No cenário econômico de 2025, um anúncio do Governo do Paraná chamou a atenção de trabalhadores e empregadores de todo o país.
Um decreto publicado em abril trouxe novas faixas salariais para o piso regional do estado, elevando o salário mínimo pago a diversas categorias profissionais, em especial, trabalhadores domésticos e do setor de serviços.
A notícia chegou em um momento de recuperação econômica, quando o aumento do custo de vida vinha pressionando os orçamentos familiares.
Muitos esperavam apenas uma correção modesta, mas o governo estadual adotou um índice de reajuste superior ao nacional, o que fez com que o Paraná passasse a liderar entre os estados com os maiores pisos regionais do Brasil.
Reajuste acima do piso nacional beneficia milhares de trabalhadores
O governador Ratinho Junior assinou o decreto que estabeleceu as quatro faixas do salário mínimo regional do Paraná, em vigor desde abril de 2025.
Entre as categorias contempladas, os trabalhadores domésticos em geral tiveram o maior destaque, passando a receber R$ 2.057,59 — um valor 36% superior ao piso nacional, que é de R$ 1.518.
O Governo do Estado informou que o cálculo levou em consideração dois fatores principais:
- O reajuste do salário mínimo nacional de janeiro de 2025;
- A variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que acumulou alta de 3,71% no período.
Segundo o governo, o objetivo é manter o poder de compra dos trabalhadores paranaenses e acompanhar o custo de vida mais elevado na região Sul, sem desestimular a geração de empregos formais.
As quatro faixas do piso regional do Paraná em 2025
Com o novo decreto, o piso regional do Paraná passa a ser dividido em quatro faixas, conforme a categoria profissional. Veja os novos valores:
- Primeira faixa – de R$ 1.856,94 para R$ 1.984,16
Abrange trabalhadores agropecuários, florestais e da pesca. - Segunda faixa – de R$ 1.927,02 para R$ 2.057,59
Inclui trabalhadores de serviços administrativos, domésticos, vendedores do comércio e profissionais de reparação e manutenção. - Terceira faixa – de R$ 1.989,86 para R$ 2.123,42
Destinada aos trabalhadores da produção de bens e serviços industriais. - Quarta faixa – de R$ 2.134,88 para R$ 2.275,36
Voltada para técnicos de nível médio.
O governo ressaltou que o piso regional não se aplica a categorias com salários definidos em lei federal, convenção ou acordo coletivo, conforme informações oficiais.
O que é o salário mínimo regional e por que ele existe
Poucos trabalhadores sabem, mas o salário mínimo regional é uma política adotada por alguns estados brasileiros com base na Lei Complementar nº 103/2000.
Essa lei permite que os estados fixem pisos salariais superiores ao salário mínimo nacional, de modo a garantir rendimentos mais adequados ao custo de vida local.
Na prática, o piso regional:
- Serve de referência para trabalhadores sem convenção coletiva de trabalho;
- Não substitui acordos sindicais ou leis específicas;
- É definido por decreto estadual, geralmente após consulta ao Conselho Estadual do Trabalho.
Atualmente, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo são os estados que mantêm pisos regionais em vigor.
No caso do Paraná, o modelo é visto como uma forma de valorizar o trabalhador e reduzir desigualdades salariais, mas também é alvo de críticas por parte de empregadores de micro e pequenas empresas, que afirmam enfrentar aumento de custos com folha de pagamento.
Diferença entre o piso regional e o salário mínimo nacional
Enquanto o piso nacional é definido pelo governo federal e vale para todos os trabalhadores do país, o piso regional é uma política estadual, que busca adequar os salários ao custo de vida local.
O valor nacional, atualmente de R$ 1.518,00, funciona como patamar mínimo universal. Já o piso regional atua como uma referência superior, aplicada apenas a categorias não contempladas por acordos coletivos.
Ou seja, um trabalhador doméstico em São Paulo ou no Paraná pode receber valores diferentes, mesmo exercendo a mesma função, justamente por conta das diferenças regionais de custo de vida e legislação estadual.
Expectativa para o salário mínimo nacional de 2026
O governo federal já apresentou na Proposta de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026 a projeção de R$ 1.631,00 para o novo salário mínimo nacional.
O reajuste segue a nova política de valorização do salário mínimo, que combina dois componentes:
Inflação acumulada – Correção pelo INPC dos 12 meses anteriores, estimado em 4,78% até novembro de 2025.
Ganho real – Crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes (neste caso, 2024), calculado em 3,4%, mas limitado a 2,5% pela regra vigente.
Com isso, o aumento nominal total previsto é de 7,44% sobre o piso atual de R$ 1.518. Embora ainda dependa de aprovação do Congresso Nacional, o valor projetado de R$ 1.631,00 já serve de referência para o planejamento econômico e previdenciário de 2026.
