Milhares de brasileiros que se aposentam pelo INSS acabam recebendo apenas o valor do salário mínimo. No entanto, é totalmente possível aumentar o valor da aposentadoria de forma legal, seguindo regras claras e com um bom planejamento previdenciário.
A quantia que o aposentado recebe está diretamente ligada ao quanto ele contribuiu durante sua vida profissional e ao tempo de contribuição total.
Portanto, entenda agora as principais estratégias que podem garantir uma renda maior na aposentadoria.
1. Contribuir com valores acima do salário mínimo
A regra de ouro da Previdência é simples: quanto maior a contribuição, maior será a aposentadoria.
Para quem é trabalhador CLT, o valor de contribuição é descontado automaticamente do salário. Nesse caso, quanto maior o salário formal, maior será a base de cálculo para o INSS.
Já o contribuinte individual ou autônomo pode escolher quanto deseja contribuir. É possível pagar com base em um valor superior ao salário mínimo, respeitando o teto previdenciário, que em 2025 é de R$ 8.157,41.
Como fazer isso na prática
- Autônomos e MEIs: Podem complementar a contribuição para aumentar o valor-base.
- Facultativos (donas de casa, estudantes, desempregados): Podem contribuir com alíquotas maiores (20%) sobre um valor declarado.
- Empregados CLT: Devem acompanhar o contracheque e garantir que o empregador esteja recolhendo corretamente.
Se você sempre contribuiu pelo valor mínimo, ainda é possível melhorar os próximos recolhimentos para elevar sua média de salários e, consequentemente, o valor final da aposentadoria.
2. Aumentar o tempo de contribuição
O tempo total de contribuição influencia diretamente no percentual do benefício. Desde a Reforma da Previdência (2019), o cálculo leva em conta 60% da média de todos os salários de contribuição desde julho de 1994, com acréscimo de 2% para cada ano adicional que ultrapassar o tempo mínimo exigido — 15 anos para mulheres e 20 anos para homens.
Exemplo prático
- Uma mulher com 25 anos de contribuição receberá 80% da média salarial.
- Um homem com 30 anos de contribuição receberá 70% da média salarial.
Ou seja, continuar contribuindo após atingir o tempo mínimo é uma das formas mais eficazes de aumentar o valor da aposentadoria.
Além disso, quem continua trabalhando pode usar o tempo extra para eliminar períodos de contribuição baixa, substituindo-os por salários mais altos no cálculo da média.
3. Planejamento previdenciário
Fazer um planejamento previdenciário antecipado é essencial para quem quer escapar do salário mínimo na aposentadoria.
Como planejar corretamente
- Use o simulador do “Meu INSS”: O sistema mostra quanto você receberá em cada regra disponível.
- Reveja seu CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais): Verifique se todas as contribuições estão corretas e sem lacunas.
- Consulte um especialista: Um advogado previdenciário pode identificar erros de cálculo, períodos não contabilizados e indicar o melhor momento e regra para pedir a aposentadoria.
Muitos segurados descobrem, com uma simples revisão, que podem aumentar o valor do benefício ou até mudar de regra para garantir um percentual maior.
4. Evitar aposentadorias proporcionais e fatores redutores
Outro ponto crucial é evitar se aposentar cedo demais. As regras de transição ainda aplicam fatores previdenciários ou reduções para quem se aposenta antes da idade ideal. Isso pode diminuir o valor em até 40%.
Por isso, é recomendável avaliar se vale a pena esperar mais alguns anos e garantir uma aposentadoria integral, especialmente nas regras de pontos e pedágio.
As regras de aposentadoria do INSS em 2026
Em 2026, o sistema previdenciário brasileiro seguirá as regras da Reforma da Previdência de 2019. Embora a estrutura continue a mesma, haverá avanços nas idades e pontuações das regras de transição.
A seguir, veja como funcionará cada uma delas.
1. Regras Permanentes (para quem começou a contribuir após 13/11/2019)
Essas são as regras fixas para quem entrou no mercado de trabalho depois da reforma.
Mulheres: 62 anos de idade e 15 anos de contribuição
Homens: 65 anos de idade e 20 anos de contribuição
O cálculo do benefício começa em 60% da média de todos os salários desde julho de 1994, com acréscimo de 2% por ano adicional além do tempo mínimo.
2. Regras de Transição
Essas regras foram criadas para suavizar a mudança entre o sistema antigo e o novo.
A. Idade mínima progressiva
A idade mínima sobe seis meses a cada ano. Em 2026, a exigência será:
- Mulheres: 59 anos e 6 meses + 30 anos de contribuição
- Homens: 64 anos e 6 meses + 35 anos de contribuição
Essa regra beneficia quem tem longo tempo de contribuição, mas ainda não atingiu a idade permanente.
B. Regra por Pontos (Fórmula 86/96 progressiva)
A soma da idade + tempo de contribuição deve atingir:
- 93 pontos para mulheres
- 103 pontos para homens
Essa pontuação aumenta um ponto por ano e elimina o fator previdenciário, garantindo um valor mais vantajoso para quem espera o tempo necessário.
C. Regra do Pedágio de 50%
Destinada a quem, em 2019, estava a menos de dois anos de completar o tempo mínimo.
O trabalhador deve cumprir o tempo que faltava mais 50% de pedágio.
Não há idade mínima, mas o fator previdenciário ainda é aplicado, o que pode reduzir o valor.
D. Regra do Pedágio de 100%
Mais vantajosa, porém mais longa.
O segurado precisa pagar 100% do tempo que faltava em 2019, além de cumprir uma idade mínima:
- Mulheres: 57 anos + 30 anos de contribuição
- Homens: 60 anos + 35 anos de contribuição
Nessa modalidade, o cálculo é mais generoso, e não há aplicação do fator previdenciário, o que pode garantir benefícios acima do salário mínimo.
Como garantir uma aposentadoria acima do mínimo em 2026
- Verifique seu histórico de contribuições (CNIS) — erros são comuns e podem reduzir o benefício.
- Considere aumentar a base de contribuição, se for autônomo ou facultativo.
- Evite se aposentar no primeiro momento possível, espere atingir uma regra mais vantajosa.
- Peça uma simulação no Meu INSS para comparar todas as regras.
- Consulte um especialista antes de protocolar o pedido.
Com planejamento e contribuições consistentes, é totalmente possível se aposentar com valor acima do salário mínimo, garantindo mais segurança e tranquilidade financeira na aposentadoria.
