O chefe da pasta econômica, Fernando Haddad (PT), declarou na última segunda (30) que aproximadamente 500 casas de apostas que não solicitaram regularização terão seus sites bloqueados na semana seguinte pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
“Do mesmo jeito que o X saiu do ar, essas empresas devem sair também, por falta de adequação a legislação aprovada pelo Congresso Nacional”, afirmou durante entrevista ao Jornal da CBN. “Se você tem dinheiro em casa de aposta, peça a restituição já”.
Haddad também mencionou que o governo está preparando o bloqueio de métodos de pagamento como cartões de crédito e cartão do Bolsa Família nos sites de apostas. Além disso, o ministério planeja monitorar a evolução dos prêmios por CPF de cada apostador.
“Quem aposta muito e ganha pouco está com dependência psicológica, quem aposta pouco e ganha muito está geralmente lavando dinheiro.”
A partir de janeiro de 2025, o uso de cartão de crédito para apostas será proibido, e as empresas do setor devem bloquear esse meio de pagamento já em 1º de outubro. O setor de cartões também considera antecipar a proibição.
O ministro da Fazenda informou que se reuniria na última terça-feira (1) com entidades do setor para discutir a publicidade das apostas, que estaria “descontrolada”.
Quando perguntado sobre a ideia de mostrar ao apostador quanto dinheiro já perdeu, Haddad foi além, sugerindo que, em alguns casos, familiares também deveriam ter acesso a essa informação.
Membros do governo adotam uma postura mais rigorosa contra as apostas desde que o Banco Central revelou que beneficiários do Bolsa Família que fazem apostas online gastaram R$ 3 bilhões em apostas via Pix em agosto. Esse valor representa 20% do total repassado pelo programa no mês.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, também informou que o valor médio das transferências para sites de apostas online aumentou mais de 200% este ano, já afetando os níveis de inadimplência.
Em Nova York, Lula expressou forte descontentamento a seus assessores ao se deparar com o impacto das apostas nas finanças dos mais vulneráveis. Haddad já havia comparado o problema das apostas à pandemia, em declaração aos jornalistas na última sexta-feira (27).
Membros do governo alertam para a necessidade de cautela para evitar estigmatizar os beneficiários do Bolsa Família durante as discussões sobre medidas para conter o aumento das apostas no país. O assunto deve ser abordado com o presidente na quarta-feira (2), após seu retorno do México.
A preocupação com o impacto das apostas na população de baixa renda tem ganhado destaque no governo. As autoridades buscam equilibrar a necessidade de regulamentação com a proteção dos cidadãos mais vulneráveis, evitando criar estigmas adicionais.
O debate sobre as medidas adequadas continua, com a expectativa de decisões importantes na próxima reunião presidencial.
