas mudanças anuais.
Regra de transição por pontos
Soma-se a idade + tempo de contribuição:
Mulheres: 93 pontos (mínimo 30 anos de contribuição).
Homens: 103 pontos (mínimo 35 anos de contribuição).
Regra da idade mínima progressiva
A idade mínima aumenta seis meses por ano.
Mulheres: 59 anos e 6 meses em 2026.
Homens: 64 anos e 6 meses em 2026.
Pedágio de 50%
Para quem estava a menos de dois anos de se aposentar em 2019:
Mulheres: 30 anos + pedágio de 50%.
Homens: 35 anos + pedágio de 50%.
Pedágio de 100%
Quem estava mais longe da aposentadoria pode optar por esta regra:
Mulheres: 57 anos de idade + pedágio.
Homens: 60 anos de idade + pedágio.
Essas regras favorecem quem já tinha um bom tempo de contribuição antes da reforma e pode alcançar benefícios mais vantajosos.
7. Regras definitivas para novos contribuintes
Quem começou a contribuir após novembro de 2019 segue as regras permanentes:
Mulheres: 62 anos e 15 de contribuição.
Homens: 65 anos e 20 de contribuição.
O cálculo segue o modelo de 60% da média salarial + 2% por ano extra, tornando essencial aumentar o tempo e o valor das contribuições para atingir o patamar de dois salários mínimos.
8. Estratégias práticas para alcançar o valor de R$ 3.036,00
a) Manter vínculos simultâneos: Quem tem dois empregos com contribuição ao INSS pode somar os salários, o que eleva a média e o valor do benefício.
b) Negociar reajustes salariais: Para trabalhadores CLT, buscar promoções ou cargos com salários maiores é uma maneira direta de aumentar a base de contribuição.
c) Evitar atrasos nas guias do INSS: A falta de pagamento de guias (no caso de autônomos e MEIs) pode anular meses de contribuição, atrasando o direito e reduzindo o valor do benefício.
d) Regularizar contribuições antigas: É possível recolher valores retroativos, desde que haja prova de atividade profissional no período, o que ajuda a completar o tempo necessário.
9. Planejar-se para a aposentadoria em 2026
Com a proximidade de 2026, o momento é ideal para revisar o histórico de contribuições e verificar qual regra de transição será mais vantajosa.
Passos recomendados
Acesse o Meu INSS e consulte seu histórico de contribuições.
Verifique lacunas (períodos sem contribuição).
Solicite uma simulação no próprio portal.
Procure um especialista para confirmar qual regra oferece o melhor valor.
O INSS não faz o pagamento automaticamente. É preciso fazer o requerimento do benefício na data correta, com toda a documentação em ordem — comprovantes de contribuição, vínculos empregatícios e documentos pessoais.
Em resumo: alcançar dois salários mínimos de aposentadoria é totalmente possível para quem contribui corretamente, mantém a regularidade e planeja a carreira com antecedência. Quanto mais tempo e maior o valor das contribuições, mais próximo o segurado estará de garantir um benefício de R$ 3.036,00 ou até mais em 2026.
