Imagine descobrir que você possui dinheiro esquecido em alguma instituição financeira, esperando ser reclamado. Para muitos brasileiros, essa realidade está se tornando cada vez mais presente.
O Banco Central (BC) do Brasil revelou recentemente que até o final de março deste ano, R$ 8,02 bilhões em valores a receber ainda não foram sacados pelos cidadãos e empresas.
Essa quantia representa uma enorme oportunidade para milhões de pessoas e negócios recuperarem recursos que lhes pertencem, mas que ficaram perdidos no sistema financeiro.
O Sistema de Valores a Receber (SVR)
O SVR, criado pelo BC em 2022, é o mecanismo responsável por devolver esses valores esquecidos aos seus legítimos proprietários. Desde o início do programa, 63,8 milhões de correntistas foram incluídos na lista de beneficiários, sendo que apenas 31,1% deles, ou seja, 19,8 milhões, já efetuaram o resgate até o momento.
A maior parte dos valores a serem resgatados se concentra em quantias relativamente baixas. Cerca de 63,54% dos beneficiários têm direito a receber até R$ 10, enquanto 24,95% possuem valores entre R$ 10,01 e R$ 100.
Apenas 1,76% dos correntistas têm direito a receber mais de R$ 1 mil. Após um período de quase um ano fora do ar, o SVR foi reaberto em março de 2023 com diversas novidades.
Uma delas é a possibilidade de consulta e resgate de valores pertencentes a pessoas falecidas, facilitando o acesso para herdeiros, testamentários, inventariantes ou representantes legais.
Outras melhorias incluem a impressão de telas e protocolos de solicitação, a inclusão de todos os tipos de valores previstos na norma do SVR e a criação de uma sala de espera virtual, que permite que todos os usuários façam a consulta no mesmo dia, sem a necessidade de um cronograma por ano de nascimento ou de fundação da empresa.
Novas fontes de recursos no Sistema Valores a Receber
Além das fontes de recursos já existentes, como contas-corrente ou poupança encerradas, o SVR agora engloba também valores esquecidos em contas de pagamento pré ou pós-pagas encerradas, contas de registro mantidas por corretoras e distribuidoras encerradas, e outros recursos disponíveis nas instituições financeiras.
O Banco Central ressalta que todos os serviços do SVR são totalmente gratuitos e que a instituição financeira responsável pelo valor a ser resgatado é a única que pode entrar em contato com o cidadão.
O órgão alerta para que nenhum dado pessoal, como senhas, seja fornecido a terceiros, pois isso pode caracterizar um golpe de estelionato.
Apesar dos avanços, o resgate efetivo dos valores ainda enfrenta alguns desafios. Até o final de março, apenas 31,1% dos beneficiários haviam efetuado o saque, deixando mais de R$ 8 bilhões ainda por resgatar.
Isso se deve, em parte, à existência de pequenas quantias, que muitas vezes não são percebidas ou priorizadas pelos correntistas.