Por décadas, o cheque foi símbolo de confiança e status nas transações financeiras. Ele representava a credibilidade de quem o emitia e o poder de compra de quem o recebia.
Porém, silenciosamente, essa forma de pagamento tradicional está dando lugar a uma realidade cada vez mais digital — e agora um dos maiores bancos do país confirmou o golpe final nessa transição.
Em 2025, o Bradesco anunciou oficialmente o fim dos cheques para pessoas físicas e microempreendedores individuais (MEIs). A decisão, que entrará em vigor em dezembro de 2025, marca uma mudança profunda na forma como milhões de brasileiros se relacionam com o dinheiro.
O comunicado do Bradesco que surpreendeu milhões de clientes
Pegando de surpresa parte de seus correntistas mais tradicionais, o Bradesco informou que a emissão de novos talões de cheque será encerrada para contas sem CNPJ. Na prática, isso significa que pessoas físicas e MEIs não poderão mais solicitar talões a partir do último mês de 2025.
Em nota, o banco explicou que a medida tem como objetivo “oferecer uma experiência bancária mais eficiente e condizente com o comportamento digital do consumidor moderno”.
A justificativa é clara. De acordo com a instituição financeira, com o avanço das transações via Pix, cartões e internet banking, o cheque se tornou um método obsoleto e de baixo uso.
A decisão reflete uma tendência irreversível. De acordo com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), o volume de cheques compensados despencou 96% desde 1995. O que antes era um instrumento essencial no dia a dia das famílias e empresas, hoje ocupa menos de 1% das operações financeiras no país.
Em contrapartida, o Pix revolucionou o sistema financeiro. Somente no segundo trimestre de 2025, o Brasil registrou 19,4 bilhões de transações via Pix, enquanto os cheques somaram apenas 35,8 milhões. A diferença é gigantesca — e explica o motivo pelo qual os bancos têm acelerado o processo de descontinuação desse meio de pagamento.
O que muda para quem ainda usa cheques
Os clientes que ainda possuem talões ativos poderão utilizá-los até o esgotamento das folhas. No entanto, não será mais possível pedir novos a partir de dezembro de 2025.
O Bradesco recomenda a migração para alternativas digitais, especialmente o Pix, que oferece transferências instantâneas e gratuitas, disponíveis 24 horas por dia, inclusive nos fins de semana e feriados.
Para quem precisa de uma forma de pagamento mais formal ou parcelada, o banco reforça o uso de cartões de crédito e débito, além das transferências via TED e DOC, que continuam disponíveis até a completa substituição pelo sistema Pix.
Empresas ainda poderão usar cheques do Bradesco?
A mudança não afetará todas as contas. As contas empresariais com CNPJ continuarão com acesso ao serviço de cheques, em especial para operações específicas que exigem esse instrumento, como transações entre empresas ou garantias contratuais.
Mesmo assim, o Bradesco adiantou que incentivará a migração gradual também no segmento corporativo, com foco em soluções de pagamento automatizadas e integração via sistemas financeiros digitais.
Tipos de cheques ainda disponíveis
Embora o fim esteja próximo, é importante entender quais tipos de cheques ainda circulam no sistema Bradesco:
Cheque administrativo: Emitido diretamente pelo banco em nome de um terceiro, com garantia de fundos. Costuma ser usado em transações de alto valor ou que exigem segurança adicional.
Cheque empresarial: Oferecido a empresas com necessidade de capital de giro, possui limite de crédito e um período de até 5 dias sem juros. Após esse prazo, são aplicados juros e IOF.
A tendência, no entanto, é que esses produtos também sejam gradualmente substituídos por alternativas digitais até 2026.
Depósito de cheques estará liberado?
Mesmo com o fim da emissão, o Bradesco manterá temporariamente as opções de depósito de cheques já emitidos.
Atualmente, o cliente pode:
Depositar pelo aplicativo Bradesco, enviando fotos da frente e do verso do cheque. O prazo de compensação é de até dois dias úteis, dependendo do horário do envio.
Depositar em caixas eletrônicos, com compensação em até um dia útil.
Esses serviços, porém, devem ser descontinuados nos anos seguintes, à medida que o uso do cheque cair para níveis residuais.
