Fila do INSS bate recorde e deixa milhões de brasileiros na espera
O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) atingiu em setembro de 2025 o maior número de pedidos pendentesda história recente. O órgão registrou 2,778 milhões de requerimentos aguardando análise, de acordo com o Boletim Estatístico da Previdência Social divulgado nesta quarta-feira (5).
A princípio, esses pedidos incluem aposentadorias, pensões, auxílios e benefícios assistenciais, como o BPC (Benefício de Prestação Continuada). O número mais que dobrou em comparação com setembro de 2024, quando havia 1,086 milhão de solicitações em espera.
Em primeiro lugar: fila cresce sem interrupção desde dezembro no INSS
Antes de mais nada, é importante destacar que o aumento da fila não começou agora. Em dezembro de 2024, o número de pedidos ultrapassou 2 milhões, e desde então a fila só cresceu. Em março deste ano, o INSS já registrava 2,707 milhões de solicitações.
Ou seja, mesmo após nove meses, o problema se agravou. Entre agosto e setembro, o salto foi de 5,5%, com 151 mil novos pedidos em apenas um mês.
Falta de orçamento e de servidores trava o sistema
O governo federal prometeu em setembro reduzir o tempo de espera para até 45 dias por meio do Programa de Enfrentamento à Fila da Previdência. A meta, entretanto, não se cumpriu.
A saber, em outubro, o próprio INSS suspendeu o programa temporariamente por falta de orçamento. Sem recursos, os mutirões que pagavam horas extras aos servidores foram interrompidos. Essa paralisação reduziu o número de análises concluídas por mês e, consequentemente, ampliou a fila.
Além disso, o órgão enfrenta déficit de servidores e uma estrutura tecnológica defasada, o que torna o processo de análise mais lento. O resultado é um tempo médio de concessão de 48 dias, praticamente o mesmo de meses anteriores, sem qualquer avanço.
Mutirões e metas paralisadas
O plano do governo previa mutirões de análise fora do horário normal, inclusive aos fins de semana, para tentar cumprir o prazo acordado com o Tribunal de Contas da União (TCU).
Contudo, sem o pagamento das horas extras, muitos servidores deixaram de participar. Em conclusão, a produção caiu drasticamente e a meta de 45 dias passou a ser inviável.
Ou seja, a fila continuará aumentando se o Ministério da Fazenda não liberar recursos adicionais para o programa.
INSS mantém 41 milhões de benefícios ativos
Apesar da fila recorde, o INSS continua pagando um número expressivo de benefícios. Em setembro, o órgão transferiu R$ 73,4 bilhões a 41,3 milhões de beneficiários em todo o país.
Esses valores incluem aposentadorias, pensões, auxílios e o BPC. A movimentação financeira é vital para a economia brasileira, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde o benefício do INSS representa a principal fonte de renda de milhares de famílias.
Por que o número de pedidos disparou
O aumento acelerado tem explicações concretas. Em primeiro lugar, o represamento de pedidos durante a pandemia de 2020 a 2022 ainda causa efeitos no sistema. Muitos processos só foram reativados em 2024.
Em segundo lugar, o envelhecimento da população e o fim de regras de transição da Reforma da Previdência aumentaram a procura por aposentadorias.
Por fim, a falta de pessoal e de modernização tecnológica faz com que o INSS demore para processar as solicitações. Atualmente, o instituto opera com menos de 60% do quadro efetivo, o que inviabiliza a agilidade prometida.
Meta de 45 dias está ameaçada
Em tese, o prazo de 45 dias foi estabelecido para garantir eficiência no atendimento ao cidadão. No entanto, na prática, o órgão enfrenta entraves administrativos e orçamentários.
A saber, os servidores que participavam dos mutirões recebiam gratificação extra, mas sem o pagamento, as horas adicionais deixaram de ser realizadas. Dessa forma, o gargalo voltou a crescer.
Ou seja, enquanto o governo não restabelecer o programa, dificilmente o prazo será cumprido, e novos pedidos continuarão se acumulando.
Como consultar o andamento do seu benefício
Enquanto o impasse persiste, o cidadão pode acompanhar o status de seu pedido pelos canais oficiais do INSS, que funcionam 24 horas por dia.
1. Meu INSS (Portal e Aplicativo)
O Meu INSS é o canal mais completo e rápido.
Como acessar:
Baixe o aplicativo Meu INSS (disponível na Google Play e App Store) ou acesse meu.inss.gov.br.
Faça login com o CPF e senha Gov.br. Caso ainda não tenha, é possível criar uma conta rapidamente.
Serviços disponíveis:
Consultar o extrato de pagamento, inclusive do 13º salário.
Simular aposentadoria.
Verificar vínculos e salários no CNIS.
Solicitar benefícios e acompanhar o andamento dos pedidos.
Agendar e consultar perícias médicas.
Ou seja, pelo portal ou aplicativo, é possível resolver a maioria das pendências sem sair de casa.
2. Central de Atendimento 135
Outra opção é ligar para o número 135, de segunda a sábado, das 7h às 22h.
O serviço permite consultar pagamentos, confirmar agendamentos e tirar dúvidas diretamente com um atendente.
Antes de mais nada, tenha em mãos o CPF e o número do benefício (NB), caso já possua. O atendimento é gratuito e acessível de qualquer telefone.
3. Atendimento presencial nas agências
Por fim, o atendimento presencial continua disponível, mas é necessário agendar previamente pela Central 135 ou pelo aplicativo.
Essa opção é indicada para casos que exigem entrega de documentos físicos ou realização de perícias médicas.
Em conclusão, o cidadão que tentar ir diretamente à agência sem agendamento não será atendido, salvo em situações emergenciais.
Governo promete novas medidas
O governo estuda retomar o Programa de Enfrentamento à Fila até o fim do ano, mas depende da liberação de verba adicional. A prioridade, segundo o INSS, será analisar casos mais urgentes, como auxílios por incapacidade temporária e pensões por morte.
Antes de mais nada, o Ministério da Previdência afirma que busca alternativas para automatizar parte dos processos e reduzir a necessidade de perícias presenciais.
Por fim, a população espera que as promessas se transformem em ação, já que cada dia de espera representa um impacto direto na renda de milhões de brasileiros que dependem do INSS para sobreviver.
