Nem R$1.518, nem R$1.631: Valor ideal do salário mínimo para brasileiros é finalmente conhecido

O valor atual do salário mínimo brasileiro, fixado em R$ 1.518,00, segue distante das necessidades reais da maioria das famílias. Embora o governo federal tenha projetado um aumento para R$ 1.631,00 em 2026, especialistas afirmam que esse reajuste ainda não garante condições básicas de vida digna.

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o salário mínimo necessário para suprir adequadamente alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, transporte e lazer de uma família de quatro pessoas — dois adultos e duas crianças — deveria ser de R$ 7.156,15 em 2025.

Esse cálculo, feito com base em dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), evidencia a defasagem histórica entre o piso legal e o custo real de vida no país.

Diferença que vai além dos números

A princípio, o reajuste previsto para 2026 representa um avanço nominal de R$ 113,00 em relação ao valor atual. No entanto, quando comparado ao que o DIEESE considera o “mínimo necessário”, a diferença ultrapassa R$ 5.500,00.

Esse hiato mostra que, mesmo com aumentos anuais, o salário mínimo brasileiro não acompanha o ritmo da inflação nem o crescimento dos custos básicos.

Em outras palavras, o trabalhador que vive com o salário mínimo precisa escolher entre pagar o aluguel ou garantir uma alimentação adequada. O impacto recai sobre o consumo, a qualidade de vida e até a saúde mental dos brasileiros.

Quanto será o salário mínimo em 2026

O governo federal prevê que o salário mínimo de 2026 será fixado em R$ 1.631,00, conforme o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) enviado ao Congresso.

O cálculo segue a nova política de valorização retomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que considera a soma da inflação medida pelo INPC mais o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores.

Apesar da valorização, o piso segue muito abaixo do patamar considerado suficiente para cobrir despesas básicas. Em termos reais, o aumento de cerca de 7,4% em relação a 2025 mal compensa o encarecimento de itens essenciais como alimentação e energia elétrica.

O que diz o DIEESE sobre o valor ideal

O DIEESE calcula mensalmente o valor do salário mínimo necessário com base na Constituição Federal de 1988, que estabelece que a remuneração deve ser suficiente para atender às necessidades de uma família de quatro pessoas.

Em agosto de 2025, o valor calculado foi de R$ 7.147,91, apenas R$ 8 a menos que a nova estimativa de setembro. Esse dado reforça que, apesar das variações sazonais, o custo de vida permanece elevado e praticamente inalcançável para quem ganha o piso nacional.

O instituto também alerta que o aumento de preços de alimentos, aluguel e transporte urbano pressiona ainda mais os orçamentos familiares, reduzindo o poder de compra de trabalhadores, aposentados e pensionistas.

Por que o cálculo precisa ser repensado

A fórmula de correção do salário mínimo — inflação + PIB — é importante para garantir reajustes acima da reposição inflacionária. No entanto, ela não considera as desigualdades regionais e o acúmulo de defasagens históricas.

O Brasil é um país de dimensões continentais, e o custo de vida em capitais como São Paulo ou Brasília é muito superior ao de cidades menores. Ainda assim, o salário mínimo é uniforme em todo o território nacional.

A princípio, essa uniformidade busca promover equidade, mas na prática, cria uma distorção: em muitas regiões, o trabalhador precisa de mais que o dobro do piso oficial para garantir o básico.

Além disso, o aumento do salário mínimo sem uma política fiscal coordenada impacta diretamente os orçamentos públicos e empresariais, o que explica parte da resistência em adotar correções mais robustas.

A distância entre o real e o ideal

Segundo economistas, a defasagem entre o salário ideal e o salário real brasileiro não é apenas resultado de inflação acumulada, mas também de políticas econômicas que priorizam o equilíbrio fiscal em detrimento do poder de compra.

Em outras palavras, o piso é definido a partir da capacidade do Estado de pagar aposentadorias e benefícios vinculados, e não do custo de vida efetivo da população.

Por isso, o DIEESE defende que o debate sobre o salário mínimo vá além da simples recomposição anual, passando por uma reforma estrutural que leve em conta fatores sociais, regionais e familiares.

Enquanto isso, trabalhadores seguem tentando equilibrar as contas com rendas cada vez mais pressionadas pelo aumento dos preços e pela informalidade.

Ester Farias

Ester Farias

Ester Santos Farias, 24 anos, é uma profissional apaixonada pela escrita e pelo universo jurídico. Graduanda em Direito, ela combina sua formação acadêmica com uma sólida experiência como redatora web.Com mais de seis anos de atuação no mercado digital, Ester se especializou na produção de conteúdos sobre benefícios sociais, direitos trabalhistas e direito previdenciário, tornando temas como INSS e BPC mais acessíveis e compreensíveis. Sua dedicação à escrita se reflete na precisão e qualidade dos textos, consolidando sua reputação como referência na produção e revisão de materiais voltados para o público online.Sempre em busca de aprimoramento, Ester alia sua expertise em redação à base jurídica adquirida na graduação. Seu trabalho é guiado pelo compromisso de informar e esclarecer, garantindo que o acesso à informação seja um direito de todos.