Aneel anuncia manutenção da bandeira vermelha patamar 2 em setembro de 2025 e brasileiros terão conta de luz ainda mais cara com cobrança extra de R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos, impacto da estiagem nos reservatórios e alta da energia preocupa famílias e pressiona inflação acima da meta
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) confirmou na última sexta-feira (29) que a bandeira tarifária vermelha patamar 2 continuará em vigor durante o mês de setembro de 2025. A decisão significa que a conta de luz seguirá mais cara, com acréscimo de R$ 7,87 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
A medida reflete as condições climáticas desfavoráveis e os baixos níveis de armazenamento nos reservatórios das principais hidrelétricas do país. Com a menor geração de energia hídrica, cresce a necessidade de acionar usinas termelétricas, cujo custo de produção é mais elevado.
“As atuais condições de afluência dos reservatórios das usinas, abaixo da média, não são favoráveis para a geração hidrelétrica. Em consequência, há necessidade de maior acionamento de usinas termelétricas, com elevados custos de geração, o que justifica a manutenção da bandeira vermelha patamar 2 para setembro”, afirmou a Aneel em nota oficial.
O que significa a bandeira vermelha patamar 2
O sistema de bandeiras tarifárias foi criado para sinalizar ao consumidor as condições de geração de energia no país. Quando há chuva em quantidade adequada e os reservatórios estão cheios, aciona-se a bandeira verde, sem custos extras. Mas em cenários de estiagem, como o atual, entram em vigor bandeiras que representam cobrança adicional:
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🟩 Bandeira verde – sem cobrança extra.
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🟨 Bandeira amarela – acréscimo de R$ 18,85 por MWh (R$ 1,88 a cada 100 kWh).
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🟥 Bandeira vermelha patamar 1 – acréscimo de R$ 44,63 por MWh (R$ 4,46 a cada 100 kWh).
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🟥 Bandeira vermelha patamar 2 – acréscimo de R$ 78,77 por MWh (R$ 7,87 a cada 100 kWh).
Ou seja, a permanência da vermelha patamar 2 significa que as condições de geração estão muito desfavoráveis, com impacto direto no bolso do consumidor.
Quanto vai pesar no bolso
O valor adicional de R$ 7,87 pode parecer pequeno em uma conta básica de energia, mas para famílias de maior consumo, o impacto é significativo.
Exemplo prático:
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Uma família que consome 250 kWh por mês pagará R$ 19,67 a mais apenas em bandeira tarifária.
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Já um pequeno comércio que consome 1.000 kWh mensais terá acréscimo de R$ 78,70 na fatura.
Esse aumento ocorre em um contexto em que a própria Aneel já projeta reajuste médio de 6,3% nas tarifas de energia em 2025, percentual superior à inflação estimada pelo mercado financeiro, atualmente em 5,05%.
Inflação pressionada
Especialistas ouvidos por economistas e veículos de imprensa alertam que a energia elétrica tem peso relevante no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), utilizado como base para a meta de inflação.
O item “energia elétrica residencial” representa cerca de 4% da cesta de consumo das famílias. Ou seja, qualquer aumento impacta diretamente o custo de vida e pode puxar a inflação para cima, pressionando ainda mais a política monetária e os juros.
“O aumento das tarifas de energia preocupa porque não afeta apenas as famílias, mas também encarece a produção industrial, o comércio e os serviços. É um efeito em cascata”, explica o economista Saulo Moreira, especialista em finanças e contas públicas.
Conta de Desenvolvimento Energético (CDE): um dos vilões do aumento
Outro ponto que contribui para o encarecimento das contas de luz é o orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), um fundo setorial responsável por custear políticas públicas do setor elétrico, como subsídios a fontes renováveis, descontos para consumidores de baixa renda e compensações a concessionárias.
Para 2025, o orçamento da CDE foi fixado em R$ 49,2 bilhões, valor R$ 8,6 bilhões acima do previsto anteriormente. Esse aumento eleva a necessidade de repasses para as contas de energia de todos os brasileiros.
Em resumo: mesmo que a bandeira tarifária volte a ser verde no futuro, o peso da CDE garante que a conta de luz seguirá elevada ao longo de 2025.
Por que o Brasil depende tanto da chuva?
O Brasil possui uma matriz energética predominantemente hidráulica. Isso significa que mais de 60% da eletricidade gerada no país depende da água dos reservatórios.
Quando as chuvas ficam abaixo da média, os níveis de reservatórios caem, reduzindo a geração hidrelétrica e obrigando o governo a recorrer às termelétricas. Essas usinas funcionam com gás natural, carvão ou óleo diesel, que são bem mais caros e poluentes.
Esse modelo expõe o país a riscos constantes de tarifas elevadas em períodos de seca.
Como economizar na conta de luz durante a bandeira vermelha
Diante da continuidade da bandeira vermelha patamar 2, consumidores devem redobrar a atenção para evitar desperdícios. Algumas medidas simples podem gerar economia real:
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💡 Troque lâmpadas incandescentes por LED, que consomem até 80% menos energia.
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🔌 Tire aparelhos da tomada quando não estiverem em uso. O modo stand-by também consome energia.
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🧺 Use a máquina de lavar em ciclos cheios, evitando ligar várias vezes ao dia.
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❄️ Regule o ar-condicionado para temperaturas entre 23ºC e 25ºC. Cada grau a menos pode aumentar o consumo em até 7%.
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🍲 Evite abrir a geladeira com frequência e verifique a borracha de vedação da porta.
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🚿 Reduza o tempo de banho com chuveiro elétrico, que é um dos maiores vilões da conta.