Um novo alerta da Serasa revelou que o Brasil ultrapassou a marca de 78 milhões de inadimplentes em 2025. O valor médio das dívidas por pessoa já chega a R$ 6.267,69, um número que mostra o impacto da crise financeira no orçamento das famílias.
Com o objetivo de facilitar a renegociação de débitos, entidades públicas e privadas se uniram em ações nacionais de conciliação e mutirões de negociação. O foco é ajudar os consumidores a limparem o nome e retomarem o controle da vida financeira.
Semana Nacional da Conciliação: solução rápida para quem está na Justiça
Entre os dias 3 e 7 de novembro, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) promove a Semana Nacional da Conciliação, que reúne tribunais de todo o país. O evento busca resolver conflitos judiciais de forma rápida e amigável, sem necessidade de longas audiências.
O CNJ informou que os tribunais estão selecionando processos com chance de acordo, intimando consumidores e empresas para participar das audiências. A conciliação é uma forma de evitar que o processo se arraste, poupando tempo e dinheiro para as partes envolvidas.
Segundo o órgão, o foco são os casos processuais, ou seja, ações que já tramitam na Justiça. No entanto, há também a modalidade pré-processual, destinada a quem deseja resolver o conflito antes de entrar com processo judicial.
Essa versão permite que as partes negociem diretamente com o apoio de conciliadores e mediadores, em busca de uma solução mais rápida e menos burocrática. Para participar, basta procurar o tribunal responsável pelo processo e solicitar a inclusão na pauta da Semana Nacional da Conciliação.
Mutirão de negociação bancária: descontos e juros reduzidos
Além da ação do CNJ, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) lançou um mutirão nacional de negociação de dívidas que começa em 1º de novembro. A iniciativa reúne mais de 160 instituições financeiras, com apoio do Banco Central, Senacon e Procons estaduais.
Durante o mutirão, clientes poderão renegociar dívidas de cartão de crédito, cheque especial, empréstimos pessoais e consignados — desde que não haja bens dados em garantia nem pendências prescritas.
Cada banco terá condições próprias de renegociação, que podem incluir:
- Descontos expressivos no valor total da dívida; 
- Redução de juros e encargos; 
- Parcelamento facilitado; 
- Prazo estendido para pagamento. 
A Febraban reforça que o objetivo é oferecer condições reais para quem quer sair do vermelho, priorizando acordos sustentáveis e evitando o endividamento futuro.
Como participar do mutirão e negociar suas dívidas
As negociações poderão ser feitas diretamente nos canais oficiais das instituições participantes ou no portal.
Para acessar o sistema, é necessário ter uma conta nível prata ou ouro no Gov.br. Após o login, o consumidor pode:
- Selecionar o banco ou empresa credora; 
- Descrever o problema ou tipo de dívida; 
- Aguardar a resposta da instituição, que deve propor uma solução dentro do prazo legal. 
As condições variam conforme o tipo de dívida e o tempo de atraso, mas em muitos casos é possível negociar descontos de até 90% em campanhas específicas, como já ocorreu em edições anteriores.
Superendividados terão atendimento especial
De acordo com a Febraban, pessoas consideradas superendividadas — ou seja, com compromissos financeiros que superam sua capacidade de pagamento — terão um fluxo de atendimento diferenciado.
Nesses casos, o processo envolve avaliação completa das dívidas e apoio direto dos Procons para elaborar um plano personalizado de pagamento. A medida segue o que determina a Lei do Superendividamento (Lei nº 14.181/2021), que garante ao cidadão o direito de tentar renegociar todos os débitos de forma coletiva e justa.
O Procon de cada estado será responsável por intermediar as negociações e orientar o consumidor sobre os direitos previstos em lei, evitando práticas abusivas e contratos que comprometam o mínimo necessário para subsistência.
Serasa e a corrida para limpar o nome antes do fim do ano
Paralelamente às ações do CNJ e da Febraban, a Serasa mantém em funcionamento o programa “Serasa Limpa Nome”, que permite quitar dívidas com descontos de até 99%.
A plataforma está disponível no site e no aplicativo da Serasa, onde o consumidor pode:
- Consultar gratuitamente o CPF; 
- Ver todas as dívidas registradas; 
- Escolher a melhor proposta de pagamento; 
- Emitir o boleto ou realizar o pagamento via Pix. 
O objetivo é permitir que os brasileiros cheguem ao fim de 2025 com o nome limpo, evitando restrições no crédito e melhorando o score financeiro.
Segundo a empresa, mais de 12 milhões de acordos foram fechados nos últimos meses, totalizando bilhões de reais em dívidas renegociadas.
Por que a inadimplência está tão alta no Brasil
Economistas apontam que o aumento da inadimplência está diretamente ligado ao endividamento das famílias, impulsionado pela alta dos juros e pela queda do poder de compra.
Mesmo com a redução gradual da taxa Selic, o crédito no país ainda é considerado caro, especialmente nas modalidades de cartão de crédito rotativo e cheque especial, que chegam a superar 400% ao ano.
Outro fator é o crescimento das compras parceladas, especialmente no comércio eletrônico, que levam o consumidor a acumular prestações em diferentes vencimentos, comprometendo a renda mensal.
Para especialistas, a educação financeira e as ferramentas de renegociação digital são essenciais para reverter esse cenário. Plataformas como Serasa, Procon Digital e Consumidor.gov.br permitem acordos mais transparentes e com menos burocracia, ajudando a reconstruir o histórico de crédito.
Mutirões podem movimentar bilhões e reduzir ações na Justiça
A expectativa das entidades envolvidas é que as ações de novembro movimentem bilhões de reais em acordos, além de reduzir significativamente o número de ações judiciais de cobrança.
O CNJ estima que, apenas durante a Semana Nacional da Conciliação, milhares de processos poderão ser encerrados por meio de acordos diretos entre credor e devedor, o que desafoga o sistema judiciário e traz benefícios para ambas as partes.
Já a Febraban calcula que o mutirão bancário pode alcançar milhões de consumidores em todo o país, com descontos históricos e renegociações digitais simplificadas.
A hora de agir
Com as oportunidades abertas em novembro, especialistas recomendam não deixar para depois. Renegociar dívidas agora pode significar entrar em 2026 com o CPF limpo e com novas chances de acesso ao crédito.
Além de evitar restrições, regularizar pendências financeiras permite melhorar o score, voltar a financiar bens e reorganizar o orçamento familiar — algo fundamental em um país onde cada pessoa deve, em média, R$ 6.267,69, segundo a Serasa.
 
			 
			
