Brasileiros vão receber de volta valores da Caixa, Banco do Brasil, Itaú, Nubank, Bradesco e outros bancos após decreto do Banco Central
Milhões de brasileiros podem ter dinheiro esquecido em bancos e não sabem. O Banco Central (BC) informou oficialmente que R$ 10,46 bilhões continuam disponíveis para devolução a pessoas físicas e jurídicas em todo o país.
O montante faz parte do Sistema de Valores a Receber (SVR), ferramenta criada pelo BC para devolver recursos que ficaram parados em instituições financeiras ao longo dos anos.
Segundo o órgão, os valores são provenientes de contas encerradas com saldo, tarifas cobradas indevidamente, cotas de consórcios, seguros, fundos e outras operações financeiras.
Distribuição dos valores entre pessoas e empresas
De acordo com o balanço atualizado, R$ 8,08 bilhões pertencem a 48,4 milhões de pessoas físicas.
Outros R$ 2,37 bilhões estão registrados em nome de 4,56 milhões de empresas.
O Banco Central destacou que a devolução desses recursos depende da iniciativa de cada cidadão ou empresa. Ou seja, quem não consultar o sistema e solicitar o resgate não receberá o dinheiro automaticamente.
Bancos com valores esquecidos
O sistema do BC reúne informações de praticamente todas as instituições financeiras que operam no país.
Entre os bancos com maiores volumes de recursos esquecidos estão:
Caixa Econômica Federal
Banco do Brasil (BB)
Bradesco
Itaú Unibanco
Santander
Nubank
Banco Inter
C6 Bank
BTG Pactual
Sicoob e Sicredi (cooperativas de crédito)
Esses valores podem estar associados a contas inativas, saldos residuais de empréstimos, tarifas cobradas indevidamente e até cotas de consórcios encerrados.
Consulta oficial no site do Banco Central
Para saber se há dinheiro a receber, o único canal oficial é o site https://valoresareceber.bcb.gov.br.
É importante não clicar em links recebidos por e-mail, redes sociais ou WhatsApp, já que golpistas utilizam páginas falsas para roubar dados.
O passo a passo é simples:
Acesse o site oficial do Banco Central.
Informe o número do CPF ou CNPJ.
O sistema indicará se há valores disponíveis.
Caso positivo, será necessário fazer login com a conta Gov.br (nível prata ou ouro).
O site informará quais instituições possuem valores a devolver e como solicitar o resgate.
Forma de recebimento: chave PIX obrigatória
O Banco Central determinou que a devolução seja feita exclusivamente via PIX, como medida de segurança e agilidade.
Assim, quem possui valores a receber deve cadastrar uma chave PIX válida (CPF, e-mail, celular ou aleatória) antes de solicitar o saque.
Se o usuário não tiver chave PIX cadastrada, há duas opções:
Entrar em contato diretamente com o banco e combinar outra forma de devolução;
Criar uma chave PIX, retornar ao site e refazer o pedido.
O BC reforça que não há limite de valor mínimo para devolução, podendo variar de centavos a milhares de reais, dependendo da origem do crédito.
Valores a receber de pessoas falecidas
O sistema também permite consultar valores deixados por pessoas falecidas.
Nesse caso, a pesquisa deve ser feita com o CPF do titular, e a solicitação só pode ser feita por:
Herdeiros legais,
Inventariantes,
Testamentários ou
Representantes legais.
Será necessário preencher um termo de responsabilidade, além de apresentar documentos que comprovem o vínculo com o falecido.
Após a consulta, o responsável deve entrar em contato com o banco indicado para seguir os procedimentos específicos de cada instituição.
Decretos e garantias do Banco Central
O novo decreto do Banco Central garante que não há mais prazo-limite para resgatar os valores esquecidos.
Antes, o sistema previa um encerramento em 16 de outubro de 2024, mas essa limitação foi retirada.
Agora, os recursos permanecem disponíveis por tempo indeterminado, até que o titular ou seus representantes legais solicitem o saque.
O Ministério da Fazenda confirmou que os valores não prescrevem, ou seja, continuarão disponíveis mesmo após anos de inatividade.
Essa mudança busca facilitar o acesso de brasileiros que perderam o prazo anterior ou não sabiam da existência do sistema.
Quantia já devolvida desde o início do programa
Desde o lançamento do Sistema de Valores a Receber, em 2022, o Banco Central já devolveu R$ 11,74 bilhões aos correntistas.
Mais de 21 milhões de pedidos foram processados com sucesso.
Os números mostram que milhões de brasileiros ainda não consultaram o sistema, mesmo com a ampla divulgação feita pelo governo e pelos bancos.
Segundo o BC, grande parte dos valores esquecidos está abaixo de R$ 10, mas há também casos de devoluções que ultrapassam R$ 100 mil, especialmente em contas empresariais e antigas cotas de consórcios.
Segurança e prevenção contra golpes
Com o aumento de buscas, o Banco Central reforçou o alerta contra fraudes.
Sites falsos, mensagens no WhatsApp e perfis de redes sociais que prometem adiantar ou liberar valores são fraudulentos.
O único meio de consulta é o site oficial do Banco Central.
Nenhuma instituição está autorizada a cobrar taxas, antecipações ou cadastros para liberar o dinheiro.
O BC orienta os cidadãos a verificarem o domínio do site, que deve terminar em “.bcb.gov.br”, e nunca fornecer senhas bancárias fora dos canais oficiais.
Como agir após descobrir um valor a receber
Depois de confirmar a existência de valores, o cidadão deve:
Fazer login com a conta Gov.br no site do BC.
Conferir o nome da instituição financeira responsável.
Verificar se a devolução é automática via PIX.
Caso o banco exija contato direto, seguir as instruções indicadas.
A devolução costuma ocorrer em até 12 dias úteis após o pedido.
O sistema envia uma confirmação da transferência via Gov.br ou por mensagem do banco responsável.
Expectativas para 2025 e novas inclusões
O Banco Central estuda ampliar o escopo do sistema em 2025, incluindo valores de cooperativas de crédito, administradoras de consórcios antigos, fintechs e carteiras digitais.
A medida visa facilitar o acesso de milhões de usuários de bancos digitais, como Nubank, Inter e C6 Bank, que cresceram nos últimos anos.
Além disso, o BC pretende criar um alerta automático no aplicativo Gov.br, notificando o cidadão sempre que houver novo valor a receber.
Com isso, o sistema ficará mais acessível e transparente, evitando que o dinheiro esquecido continue parado.