Direitos do TrabalhadorEconomiaINSS

Aposentados do INSS surpreendem: saiba quando eles podem continuar trabalhando, quais benefícios mantêm, e as regras que mudam em 2025 e 2026

Mito ou verdade? Aposentado do INSS pode continuar trabalhando?

Imagine o seguinte: você se aposenta, faz o churrasco da vitória, e no dia seguinte… aparece uma proposta de trabalho. Pode aceitar?

A boa notícia é que, na maioria dos casos, o aposentado do INSS pode continuar trabalhando normalmente no Brasil, seja na mesma empresa, em uma nova função ou como autônomo.

A regra é simples: a aposentadoria não impede o exercício de atividade remunerada. Mas — e aqui vem o porém — existem exceções importantes que merecem atenção.

As duas aposentadorias do INSS que travam a volta ao trabalho

1. Aposentadoria por incapacidade permanente (antiga invalidez)

Se o benefício foi concedido por motivo de incapacidade total e permanente, voltar ao trabalho é proibido.
O motivo é lógico: se a pessoa está “apta” novamente, a incapacidade deixa de existir.

Nesse caso, o INSS cancela automaticamente o benefício ao constatar o retorno à atividade profissional.

2. Aposentadoria especial

Essa modalidade é voltada para quem trabalhou em ambientes insalubres ou perigosos — como minas, indústrias químicas, hospitais e usinas.

Quem se aposenta dessa forma não pode continuar exercendo a mesma função de risco.

O benefício existe justamente para afastar o trabalhador da exposição aos agentes nocivos.
Porém, ele pode assumir outro tipo de trabalho, desde que não envolva o mesmo tipo de perigo.

Direitos e deveres do aposentado que volta à ativa

A vida de aposentado trabalhador tem suas vantagens e suas obrigações. Vamos deixar tudo bem claro:

Contribuição ao INSS continua obrigatória

Mesmo aposentado, quem exerce atividade remunerada deve contribuir para a Previdência Social.

Mas atenção: essas novas contribuições não aumentam o valor da aposentadoria já concedida.

Ou seja, é como se o trabalhador aposentado “pagasse de novo”, mas sem acréscimo de benefício.

Direitos garantidos pela CLT

O aposentado com carteira assinada mantém todos os direitos trabalhistas:

  • Salário e 13º;

  • Férias com adicional de um terço;

  • Depósito de FGTS;

  • E todos os demais direitos previstos na Consolidação das Leis do Trabalho.

Nada muda nesse sentido — a aposentadoria não transforma o trabalhador em um “meio funcionário”.

FGTS: saque mensal liberado

Um ponto positivo: o aposentado pode sacar o FGTS da nova conta todos os meses.

E, se for demitido sem justa causa, a empresa ainda precisa pagar a multa de 40% sobre o saldo.

Outros benefícios do INSS ficam bloqueados

Quem já recebe aposentadoria não tem direito a benefícios como auxílio-doença ou salário-maternidade, mesmo continuando a contribuir.

O sistema entende que o segurado já possui um benefício ativo e não acumula outro.

O que mudou com a reforma da Previdência (e o que muda em 2025 e 2026)

Com a reforma da Previdência, aprovada em 2019, as regras para se aposentar ficaram mais rígidas — e continuam mudando gradualmente a cada ano.

Entre 2025 e 2026, novas exigências entram em vigor nas chamadas regras de transição.

Vamos destrinchar isso de forma simples, porque esse assunto costuma confundir até quem já trabalha com RH.

Regra de transição por pontos

Nessa modalidade, soma-se idade + tempo de contribuição para atingir uma pontuação mínima que sobe a cada ano.

  • Mulheres: precisam ter pelo menos 30 anos de contribuição.

    • 2025: 92 pontos

    • 2026: 93 pontos

  • Homens: precisam ter no mínimo 35 anos de contribuição.

    • 2025: 102 pontos

    • 2026: 103 pontos

É uma regra que favorece quem começou a trabalhar cedo, mas exige disciplina: a cada ano, o “alvo” sobe um ponto.

Regra da idade mínima progressiva

Aqui, o trabalhador deve cumprir um tempo de contribuição fixo e uma idade mínima, que aumenta gradualmente.

  • Mulheres: 30 anos de contribuição.

    • 2025: 59 anos

    • 2026: 59 anos e 6 meses

  • Homens: 35 anos de contribuição.

    • 2025: 64 anos

    • 2026: 64 anos e 6 meses

Ou seja, quem deixar para se aposentar mais tarde, pega uma idade mínima maior.

Regra do pedágio de 100%

Essa modalidade foi pensada para quem estava próximo de se aposentar quando a reforma entrou em vigor (em 13/11/2019).

Ela exige cumprir o dobro do tempo que faltava na época — o famoso “pedágio”.

  • Mulheres: 57 anos + 30 anos de contribuição + o dobro do tempo que faltava.

  • Homens: 60 anos + 35 anos de contribuição + o dobro do tempo que faltava.

Essa regra é considerada uma das mais “caras” em tempo, mas pode garantir um benefício maior em alguns casos.

Aposentadoria por idade (regra permanente)

Essa é a mais simples e vale para quem começou a contribuir depois da reforma.

  • Mulheres: 62 anos de idade e 15 anos de contribuição.

  • Homens: 65 anos e 20 anos de contribuição.

Nada de pedágio ou soma de pontos — mas exige paciência e um longo histórico de contribuição.

Regras especiais para professores

Professores da educação infantil, fundamental e média têm um tratamento diferenciado:
o tempo mínimo de contribuição é reduzido em cinco anos e a pontuação exigida também é menor.

  • Mulheres:

    • 2025: 87 pontos

    • 2026: 88 pontos

  • Homens:

    • 2025: 97 pontos

    • 2026: 98 pontos

A justificativa é simples: o trabalho em sala de aula é reconhecidamente mais desgastante, tanto física quanto emocionalmente.

Qual é a melhor regra para se aposentar?

Depende do seu caso.

A idade, o tempo de contribuição e até o tipo de atividade exercida influenciam diretamente na escolha.

Mas ninguém precisa fazer contas no papel: o aplicativo Meu INSS oferece um simulador gratuito, que mostra todas as possibilidades e o tempo restante para atingir cada uma.

Aliás, quem tinha menos de dois anos para se aposentar em 2019 ainda pode usar a regra do pedágio de 50%, válida exclusivamente para essa faixa de segurados.

Por que tantos aposentados continuam trabalhando no Brasil

Agora vem a parte mais humana da história.

O Brasil tem mais de 25 milhões de aposentados, segundo dados de fevereiro de 2025.

E sabe o que chama atenção? Mais da metade continua trabalhando.

Os números não mentem

  • Um estudo de janeiro de 2025 revelou que 60% dos aposentados seguem exercendo alguma atividade profissional.

  • A Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou, em agosto de 2025, que o número de pessoas com mais de 60 anos no mercado de trabalho cresceu 70% nos últimos 12 anos.

  • Outro levantamento, da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), apontou que 46% dos idosos brasileiros trabalham atualmente — um aumento expressivo em relação a 2018.

Ou seja, a ideia de “pendurar as chuteiras” está cada vez mais fora de moda.

Motivos para continuar trabalhando depois da aposentadoria

As razões são diversas, e vão muito além do dinheiro (embora ele seja o principal).

1. Complementar a renda

Mais de 70% dos aposentados recebem até um salário mínimo — hoje fixado em R$ 1.518 em 2025.
E, convenhamos, é difícil manter o mesmo padrão de vida com esse valor.

Não é à toa que muitos encaram novos trabalhos, abrem pequenos negócios ou atuam como autônomos.

A partir de 2026, a boa notícia é que o valor pode chegar a R$8.524,00. Saiba mais

2. Manter a mente ativa

Vários aposentados afirmam que continuar trabalhando ajuda a evitar o tédio e o isolamento.

O trabalho volta a ser uma forma de socialização e propósito, não apenas de sobrevivência.

3. Experiência valorizada

Empresas de diversos setores têm reconhecido o valor da mão de obra sênior.

Profissionais experientes costumam ter mais estabilidade emocional e conhecimento prático, o que tem levado à criação de programas de incentivo à contratação de idosos.

O mercado de trabalho está mudando — e os aposentados também

O perfil do aposentado que trabalha hoje é muito diferente do que víamos há 20 anos.

Antes, a imagem era de quem buscava apenas “complementar o troco”.

Agora, muitos assumem papéis de liderança, consultoria ou até empreendem.

Exemplo prático

Uma pesquisa recente mostrou que quase 20% dos aposentados que continuam ativos abrem o próprio negócio.

E boa parte desses empreendimentos está ligada a atividades online, prestação de serviços e vendas digitais, mostrando que a era digital também chegou para eles.

E o INSS, como controla quem continua trabalhando?

Essa é uma boa pergunta.

O INSS não tem um controle automático sobre aposentados que seguem ativos, mas os dados podem ser cruzados com o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS).

Empregadores, por exemplo, continuam recolhendo as contribuições normalmente.

Isso permite que o governo tenha uma estimativa de quantos aposentados estão trabalhando, mesmo sem divulgar relatórios oficiais atualizados.

Vale a pena continuar contribuindo depois da aposentadoria?

A resposta depende dos objetivos pessoais.

Contribuir novamente não aumenta o valor do benefício atual, mas pode garantir proteção em relação a eventuais vínculos trabalhistas, como FGTS e direitos previdenciários futuros (no caso de reaposentadoria, por exemplo, se houver mudança legislativa).

Além disso, o vínculo formal mantém acesso a plano de saúde empresarial, convênios e outros benefícios corporativos — vantagens que muitos não querem perder.

Resumo rápido para quem quer entender tudo sem complicação

  • Pode trabalhar? Sim, exceto quem se aposentou por invalidez ou aposentadoria especial (na mesma função).

  • Tem que contribuir? Sim, mas isso não aumenta a aposentadoria.

  • Mantém direitos da CLT? Todos, incluindo 13º, férias e FGTS.

  • Pode sacar FGTS? Sim, inclusive mensalmente.

  • Perde algum benefício? Sim: não pode acumular com auxílio-doença ou outros benefícios do INSS.

  • Por que tantos continuam trabalhando? Principalmente por necessidade financeira e por se manterem ativos.

Com um mercado cada vez mais aberto à experiência e com aposentadorias que, na prática, não sustentam o custo de vida, os aposentados estão reescrevendo o conceito de envelhecer com dignidade no Brasil — sem parar de produzir, ensinar e inspirar novas gerações.

Saulo Moreira

Saulo Moreira dos Santos, 29 anos, é um profissional comprometido com a comunicação e a disseminação de informações relevantes. Formado em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Salvador, descobriu sua verdadeira vocação na escrita e na criação de conteúdo digital. Com mais de 15 anos de experiência como redator web, Saulo se especializou na produção de artigos e notícias sobre temas de grande interesse social, incluindo concursos públicos, benefícios sociais, direitos trabalhistas e futebol. Sua busca por precisão e relevância fez dele uma referência nesses segmentos, ajudando milhares de leitores a se manterem informados e atualizados.… Mais »
0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Botão Voltar ao topo
0
Adoraria saber sua opinião, comente.x