A indústria de alimentos e bebidas no Brasil enfrenta desafios constantes quando se trata de garantir a qualidade e segurança de seus produtos.
Duas marcas emblemáticas, uma de leite e outra de cerveja, vivenciaram momentos de terror e superação, deixando um legado de lições valiosas para o setor.
Contaminação do Leite Parmalat e Líder
Em 2014, uma investigação conhecida como “Operação Leite Compensado” abalou o mercado lácteo no Brasil. Denúncias de adulteração do leite desencadearam uma ação que afetou oito municípios gaúchos, resultando na prisão do proprietário de um posto de resfriamento em Condor. Cerca de 300 mil litros de leite contaminado foram enviados para as cidades de Guaratinguetá, em São Paulo, e Lobato, no Paraná, colocando-os à venda.
Diante dessa situação, a Secretaria de Saúde (Sesa) do Paraná suspendeu a venda de dois lotes específicos de leite da marca Líder, produzidos em 13/02/2014 e 14/02/2014.
Essa medida obrigou a LBR, detentora das marcas Parmalat e Líder, a retirar imediatamente do mercado todas as embalagens que poderiam ter sido contaminadas.
Posteriormente, o Ministério Público gaúcho levantou a possibilidade de que o leite suspeito poderia ter sido comercializado também no Rio Grande do Sul. Um consumidor de Porto Alegre teria comprado o produto em um estabelecimento da capital gaúcha, o que ampliou o escopo da investigação.
Posicionamento da LBR
Em resposta às acusações, a LBR Lácteos, proprietária das marcas Líder e Parmalat, divulgou uma nota alertando os consumidores sobre os lotes suspeitos de contaminação por formol.
A empresa afirmou que submeteu todo o leite recebido pelo posto de resfriamento suspeito a um controle de qualidade e não encontrou nenhum tipo de contaminação, apresentando laudos de órgãos oficiais e particulares que atestavam a qualidade do produto.
Segundo pesquisas realizadas nos principais mercados e sites de e-commerce, as marcas Líder e Parmalat continuam sendo comercializadas, o que indica que a situação foi devidamente resolvida.
A LBR Lácteos reiterou seu compromisso com a qualidade de seus produtos e a segurança alimentar, reafirmando seus rigorosos padrões de análise e controle.
Contaminação da Cerveja Belorizontina da Backer
Em 2020, a Polícia Civil começou a investigar a internação de várias pessoas após o consumo da cerveja Belorizontina da Backer, com sintomas de intoxicação. Descobriu-se que dez vítimas morreram e outras ficaram com sequelas devido à contaminação.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Cervejaria Três Lobos, responsável pela Backer, firmaram um acordo que previa o pagamento de R$ 500 mil para cada vítima e R$ 150 mil por familiar de primeiro grau.
Além disso, a cervejaria teve que arcar com os prejuízos causados por oportunidades e trabalhos perdidos devido à contaminação.
Posicionamento da Cervejaria
Em seu comunicado, a Cervejaria Três Lobos informou que o juiz de Direito da 23ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte/MG homologou o acordo de indenização.
A empresa se comprometeu a pagar a integralidade dos danos materiais, incluindo salários equivalentes ao último provento recebido pelas vítimas, além de custear todas as necessidades médicas e afins.
Devido às dívidas acumuladas, a Cervejaria Três Lobos, dona da marca Backer, teve seu pedido de recuperação judicial aceito pela 2ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte. As dívidas da empresa somavam aproximadamente R$ 55,5 milhões.
Apesar das adversidades, a Backer segue operando normalmente no mercado e mantém sua posição como uma das principais cervejarias do país. O acordo de indenização e o processo de recuperação judicial demonstram a determinação da empresa em superar os desafios e reconstruir sua imagem perante os consumidores.