Em 2026, milhões de famílias que dependem do Bolsa Família podem perder o benefício se não cumprirem algumas regras básicas. O programa, que garante um valor mínimo mensal de R$ 600, segue critérios rígidos de renda e de acompanhamento social e devem ser cumpridos com muita responsabilidade.
Antes de mais nada, é importante entender que o Bolsa Família não é automático: ele depende de uma série de obrigações contínuas. A seguir, veja em detalhes como cada uma dessas ações pode resultar no fim do benefício.
1. Falta de atualização do CadÚnico
O CadÚnico é o principal instrumento do Governo Federal para identificar famílias em situação de vulnerabilidade. Nele, constam informações sobre renda, moradia, escolaridade, saúde e composição familiar.
Prazo de atualização
As famílias devem atualizar seus dados a cada 24 meses — ou sempre que houver mudanças significativas, como:
- nascimento ou morte de um membro da família;
- mudança de endereço;
- alteração de renda;
- casamento ou separação.
Consequências da falta de atualização
Quando o sistema do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS) detecta cadastros desatualizados, ele inicia um processo em etapas:
- Averiguação Cadastral – a família é notificada pelo Caixa Tem, aplicativo CadÚnico ou mensagem SMS;
- Bloqueio temporário – se não houver atualização dentro do prazo;
- Suspensão e cancelamento definitivo – se o problema persistir.
Em 2025, o governo bloqueou milhares de benefícios devido a dados inconsistentes. Portanto, manter o cadastro atualizado é essencial para garantir o recebimento contínuo dos R$600 mensais.
2. Descumprimento das condicionalidades de saúde e educação
O Bolsa Família exige o cumprimento de compromissos sociais — conhecidos como condicionalidades — que visam assegurar o bem-estar e o desenvolvimento das crianças e adolescentes das famílias atendidas.
Na área da educação
Crianças e jovens precisam frequentar a escola com regularidade:
- 60% de frequência para alunos de 4 a 5 anos;
- 75% de frequência para alunos de 6 a 17 anos.
As escolas informam mensalmente a frequência ao sistema do governo.
Faltas constantes geram um histórico de descumprimento e iniciam o seguinte processo:
- Advertência ao responsável;
- Bloqueio de um mês em caso de reincidência;
- Suspensão por dois meses se o problema persistir;
- Cancelamento do benefício em situações de descumprimento contínuo.
A intenção não é apenas punir, mas garantir o direito à educação, um dos pilares do programa.
Na área da saúde
As famílias também precisam seguir o acompanhamento médico obrigatório:
- Vacinação completa das crianças e adolescentes;
- Acompanhamento nutricional (peso e altura);
- Pré-natal das gestantes;
- Consulta periódica para mães e bebês.
O não comparecimento às unidades de saúde pode gerar advertências e bloqueios progressivos. Essas exigências são fundamentais para que o programa cumpra seu papel social de romper o ciclo da pobreza, garantindo educação e saúde às novas gerações.
3. Aumento da renda familiar acima do limite permitido
O Bolsa Família é voltado exclusivamente às famílias em situação de pobreza e extrema pobreza. A renda familiar por pessoa não pode ultrapassar R$ 218 mensais.
Critério de entrada e permanência
Extrema pobreza: renda de até R$ 218 por pessoa;
Regra de Proteção: renda entre R$ 218 e R$ 706 por pessoa (valor de referência em 2025, ajustado anualmente).
Caso a renda familiar ultrapasse o limite de R$ 218, a família pode entrar na Regra de Proteção, que funciona como uma fase de transição.
Durante até 12 meses, a família continua recebendo 50% do valor do benefício — cerca de R$ 300 — para facilitar a adaptação financeira, especialmente quando um dos membros começa a trabalhar com carteira assinada.
Quando o benefício é cancelado de fato
O cancelamento ocorre quando:
- a renda por pessoa ultrapassa R$ 706, ou
- após o fim do período de 12 meses da Regra de Proteção.
A ideia é evitar que famílias fiquem dependentes do programa, mas também impedir que percam o auxílio imediatamente após melhorar de vida.
Como o governo fiscaliza essas situações
O MDS e a Caixa Econômica Federal cruzam informações constantemente com bases como:
- Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS);
- Receita Federal;
- Ministério da Educação;
- Ministério da Saúde.
Esse cruzamento permite identificar:
- vínculos empregatícios recentes;
- rendimentos não declarados;
- matrícula escolar inativa;
- ausência em campanhas de vacinação e acompanhamento médico.
A cada ano, milhões de famílias passam por revisões automáticas, conhecidas como pente-fino do Bolsa Família, para verificar se continuam dentro dos critérios de elegibilidade.
Alertas e notificações aos beneficiários
Os beneficiários são avisados sobre qualquer irregularidade pelos seguintes canais:
- Aplicativo Caixa Tem;
- App Bolsa Família;
- Mensagem SMS do número 28041;
- Aviso impresso no extrato bancário.
Essas comunicações orientam o cidadão a procurar o CRAS mais próximo e regularizar a situação dentro do prazo. Ignorar essas notificações pode resultar em bloqueio ou cancelamento definitivo.
Por que manter o CadÚnico atualizado é essencial
O Cadastro Único é usado não apenas pelo Bolsa Família, mas também por programas como:
- Tarifa Social de Energia Elétrica (desconto na conta de luz);
- Minha Casa, Minha Vida;
- Auxílio Gás (ou novo Gás do Povo);
- Benefício de Prestação Continuada (BPC);
- Pé-de-Meia e outros programas educacionais.
Ou seja, quem deixa o CadÚnico desatualizado pode perder mais de um benefício ao mesmo tempo. Por isso, os especialistas orientam que as famílias atualizem seus dados sempre que houver qualquer mudança, mesmo pequena.
O que fazer em caso de bloqueio ou suspensão
Se o benefício for bloqueado ou suspenso, o beneficiário deve:
- Procurar o CRAS do município com documentos atualizados de todos os membros da família;
- Solicitar a revisão cadastral ou o recurso administrativo, conforme o motivo do bloqueio;
- Acompanhar o status pelo app Bolsa Família ou Caixa Tem.
O retorno do pagamento costuma ocorrer no mês seguinte, após a regularização. Porém, se o cancelamento for definitivo, o cidadão precisa refazer todo o processo de inscrição no CadÚnico, passando novamente pela avaliação de renda e vulnerabilidade.
